Desinformação: o principal fator de risco para o câncer em homens
Baixa procura por consultas regulares e exames trazem complicações no tratamento futuro
Em um mundo onde o acesso à informação está cada vez mais disponível, usar a desinformação como desculpa parece uma realidade paralela. Contudo, quando o assunto é a saúde do homem, essa frase ganha sentido. Segundo o Centro de Referência da Saúde do Homem, órgão da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, 60% (cerca de 1,5 mil homens) do total de pacientes chegam ao hospital com quadros considerados avançados e que necessitam de intervenção cirúrgica. A situação é reflexo da baixa procura por consultas regulares e exames preventivos por parte da população masculina.
A pesquisa realizada pelo Instituto Lado a Lado Pela Vida, intitulada “Um Novo Olhar para a Saúde do Homem”, que entrevistou 2405 homens entre junho e julho de 2019, indica que mais de um terço dos homens relataram não irem ao médico ao menos uma vez ao ano.Mesmo em queda, a vergonha, o preconceito e barreiras culturais ainda são os principais motivos que mantêm os homens longe dos consultórios médicos.
De acordo com dados do IBGE, homens brasileiros vivem, em média, sete anos a menos que mulheres e apresentam maior incidência de doenças cardiovasculares (infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral) e câncer de pulmão. Além disso, quando levados em consideração apenas os cânceres que atingem os homens, como próstata, testículo e pênis, a incidência impressiona.
A saúde do homem vai além do câncer de próstata
O Brasil terá 625 mil novos casos de câncer a cada ano do triênio 2020-2022.É o que indica a publicação "Estimativa 2020 – Incidência de câncer no Brasil", lançada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA). Ainda segundo o mesmo documento, depois do câncer de pele não melanoma (177 mil casos novos), os mais incidentes serão os de mama e de próstata (66 mil cada), cólon e reto (41 mil), pulmão (30 mil) e estômago (21 mil). Separados por sexo, os tipos mais frequentes nos homens, excluindo-se pele não melanoma, serão próstata (29,2%), cólon e reto (9,1%), pulmão (7,9%), estômago (5,9%) e cavidade oral (5,0%).
Por ser o câncer de maior incidência nos homens, o câncer de próstata ganha destaque no Novembro Azul. Porém, a campanha busca alertar para o bem-estar físico e mental do homem, assim como outros tipos de cânceres de grande incidência entre o público masculino.
O diagnóstico tardio é um dos principais motivos para o câncer de próstata ser o segundo tipo de tumor maligno que mais mata os homens, perdendo apenas para o câncer de pulmão. A próstata fica localizada abaixo da bexiga e faz parte do sistema reprodutor masculino. Ela é responsável por produzir e armazenar os nutrientes e fluidos que constituem o esperma e os deixam fortes para que ocorra a fecundação. À medida que ocorre o envelhecimento, a próstata cresce naturalmente, causando alguns sintomas que se assemelham ao câncer de próstata, entre eles: dificuldade, dor ou ardor ao urinar e vontade frequente de urinar. “Muitas vezes, os sintomas só aparecem no estágio avançado, prejudicando a agilidade do diagnóstico e, consequentemente, do resultado do tratamento. Por outro lado, os sintomas aparecem de forma gradativa e, por serem parecidas com doenças comuns do aparelho urinário, muitos homens não procuram um médico ao sentirem os primeiros sintomas”, destaca o chefe do serviço de urologia do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), dr. André Maciel.
De forma geral, todos os homens com mais de 50 anos devem fazer os exames de rastreio, que consistem na combinação de um exame de sangue simples, conhecido como PSA, e do toque retal. No caso de indivíduos que possuem parentes de 1º grau com a doença ou de homens negros, a recomendação é de que o exame seja feito a partir dos 45 anos.
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