Logo Folha de Pernambuco

A Infelicidade vicia? Você acredita estar viciado em ser infeliz?

Saiba mais sobre assunto e o que você pode fazer se auto ajudar

Na teoria psicanalítica há uma ideia que nos parece bem familiar, que é conhecida como Princípio do Prazer. Com este conceito Freud indicava que o ser humano tende a buscar o prazer e evitar a dor.

A questão da felicidade humana é complexa. No entanto, para nos manter no escopo do nosso texto, ao nos referimos à felicidade, estaremos descrevendo uma condição na qual experienciamos emoções positivas e satisfação com a vida. 

Então, se há uma busca natural por estados emocionais marcados por sentimentos de alegria, satisfação, por que razão, questiona Saks, (2014), por qual razão algumas pessoas permanecem vivenciando situações infelizes, mesmo diante da possibilidade de mudar para um padrão mais saudável? 

Será mesmo que é possível criarmos o hábito de estar insatisfeitos? 
Alguns especialistas ¹ ² dizem que sim. Freud no seu livro “Lembrando, repetindo e elaborando”, (1914) escreveu sobre este fenômeno, associando-o ao Princípio do Prazer. Embora, em 1920, em seu trabalho, “Além do Princípio do Prazer” (1920), ao reexaminar este conceito, tenha observado “que os fenômenos pulsionais compulsivos repetiam formações psíquicas estranhas ao princípio do prazer”, que nas palavras de Quinodoz, (2005)¹, seriam “situações com as quais o princípio do prazer não pode lidar adequadamente" - ainda assim o conceito é mantido como algo de fundamental importância no desenvolvimento da psicanálise. 

Do ponto de vista da psicologia, muitas teorias trazem entendimentos que esclarecem bem este comportamento. Entre eles podemos destacar as ideias de Jeffrey Young (Young e col, 1990, 1999) que indicam que as experiências nocivas na infância criam as bases de padrões emocionais desadaptativos (esquemas) e são repetidos e repetidos ao longo da vida com inúmeros prejuízos comportamentais.

Outra explicação importante é o conceito de Desamparo aprendido, desenvolvido a partir de experiências conduzidas no final dos anos 1960 e início dos anos 1970 pelos psicólogos Martin Seligman e Steven Maier.

Segundo esta teoria, conforme resume Nickerson, (2022), quando passamos por série de resultados negativos ou estressores, aprendemos que não é mais possível obtermos resultados positivos na vida, e que não somos capazes de tentar impedi-los. 

Explicado em outras palavras após a experiências dolorosas, nos condicionamos a esperar apenas a dor, sofrimento ou desconforto, e não acreditar que exista uma maneira de escapar deles. O desamparo aprendido é frequentemente associado à depressão. 

Em outro estudo, os pesquisadores de psicologia clínica, Martha H. Pieper, e William J. Pieper, coautores do livro “Addicted to Unhappiness” (Viciado na Infelicidade) afirmam que: quando uma criança cresce com esse tipo de desconforto, ela tende a repetir este comportamento como se fosse normal, uma vez que a mente sempre tenta recriar o que lhe é familiar. 

Felicidade e o Cérebro
Na atualidade, com o progresso das pesquisas do cérebro, a questão de nossa tendência a ficarmos presos em nossas dores, começa ser melhor explicada.

Uma forte evidência para a confirmação desta hipótese, foi a descoberta que “as emoções negativas têm uma qualidade viciante que aciona os centros de recompensa no cérebro.” (Lynch, 2022). Ou seja, somos recompensados ao sentirmos uma emoção negativa, e na medida em que repetimos esta emoção, o vício se completa.

E mais, assim como muitos outros vícios, as emoções negativas, afirma Lynch (2022) podem ser agradáveis até certo ponto. Por exemplo, assistir um filme de terror. Mas, a permanência neste estado provoca um aumento no estresse e ficamos sujeitos a algumas doenças.

Como vimos, são muitas as hipóteses para este fenômeno. Mas para trazer o assunto para um lado mais prático, a verdade é que às vezes, até parece que o “nosso cérebro não quer que sejamos felizes.” (Baker, 2018). E por esta razão, temos que nos esforçar para voltarmos nossa atenção para aspectos mais positivos da vida.

E para ajudar neste processo, vamos destacar algumas ideias  do pesquisador de neurociência da Universidade da Califórnia (UCLA), Alex Korb selecionadas por Eric Baker, editor na revista Insider, muitos úteis nos livrarmos do vício da infelicidade

 

Quatro dicas científicas para se livrar do vício da infelicidade

 1. Ative o centro de recompensa do cérebro com gratidão em vez de negatividade
Mas, a gratidão realmente afeta nosso cérebro no nível biológico? A resposta é sim.  A gratidão ativa a produção de dopamina no centro do seu cérebro, e aumenta a produção de serotonina no córtex cingulado anterior. Todas essas ações podem ajudá-lo a ter uma melhor inteligência emocional, e interações sociais mais agradáveis.

Curiosamente, emoções como vergonha, culpa e preocupação desencadeiam as mesmas substâncias químicas do cérebro que a gratidão. Ao que parece trata-se de uma boa troca, não acha?

2. Rotule sentimentos negativos
Quando damos um nome ao que estamos sentindo, por exemplo: estou me sentindo ansioso agora, significa que você não está reprimindo esta emoção. Esta ação, por sua vez, alivia a tensão da carga negativa. Em um estudo feito por imagem por ressonância magnética funcional (fMRI), apropriadamente intitulado "Colocando sentimentos em palavras”, mostrou que reconhecer conscientemente as emoções reduziu o impacto da emoção.

3. Tome uma decisão quando estiver sobrecarregado de preocupação e ansiedade
Quando você está assediado pela preocupação, crie uma intenção, estabeleça uma meta, apenas faça alguma coisa. Isso aumenta o centro de recompensa do cérebro e o tira dessa exaustiva roda do ciclo negativo. Não se prenda muito em procurar qual a melhor decisão tomar, mas apenas tome uma decisão “boa o suficiente” para você. 

4. Socialize
No que diz respeito ao cérebro, a exclusão social é uma lesão, enquanto a socialização saudável é um elixir. Estar com pessoas, apertar as mãos, um abraço, ou um tapinha nas costas só amplificam os benefícios da socialização para a saúde. 

É um erro acreditar que mensagens via Internet são suficientes para sua socialização. A pesquisa mostra que eles não transmitem os mesmos benefícios que a experiência humana “na vida real”.

Concluindo:
São muitas evidências que ao cultivarmos atitudes positivas, ajudamos nosso cérebro a sair do ciclo destrutivo que se auto perpetua, e que aumentam os hormônios do estresse que nos tira do eixo física e mentalmente.

Basicamente, você pode exercitar os centros de positividade do cérebro com atitudes de autocuidado, como: fazer coisas que gosta, se alimentar corretamente, manter uma rotina de atividades físicas e mentais adequadas.

Apenas lembramos que estas indicações não substituem o tratamento regular com um profissional da área de saúde. Diante da persistência do quadro mencionado, sugerimos o contato com um profissional de sua confiança que estará apto a conduzi-lo na recuperação de uma vida mais saudável e alegre.

Se você gostou deste texto, convido-o a acessar nosso blog onde você encontrará ainda mais informações para seu autoconhecimento.

francisco araujo psicologia terapeuta clinico tatuapé instagram

As informações contidas neste artigo não refletem a opinião do Jornal Folha de Pernambuco e são de inteira responsabilidade de seus criadores.

Veja também

BBB 25: que dia começa e qual é o horário da estreia do programa?
bbb 25

BBB 25: que dia começa e qual é o horário da estreia do programa?

BBB 25: dono de circo que entrou no reality tentou se eleger vereador e teve votação pífia
Big Brother Brasil

BBB 25: dono de circo que entrou no reality tentou se eleger vereador e teve votação pífia

Newsletter