‘Vikings: Valhalla’ traz elementos da série original em trama envolvente
Derivado de “Vikings”, série tem primeira temporada disponível na Netflix
Quem curte séries com temas históricos provavelmente deve conhecer “Vikings”. Criada e escrita por Michael Hirst, a trama gira em torno dos navegadores nórdicos que exploram e tentam conquistar novos territórios na era medieval, como o grande guerreiro Ragnar Lothbrok (Travis Fimmel), que vive com sua família seguindo as tradições nórdicas e sendo devotos de deuses. Sucesso entre o público, o seriado foi ao ar entre 2013 e 2020 e ganhou um derivado este ano, intitulado “Vikings: Valhalla”.
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Existe uma sombra nas histórias que se derivam de outras já conhecidas e bem-sucedidas, uma cobrança, uma comparação de que não será tão boa como a antecessora. Isso depende: “Better Call Saul” é um exemplo de série tão boa quanto a original “Breaking Bad”. Recentemente, “Vikings: Valhalla” provou que também sabe reinventar tramas aprendendo com quem a criou. O seriado é atrativo, bem feito e usa elementos que o público já conhece e gosta. Resultado: já está renovada para segunda e terceira temporada pela Netflix.
Europa, século XI
A nova série dos vikings é ambientada 100 anos depois do que aconteceu na última temporada de “Vikings”. Agora, as aventuras de Ragnar são lenda e seu povo está presente em muitos lugares da Europa – fato interpretado como uma ameaça para o rei inglês Ethelred II, mesmo que todos vivessem em cumplicidade até então.
A solução encontrada pelo rei foi erradicar os vikings da Europa, assim nasce o grande arco da temporada: no norte, o rei Canute da Dinamarca convocou todos os vikings para se reunirem em Kattegat para formarem um exército e buscar a vingança de seu povo. Um embate já visto anteriormente na série mãe, mas que é fortificada com novo elenco e personagens cativantes.
Kattegat e outros elementos da série original
O fato de Michael Hirst ter continuado na produção executiva desse novo projeto contribuiu para que “Vikings: Valhalla” fosse tão atrativa. É em Kattegat, vila onde Ragnar viveu com sua família em várias fases da vida, onde mora o coração da série. Ainda que embates fora do local existissem, uma guerra em Kattegat sempre estremeceu o público. Aqui não seria diferente.
Mas 100 anos depois trouxe mudanças. Agora, o lugar recebe viajantes e comerciantes de todas as partes do mundo e é comandado pela rainha Jarl Haakon. Outro fator decisivo para a nostalgia é a relação de sangue existente entre os protagonistas. Harald Sigurdsson tem carisma e é um grande guerreiro viking disposto a contribuir com a vingança do seu povo. Já seu irmão Olaf pode até ser um aliado, mas possui comportamentos violentos, acreditando que pode converter as pessoas com tortura para que sigam sua própria religião.
Uma de suas vítimas foi Freydis Erikson, uma talentosa viking que também tem um irmão igualmente próspero. É ele, Leif Erikson, quem tem as grandes estratégias de batalha, logo, é uma peça central na guerra.
Subtrama envolvente
Além do arco principal – a guerra eminente entre os vikings e os ingleses – as ramificações do roteiro também são responsáveis por levar o público ao fim da temporada. Freydis quer vingança, mas precisa fazer concessões para o bem maior, nesse meio tempo acaba topando com uma ameaça pior ainda, que acaba trazendo consequências em Kattegat. Ela é a heroína, o público torce pela sua vitória.
No mais, “Vikings: Valhalla” é série para ver com saudosismo. Disponível na Netflix, a produção traz a mesma qualidade em fotografia, com personagens bem desenvolvidos e roteiro envolvente. Quem sente falta das aventuras de Ragnar, Floki, Lagertha, Bjorn e Yvar, pode aprender a gostar de Harald, Leif, Emma, Freydis e Jarl.
*Fernando Martins é jornalista, escritor e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas
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