Você sabe o que é ASMR? Entenda como esse formato de vídeo tem ajudado algumas pessoas a relaxar
Pesquisa aponta que 29% dos brasileiros sentem "prazer mental" com os vídeos
Em tempos de insônia e casos de ansiedade em alta, as pessoas têm buscado alternativas complementares para lidar com esses problemas. Tendência que ganhou força nos últimos anos, os vídeos de ASMR se tornaram aliados das pessoas que buscam a sensação de relaxamento, mesmo que não exista nenhuma eficácia comprovada cientificamente.
A tradução literal do termo ASMR é "resposta sensorial autônoma dos meridianos", e os conteúdos consistem em pessoas sussurrando, esculpindo sabão, passando pincel de maquiagem no rosto, batendo unhas e outros sons nítidos muito próximos ao microfone.
Uma pesquisa realizada recentemente por uma plataforma de streaming de áudio constatou que 29% dos brasileiros que consomem esse tipo de conteúdo sentem "prazer mental".
De acordo com a psicóloga Patrícia Carvalho, coordenadora do curso de Psicologia da Uniaeso, não há comprovação científica que relacione as sensações aos sons.
"O que há são relatos, ou seja, depoimentos empíricos de algumas sensações que são despertadas, como formigamento, alívio da ansiedade e diminuição do estresse de quem assiste aos vídeos", disse Patrícia, que completou: "o que a ciência já atestou é que há, sim, a redução dos batimentos cardíacos no momento em que as pessoas estão em contato com os vídeos."
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Como ele atua
O neuropsicólogo Hugo Monteiro explica que o princípio do ASMR, em termos de recepção de estímulos corporais, tem a mesma matriz de práticas como o mindfulness — que é estado de desenvolvimento da atenção plena ao momento presente —, o yoga e a musicoterapia. "É uma prática, assim como outras, que estimula a diminuição do ritmo do dia a dia, consequentemente aliviando estresse e ansiedade", detalhou Monteiro.
Contudo, embora a matriz das técnicas sejam as mesmas, o desenvolvimento do conteúdo ASMR difere das demais. "ASMR tem experiências e materializações específicas que não ocorrem nas outras, como os ruídos feitos pela boca, pelas unhas, pelos sussurros", completou o neuropsicólogo.
Usar com sabedoria
Como a maioria das coisas, o exagero não é recomendado. Quando esse tipo de vídeo é buscado como alternativa para a insônia, o indivíduo acaba depositando certa expectativa, uma espécie de desejo subjetivo sobre a prática, que pode levar a uma dependência psicológica.
"Esse tipo de dependência psicológica é bastante semelhante à dependência de remédios para dormir, por exemplo. Em muitos casos, a substância utilizada não desempenha mais o efeito fisiológico no corpo, mas possui ainda um efeito psicológico", explicou a psicóloga Patrícia Carvalho.
Além disso, a especialista ainda alertou para outra problemática: a tela azul pode atrapalhar o sono. "O efeito dos eletrônicos como 'inimigo' da higiene do sono já é cientificamente comprovado, então, nesse caso, além de o celular não auxiliar no relaxamento, estaria impedindo o início do sono", completou.