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Como a psicologia pode ajudar no tratamento de dores crônicas?

De acordo com a Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED), quase 40% dos brasileiros convivem c

Dor crônica afeta quase 40% dos brasileiros - Foto: Melissa Fernandes/Folha de Pernambuco

Segundo a Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED), quase 40% dos brasileiros convivem com dores crônicas e entre 20% e 40% da população mundial deve ser afetada em algum momento da vida. Como explica o neurologista e especialista em dor Neuton Magalhães, coordenador da equipe de dor do Hospital Jayme da Fonte, a dor crônica é caracterizada, por conceito, como uma dor que tem duração maior que três ou seis meses, mesmo depois que a causa da dor seja resolvida. 
 


Um estudo norte-americano divulgado no fim do ano passado pela JAMA Psychiatry, revista mensal publicada pela Associação Médica Americana, apontou que a psicologia pode ajudar no tratamento das dores. Isso porque o cérebro e a mente são fundamentais para o sucesso de estratégias e atividades que amenizem os sintomas do paciente.
 
“O cérebro pode criar uma dor sim, geralmente é o que a gente chama de uma dor psicogênica. Mas o que é muito comum é aqueles pacientes que têm dor crônica desenvolverem um transtorno mental posterior. Então, existe uma correlação grande entre dor crônica e depressão e ansiedade, e isso servir como uma retroalimentação da dor”, detalhou o neurologista e neurocirurgião João Gabriel Ribeiro.

A psicóloga Gabriele Gomes destaca como os cuidados com a saúde mental podem ser fundamentais para o tratamento. “O acompanhamento psicológico vai proporcionar ao paciente compreender os aspectos que podem estar ocasionando a dor. Através de métodos e técnicas, é possível deslocar a atenção do paciente para atividades que lhe trazem prazer e que provavelmente foram deixadas de lado”, afirmou. 

Gabriele Gomes, psicólogaGabriele Gomes, psicóloga - Foto: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco

Como ressalta a especialista, a dor, frequentemente, faz com que muitas pessoas se isolem e se distanciem de atividades sociais e de lazer. “Muitas vezes essas pessoas não são compreendidas e até mesmo constrangidas pela sua condição. As dores também as afastam dos seus trabalhos e atividades domésticas, trazendo um sentimento de inutilidade e incapacidade.” Os tratamentos, frisa, costumam envolver uma equipe multidisciplinar, com médicos e fisioterapeutas, e terapias individuais ou em grupo. 

O neurologista Neuton Magalhães reforça este entendimento: “O tratamento deve ser feito dentro de uma abordagem biopsicossocial. Deve envolver medicações, psicoterapia e reabilitação física. Os pacientes que têm qualquer tipo de dor crônica precisam entender que ou se trata tudo ou não se trata nada. Porque, se tratar apenas com medicações, não haverá resultado satisfatório.”
 
A psicóloga Gabriele Gomes explica que corpo e mente estão interligados e que as emoções, muitas vezes, são expressas através de enfermidades que acometem corpo, chamadas de doenças psicossomáticas, que podem aparecer de diversas formas, incluindo a dor crônica. 

“Se o paciente também detecta alguns sintomas, como queimação, agulhadas, choques, formigamentos, adormecimentos, e suspeita que seja dor neuropática, a primeira coisa a se fazer é procurar um médico, que poderá avaliar e dar o diagnóstico correto. A partir daí, inicia-se o tratamento medicamentoso e não medicamentoso através da psicoterapia”, finalizou.

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