Saiba como a autocrítica excessiva pode afetar sua vida mental
Você vem se criticando há anos e não tem funcionado? Tente aprovar a si mesmo e veja o que acontece
Olá, querido leitor, me chamo Francisco Araujo, Psicólogo Clínico e é um imenso prazer fazer parte deste blog e poder falar mais sobre um dos temas que vem sendo muito difundido nos dias de hoje no mundo todo: SAÚDE MENTAL. O foco do meu trabalho em consultório é ajudar as pessoas alcançarem os benefícios de uma vida mais equilibrada e saudável. Nos textos, trato de temas relevantes relacionados ao aprimoramento mental e emocional, e que incentivem uma vida pessoal e profissional gratificante.
Espero que gostem do meu primeiro artigo em Especial para Folha de Pernambuco.
“A autocrítica é uma arte que poucos estão qualificados para praticar. ” - Autor: Joyce Carol Oates
Na prática clínica notamos algo interessante. Muitas pessoas ao descreverem suas questões, com frequência o fazem de forma muita excessivamente autocrítica. Se mostram tão fixados em suas carências e insuficiências, que até esquecem também que são possuidores de qualidades e recursos expressivos.
Convencionalmente entendemos a importância da autocrítica em nossas vidas. Todos de certa forma nos esforçamos para nos tornar pessoas melhores, e assim obtermos resultados mais positivos. Entretanto, a forma como conduzimos nossa autocrítica pode produzir um efeito negativo, ao invés de nos incentivar às mudanças necessárias.
Especialistas revelam que uma autocrítica exagerada pode produzir resultados muitos agressivos na vida de uma pessoa, e muitas vezes, até devastadores. Por outro lado, conforme explica Schroeder, (2016) uma autocrítica equilibrada é capaz de contribuir para uma rotina de vida mais saudável e produtiva, tanto familiar quanto profissional.
Sugere ainda este pesquisador, que esta forma de agir pode ter suas raízes em experiências negativas internalizadas da infância. Talvez, a forma severa e punitiva de nossos pais ou cuidadores, ou conteúdos religiosos nos ensinaram a identificar especialmente nossas próprias falhas.
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Conforme explicar o psicólogo e pesquisador israelense Golan Shahar (2015) em seu livro, Erosion: The Psychopathology of Self-criticism“, a autocrítica é uma característica que demonstrou levar a inúmeras formas de psicopatologia: depressão, ansiedade, transtornos alimentares, sintomas de transtorno bipolar”.
Sabemos que nossos pensamentos influenciam muito como nos sentimos e nos comportamos, portanto, nossa conversa interna negativa pode nos influenciar de forma totalmente destrutiva. Por exemplo, quando dizemos que não somos tão bons para fazer algo como outras pessoas, ou que nunca seremos bem-sucedido em alguma coisa, além de reduzir nossas margens de sucesso, também baixamos nossa autoestima. (Morin, 2014).
Felizmente, há saídas para este padrão, e cada profissional em suas especialidades, será capaz de quebrar este ciclo, e abrir mostra novas formas de autocuidado.
Bem, se você de alguma forma se identificou muito ou parcialmente com o padrão descrito, e ainda não teve a oportunidade de procurar um profissional, selecionei algumas dicas da psicoterapeuta Amy Morin, autora de vários sobre o assunto, que certamente o ajudarão a lidar com estes comportamentos.
1 – Desenvolva uma consciência de seus pensamentos
Preste atenção aos pensamentos ou palavras como, sempre, nunca. Note se estes pensamentos críticos são muitas vezes são exageradamente negativos:
Por exemplo:
- Eu nunca faço certo…;
- Eu nunca vou conseguir aquele emprego...;
- Eu sempre repito o mesmo erro.
Lembre-se, quando você repete algo, você reforça esta ideia no seu cérebro.
2 – Pare de remoer certas situações
Sabe aqueles dias em que algo não sai como desejamos, e você fica repetindo aquele pensamento muitas vezes, isso não resolve nada. Então, imediatamente, tome a frente de diga à si mesmo “Chega de pensar nisso”, ou então “ Bem, o que quero no lugar disso? ”. Neste caso seu cérebro imediatamente o levará a pensar no aspecto positivo da situação.
A ideia aqui é tomar controle do pensamento antes que ele tome uma proporção maior.
3 – Substitua pensamentos excessivamente críticos por declarações mais precisas
Quando vier um pensamento como “Eu nunca faço nada certo”, troque-o imediatamente por uma afirmação mais coerente como “Às vezes eu faço as coisas muito bem, mas às vezes pode não dar certo”.
4 – Pratique a auto aceitação
Compreenda que não somos perfeitos e podemos falhar em algum momento. E uma coisa é nos criticar por isso, e outra é dizer que mesmo não sendo muito bom em algo, posso me esforçar para melhorar...
A ideia aqui é equilibrar a auto aceitação com o auto aperfeiçoamento.
5 – Pergunte a si mesmo que conselho você daria a um amigo.
Você já deve ter notado que muitas vezes somos mais bondosos e gentis com outras pessoas de seu convívio do que consigo mesmo. Por exemplo, é improvável que você não chamaria um amigo de idiota por ele ter cometido um erro. Antes de explodir com uma autocrítica grosseira, pensa "O que eu diria a um amigo que teve esse problema?" Então, use com você mesmo estas palavras de carinho e aceitação.
Para finalizar, esperamos ter mostrado que ser crítico na medida certa pode nos ajudar em nosso processo de auto aprimoramento. No entanto destacamos que o pode comprometer os resultados em sua vida. Acredite que é possível aprender a dominar diálogo interno tóxico e diminuir nossa negatividade. Você irá se surpreender com os resultados.
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