‘Wandinha’ reúne gerações em torno do humor mórbido

Série com Jenna Ortega é baseada na Família Addams

Catherine Zeta-Jones e Luis Guzmán são Mortícia e Gomez Addams, os pais de Wandinha - Divulgação/Netflix

Trazendo de volta uma das famílias de maior personalidade da cultura pop, a série “Wandinha”, da Netflix, revisita “A Família Addams”, criada em 1938 por Charles Addams. Começando em tirinhas de jornais, o enredo da família macabra de humor mórbido e sobrenatural logo se adaptou ao cinema, teatro e TV. A mais recente, no entanto, sai do núcleo familiar para acompanhar a garotinha Wandinha, agora interpretada por Jenna Ortega, entrando na adolescência enquanto tenta entender seu lugar no mundo.

Fazer uma releitura de um clássico pode ser desafiador. De um lado, existe um público maduro e tradicional que, embora tenha acompanhado a história quando jovem, hoje tem opiniões e gostos mais estruturados e que não aceitam tantas mudanças. Do outro, temos os jovens de hoje que não conhecem ou pouco sabem sobre A Família Addams, mas precisam ser fisgados se a série quiser ter bons números de audiência.

“Wandinha” tenta colar essas duas personas. Primeiro, escolhendo a personagem adolescente e apresentando como protagonista. Segundo, intensifica a morbidez da família flertando com as antigas produções. Por último, investe nos clichês joviais e em roupagem atualizada para o roteiro – uma garota pergunta, no episódio piloto, se Wandinha tem uma conta no TikTok, por exemplo. 

O resultado? Pelo viés do público, depende. Há os extremos, é claro. Os jovens de hoje, em sua maioria, aprovaram o programa. Os mais tradicionais, condenaram. “Wandinha”, no entanto, tem muitos méritos. A direção de Tim Burton contribui para a montagem do tom da série, assim como a atuação de Jenna Ortega – um dos nomes mais populares do ano dentro do gênero de terror. A atriz Christina Ricci, que ficou popular quando interpretou a Wandinha dos anos 1990, participou da nova versão como uma professora da escola da sua antiga personagem. Sua presença é válida no sentido nostálgico e na qualidade do seu trabalho.

Gwendoline Christie, conhecida por “Game Of Thrones”, está impecável como a diretora Larissa Weems. A flexibilidade do seu trabalho é uma surpresa boa e afasta a atriz de Brienne, personagem que a tornou querida.  

Mais do mesmo x originalidade

Existe o clichê bem-vindo e aquele que não traz frescor de nenhuma forma. “Wandinha” é ambientada na escola Nunca Mais, trazendo dilemas adolescentes mesclados a mistérios e assassinatos. Já vimos isso em diversas séries, um bom exemplo foi no drama “Yellowjackets”, uma das melhores séries de drama adolescente do ano. A nova versão de “Pretty Little Liars”, subintitulada “Pecado Original”, também é um destaque positivo, mas até sua antecessora pecou pela repetição.

“Wandinha” repete receitas e pode até soar simplista, mas a originalidade vinda da Família Addams é um atrativo que, por si só, dá opções para o roteiro fazer mais e adaptar o que funciona ou não. Veja o trailer:

*Fernando Martins é jornalista e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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