Visão do público inserida na trama é um dos pontos altos em “The Last Of Us”

Série da HBO Max é uma adaptação do game de sucesso e tem episódios semanais na plataforma

Pedro Pascal interpreta o protagonista Joel, Nico Parker vive Sarah Miller em "The Last Of Us" - Reprodução

Uma das séries com maior expectativa para 2023 estreou no último domingo (15). “The Last Of Us”, adaptada do game premiado, lançará episódios semanais na HBO Max, assim como a plataforma fez com “House Of The Dragon”, tornando a experiência melhor do que o lançamento de temporadas completas. Alimentar teorias e esperar pelo próximo episódio é, por muitos, a melhor maneira de prender o público e incentivar o interesse. 

Caso você não seja do mundo dos games e tenha curiosidade sobre a série, aqui vai um pequeno resumo da trama: “The Last Of Us” é uma série do gênero apocalíptico, que mostra a humanidade tendo que se reinventar após o mundo ser destruído por um fungo que toma o controle dos corpos das pessoas, transformando elas em uma espécie de zumbis. 

Neil Druckmann é o criador do game e participa da adaptação como diretor e produtor executivo. O roteiro – tecnicamente falando é um dos pontos altos da série – é do Craig Mazin, responsável pela minissérie “Chernobyl”, também da HBO Max. 

Perspectiva dos personagens

Destacando um dos vários elementos que fazem uma série ser bem sucedida, “The Last Of Us” parece acertar duas vezes de uma única maneira: fazendo o público se envolver e sentir as mesmas sensações dos personagens através da perspectiva. Acompanhamos o protagonista Joel (Pedro Pascal), sua filha Sarah (Nico Parker) e seu irmão Tommy (Gabriel Luna) do ponto de vista deles, não somos oniscientes. Há uma sequência inteira, depois que o caos é estabelecido, que se passa dentro do carro onde os personagens tentam fugir. É de tirar o fôlego. 

Antes do caos, o trabalho de Mazin é valioso porque desenvolve as ameaças de maneira discreta e em escala. O público mais atento percebe que o problema está chegando muito antes dos próprios personagens, o clímax é montado para nos deixar nervosos. Outro exemplo disso é quando Sarah está de costas para uma idosa que manifesta os primeiros sinais de infecção, ainda que a menina não perceba e vá embora. A gente que lute. 

Tudo isso se assemelha ao próprio game, já que os jogadores estão vivendo o que o personagem vive. Assim, Druckmann e Mazin estabelecem a qualidade do programa, sendo fiel ao game e trazendo o público para dentro da história.

Flerte com a realidade

Outro feito do roteirista que traz complexidade para a trama é o fato de não precisar explicar todos os problemas em diálogos. Atenção, spoilers a seguir. 

O início do primeiro episódio ajuda a ambientar toda a situação. Vemos um programa de entrevistas onde o apresentador conversa com dois especialistas em pandemias. Um deles está falando sobre as consequências de uma pandemia viral, enquanto o outro destaca as ameaças de uma possível pandemia por fungo

Bom, nada sabemos sobre esse segundo exemplo, mas inserir essa conversa em cena é outro fio condutor que amarra nossas experiências com a série. Vivemos a pandemia do coronavírus, perdemos pessoas, foi doloroso e sofrido. Aqui, “The Last Of Us” nos diz que passamos pelo problema e que a angústia que está por vir nos personagens é familiar para nós.

Quando cito que nada sabemos sobre uma pandemia por fungo, falo por experiência própria. Soube, enquanto assistia a série, que existe um fungo chamado Cordyceps que invade o corpo de insetos, assumindo o controle das funções motoras e nervosas do animal. Existem vídeos no YouTube, é assustador.

O fungo não afeta os humanos, mas a série seguirá mostrando como seria se as condições de temperatura fossem aptas para tal infecção nas pessoas. É ficção, mas desenvolvida tão bem que o medo é estabelecido no público como se a ameaça estivesse perto de acontecer.

Com isso, “The Last Of Us” entra para a lista de adaptações mais bem sucedidas do ano. Quanto mais a série bebe da fonte, somado ao ótimo trabalho de Druckmann e Mazin, menos chance de perder a mão. Vale lembrar que a HBO exibe os episódios semanalmente, todo domingo, que também ficam disponíveis no catálogo da HBO Max.

*Fernando Martins é jornalista e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.
*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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