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Preocupações excessivas podem gerar ansiedade de final de ano

Psiquiatra explica e dá dicas de como conter condição

Vitor Hugo Stangler é psiquiatra do Hospital Jayme da Fonte - Walli Fontenele/Folha de Pernambuco

A época de final de ano significa o terminar e o começar de um novo tempo. Mas, embora haja um clima especial e expectativas para os próximos 365 dias, há pessoas que enfrentam o período com angústia, medo e frustração, por diversos fatores externos que despertam gatilhos que acabam gerando a ‘ansiedade de final de ano’.

Segundo o psiquiatra do Hospital Jayme da Fonte, Vitor Hugo Stangler, tanto no Natal quanto no Réveillon, essa condição pode trazer memórias de entes queridos que morreram ou lembranças que intensificam o luto, além da pressão pelas metas não alcançadas. Stangler afirma que há estudos científicos que fundamentam o tipo de ansiedade.

“Em geral, cientificamente, elas [as evidências] são chamadas de depressão ou ansiedade sazonal, que variam, conforme a época do ano. Grande parte desses estudos é feita no exterior, e estão associados ao tempo, porque no Hemisfério Norte, esse momento do final do ano também está ligado ao inverno. Mas existem, sim, alguns estudos no Brasil e todos eles acabam mostrando a importância e a evidência desse momento, quando há um excesso de demandas e uma autocobrança no trabalho, vindas da pressão por bater metas”, explica Stangler.

Pandemia 
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a pandemia de Covid-19 contribuiu em 25% para a prevalência da ansiedade e da depressão - frutos do isolamento social.

Ainda segundo a OMS, o público que teve a saúde mental mais afetada foram os jovens, que apresentaram risco de automutilação e tentativa de danos à vida. Já as mulheres foram mais impactadas do que os homens. Pessoas com condições pré-existentes, como doenças cardíacas, asma e câncer, tinham mais risco de desenvolver a condição. Pedir ajuda é essencial.

“Devem procurar ajuda de atendimento especializado, tanto com profissionais de saúde, quanto com psicólogos, psiquiatras, médicos, para que, de certa forma, [os especialistas] consigam abordar e identificar se essa síndrome condiz com um transtorno ansioso, depressivo ou se é apenas um agravamento, que pode ser manejado de forma mais tranquila”, complementa Stangler.

Cuidados
Para ajudar a evitar ou conter a síndrome de final de ano, o psiquiatra orienta cuidados que se mantenham os cuidados com a saúde mental. Além da mudança de hábitos, ele ressalta que o acompanhamento de um profissional de saúde, como psicólogo, também é fundamental para a prevenção dessa síndrome.

“É importante que a pessoa esteja fazendo atividade física, numa constância regular, porque a prática é muito importante para a nossa saúde mental. Também é bom manter o sono regular. Ou seja, dormir por volta de seis a oito horas, com uma boa qualidade. Para evitar esses agravamentos e sobrecargas, é interessante conseguir conversar com o superior ou o chefe sobre essa situação, para trazer as demandas à tona. Sobre as questões de luto, que podem ser agravadas neste período de final do ano, é interessante que a pessoa consiga compartilhar com familiares, amigos e colegas”, finaliza Stangler.

Apoio a depressivos e ansiosos
Para apoio emocional, com atendimentos gratuitos, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece o telefone 188. O serviço é dedicado às pessoas que sofrem com depressão, ansiedade ou necessitam de algum cuidado ligado à saúde mental.

O sigilo da conversa é garantido pelo CVV e o atendimento é feito por voluntários, que também podem atender por e-mail ou chat 24 horas e sete dias da semana.

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