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Vida Plena

Autismo na vida adulta: como funciona o tratamento?

Psiquiatra fala sobre o assunto e explica qual o grau mais encontrado

AutismoAutismo - Pexels

Quando se fala sobre transtorno do espectro autista (TEA), as pessoas geralmente ligam a condição diretamente às crianças. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a estimativa é de que no mundo inteiro cerca de 70 milhões de pessoas - duas milhões delas, somente no Brasil, tenham a neurodivergência.

O autismo é uma condição de saúde que se caracteriza por desafios de comportamentos repetitivos, habilidades sociais, interação, fala e comunicação não-verbal. Geralmente, ele dá os primeiros sinais na infância, geralmente nos cinco primeiros anos de vida. Porém, há casos de pessoas que só descobrem apresentar a condição na vida adulta.

Descoberta

Segundo o psiquiatra do Hospital Jayme da Fonte, Vitor Hugo Stangler, o autismo descoberto na vida adulta também é caracterizado por problemas na relação social. Geralmente, é o de suporte nível 1, considerado como o mais leve. Na infância, pôde ter sido confundido com a timidez normal.

“Foi aquela criança mais isolada e que teve comportamentos repetitivos, naturais do processo de infância. Tudo isso passou batido pelos pais e pelos responsáveis. Por isso que, em muitas das vezes, esses casos acabam sendo diagnosticados na fase adulta da vida”, frisou Stangler.

Os padrões de funcionamento rígido e de interação social acabam causando um sofrimento significativo ao autista. O diagnóstico é feito através de profissionais especializados, ou seja, psiquiatras ou neurologistas. Nos casos em adultos, como é um diagnóstico mais complexo, podem ser utilizados, também, alguns instrumentos de entrevista padronizada e avaliação neuropsicológica.

“Assim como numa criança, o autismo na vida adulta é tratado por uma equipe multidisciplinar. Vai ser muito importante o acompanhamento de um neurologista ou psiquiatra para conduzir o tratamento medicamentoso. Muitas vezes, deve haver o acompanhamento com a psicologia e, em alguns casos, é necessária a terapia ocupacional, para ajudar a pessoa a realizar atividades diárias”, reforçou ele.

De acordo com Stangler, há dois sentimentos que marcam o autismo na vida adulta: ansiedade e depressão. 

Assistência
O especialista no assunto apontou ainda o acolhimento pelo Governo Federal dos portadores do TEA, através de políticas públicas e programas direcionado a esse público. Em 2 de abril de 2025, Dia Mundial da Conscientização do Autismo, foi aprovado, no plenário do Senado Federal, um projeto de lei que determina que pessoas autistas sejam acolhidas para se alimentarem no Sistema Único de Saúde (SUS). A terapia nutricional será conduzida por profissional da saúde habilitado. O PL 4.262/2020 seguiu para sanção presidencial.

“Existem muitas políticas de inclusão dessas pessoas que são muito importantes, para que elas consigam lidar com as deficiências que existem por conta do transtorno, que tem um caráter limitante e atrapalha o funcionamento dessas pessoas. Essas políticas de inclusão são extremamente importantes”, argumentou Stangler.

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