Viroses pós-Carnaval: Tem como evitar? O que fazer para combater?
Médico intensivista fala sobre cuidados para evitar infecções e necessidade de cuidados com grávidas
Após a época carnavalesca, restam a saudade e a vontade de que o próximo ano chegue para os foliões caírem na festa novamente. Mas o que fazer quando o assunto são as viroses que infectam a população? Nesta época do ano, é comum ouvir um ou outro relato de alguém que está sofrendo com algum sintoma de doença que assola a população.
Somente em 2023, a rede municipal do Recife realizou 1.068 atendimentos a crianças que apresentaram sintomas relacionados a quadro viral com dores na cabeça, diarreia e vômito, segundo a Vigilância de Saúde do município. Essa faixa etária, geralmente, esteve em algum lugar com aglomeração ou teve contato com alguém que foi infectado e, por ter a imunidade comprometida, adquiriu algum problema de saúde.
Leia Também
• Água no joelho: até que ponto é preocupante? Como cuidar?
• Bruxismo: conheça o que é, as formas de prevenir e como pode ser feito o tratamento
• Calos vocais: como surgem? Como prevenir ou tratar?
De acordo com Silas Lima, médico intensivista e coordenador da UTI do Hospital Jayme da Fonte, as viroses que mais acometem as pessoas são aquelas que têm ligação com o trato respiratório, como o resfriado comum, que é manifesto por tosse, coriza e desconforto na respiração. Já no sistema gastrointestinal, as viroses vão provocar náusea, vômito e diarreia.
O especialista explica que no primeiro trimestre do ano, por causa do verão, a circulação de viroses é mais intensa, pelo fato de o clima ser mais quente e, consequentemente, as pessoas frequentarem praias e abandonarem os cuidados com a alimentação e a hidratação.
“É um período onde a gente acaba não tendo a mesma ingestão de água que deveria e, pelo calor, a desidratação é muito mais rápida e agressiva. A melhor forma de a gente aproveitar essa época do ano, principalmente o Carnaval, que é tão bom, é mantendo uma boa alimentação, se hidratar bastante com água e suco. Devemos ter o cuidado, também, na hora do preparo da comida, higienizando bem as mãos, principalmente nas alimentações fora de casa, que exigem um cuidado ainda maior”, explica o especialista.
Em caso de consumo de bebida alcoólica, a sugestão de Lima é que a pessoa ingira a mesma quantidade de água para manter a hidratação adequada. Se infectado, o paciente deve ficar em casa e evitar aglomerações para não espalhar a doença.
“Essas infecções virais são autolimitadas. De três a cinco dias, elas vão se resolver de forma espontânea, sem precisar de medicação e nada além de boa alimentação e hidratação. Quando alguns sinais aparecem, é preciso identificar melhor o que está acontecendo. Surgindo febre sustentada, dor importante na barriga ou no peito, que não passa, e vontade de ficar deitado o tempo todo, isso traz uma certa gravidade. A pessoa precisa ir à urgência para ser examinada e, se for necessário, serão feitas coletas de exame de sangue para entendermos a gravidade”, complementa.
O perigo da automedicação
Durante o problema, o médico intensivista alerta para a automedicação. Segundo ele, a prática pode se tornar uma inimiga ao paciente e piorar ainda mais a situação.
“A automedicação é um risco, porque um sintoma de gravidade pode aparecer, um pouco mais a frente, mais grave. É importante vir logo à emergência para que a gente possa lhe atender e lhe avaliar”, salientou.
Atenção redobrada com idosos e grávidas
Mesmo sem ter tido qualquer exposição durante a folia, Silas pontua que idosos e grávidas precisam de uma atenção maior para evitar qualquer tipo de contágio por viroses, devido à baixa imunidade.
“Mesmo sem saírem nas ruas, podem ter tido contato com pessoas que saíram e tiveram algum quadro de infecção e, chegando em casa, podem transmitir. É muito importante que esse grupo preste atenção aos sinais de desconforto para respirar, alteração do hábito intestinal, caso fiquem com as fezes mais líquidas e apresentem náuseas. Precisam de avaliação precoce e devem ir ao serviço de urgência, caso os sintomas persistam e se acentuem por mais de dois dias”, finaliza.