Voos e quedas na segunda temporada de "House of the Dragon"

Narrativa volta a brilhar, mas conflitos circulares freiam o impacto da temporada

Rhaenyra e Alicent em post da segunda temporada de "House of the Dragon" - Divulgação

A segunda temporada de "House of the Dragon", da HBO, mantém o alto padrão de produção e narrativa que definiu seu antecessor, "Game of Thrones". Com uma cinematografia impressionante e performances fortes de seu elenco principal, a série continua a fascinar os espectadores. No entanto, apesar da qualidade indiscutível, a nova temporada revela alguns pontos fracos que limitam seu impacto.

Tramas que andam em círculos

Ao longo dos oito episódios que compõem o segundo ano de "House of the Dragon", a produção parece presa em um ciclo repetitivo de dilemas morais e conflitos sem resolução. Personagens centrais como Daemon (Matt Smith), Rhaenyra (Emma D'Arcy) e Alicent (Olivia Cooke) frequentemente se vêem presas em conflitos que pouco avançam a narrativa principal da dança dos dragões. Essa repetição cria uma sensação de estagnação que, em alguns momentos, prejudica o ritmo da série.

Daemon Targaryen

Nenhum personagem sofre mais com essa necessidade de preencher as lacunas da obra original do que Daemon Targaryen. O rei consorte é relegado a um arco periférico, passando grande parte da temporada em delírios intermináveis que poderiam ser trabalhados em um ou dois episódios apenas. 

Essa abordagem culmina em uma visão premeditada no episódio final que, em vez de trazer uma conclusão satisfatória, acaba oferecendo uma resolução rápida e anticlimática para seu conflito com sua tia-esposa. A escolha narrativa de escantear um dos personagens-chave da série é, sem dúvida, uma oportunidade perdida.

Duelos e batalhas: O refúgio da série

Uma consequência direta dessa estagnação narrativa é que "House of the Dragon" acaba se tornando refém dos momentos em que os dragões estão em ação. Não é coincidência que os episódios mais empolgantes sejam aqueles que destacam as fascinantes criaturas voadoras que dão nome à série, como a luta de Rhaenys Targaryen (Eve Best) contra Aegon II (Tom Glynn-Carney) e Aemond (Ewan Mitchell) em Pouso de Gralhas, ou a ocasião em que os bastardos tentam conseguir um dragão para somar ao time dos pretos. 

As cenas de combate aéreo e os impressionantes confrontos entre dragões são visualmente deslumbrantes e emocionantes, mas destacam a falta de profundidade nas interações entre os personagens humanos.

Expectativas

Com a sensação de que a temporada poderia ter, no mínimo, mais dois episódios para sua conclusão, a segunda temporada de "House of the Dragon" continua a oferecer grandes momentos do manuscrito original. Porém, a série precisa encontrar um equilíbrio mais satisfatório em relação à evolução narrativa de seus personagens principais. Já renovada para a terceira temporada, há esperança de que a série consiga amarrar suas pontas soltas e entregar um desfecho à altura de seu potencial.

A beleza e a brutalidade de Westeros continuam a cativar, mas "House of the Dragon" deve tomar cuidado para não deixar suas asas queimarem na tentativa de alcançar a glória de seu antecessor.

*Fernando Martins é jornalista e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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