16º Festival de Cinema Italiano apresenta programação virtual gratuita
Catálogo estará disponível até dia 5 de dezembro, dividido em duas sessões: Mostra Inéditos e Mostra Retrospectiva
A 16ª Edição do Festival de Cinema Italiano já está disponível ao público, com catálogo on-line e gratuito. A exibição dos filmes, em streaming, vai até dia 5 de dezembro e está dividida em duas sessões: Mostra Inéditos e Mostra Retrospectiva.
"O nosso festival sempre faz uma seleção de produções recentes e nunca exibidos no Brasil, tanto em salas de cinema como em plataformas streaming. E neste ano, de certa forma, não será diferente, mesmo passando por um período complicado, já que como em todo mundo a epidemia e medidas restritivas prejudicaram o setor cinematográfico na Itália e no resto do mundo", explica Erica Bernardini, diretora e curadora do Festival.
Segundo a ANICA (Agência das Indústrias Cinematográficas Italianas) os dados gerais do mercado cinematográfico italiano para 2020 refletem o impacto drástico da epidemia da Covid-19 na distribuição e operação do setor cinematográfico. Em 2020, apenas 246 filmes foram distribuídos na Itália, cerca de 277 menos do que em 2019.
A pandemia definiu e fortaleceu uma outra parte do mercado audiovisual no mundo, fazendo com que surgisse uma nova maneira de gerenciar as janelas de distribuição de forma diferenciada, entre digital e cinemas, já que algumas plataformas de streaming passaram a dar mais peso aos “produtos mais italianos” e aos blockbusters que impulsionam o mercado.
"É importante ressaltar que o cinema italiano mostrou grande vitalidade durante a pandemia, aproveitando a oportunidade para produzir filmes para grandes plataformas internacionais, já que as salas de cinema estavam fechadas. Agora que felizmente o país está saindo gradualmente da fase da pandemia e os cinemas reabriram, nota-se uma efervescência viva nas produtoras, na valorização de grandes diretores italianos e no surgimento de novos produtores e diretores. E mesmo num ano difícil, o público poderá conferir em nosso festival uma rica e intensa lista composta por comédias e filmes de arte", destaca Erica.
Segunda a curadora, a escolha dos filmes baseou-se em parte nos filmes que são apresentados em grandes festivais internacionais, principalmente nos Festivais de Veneza e de Roma, que são fios condutores da cinematografia italiana. "Optamos também por filmes com histórias autênticas, que de alguma forma levassem a reflexão fizessem rir de situações inusitadas, onde a arte imita a vida ou possivelmente o exato contrário", explica.
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Filmes
Fazem parte da seleção filmes de diretores renomados como Pupi Avati com o comovente “Lei Mi Parla Ancora” (Ela Ainda Fala Comigo) e o filme “Blackout Love”, primeiro longa de Francesca Marino. Destaque para o filme dirigido por Alessandro Gassmann, “Il Grande Silenzio” (O Grande Silêncio), que narra os conflitos, os mal-entendidos, as comparações, as vozes e os silêncios de uma família caótica e disfuncional.
O público poderá conferir excelentes interpretações de Pierfrancesco Favino, Valerio Mastrandrea e Rocco Papaleo em “Tutti Per 1 – 1 Per Tutti” (Todos Por 1 – 1 Por Todos), que representam Os Três Mosqueteiros, um pouco fora de forma mas nunca enferrujados, e de Stefano Accorsi e Valeria Golino no drama intrigante “Lasciami Andare” (Deixe-me Ir) de Stefano Mordini.
E não poderia faltar o filme “Ariferma” (Ar parado) de Leonardo Di Costanzo, apresentado no Festival de Veneza, que traz o talento de Toni Servillo como agente carcereiro e Silvio Orlando, como prisioneiro, pela primeira vez juntos, num enredo imaginário criado após a visita de Di Costanzo a diversos presídios.
A seleção também contempla “La Terra Dei Figli” (A Terra dos Filhos), uma titânica e emocionante história de aventura, além de grande jornada física e sentimental, que fala sobre temas que pertencem cada vez mais ao sentimento comum: o futuro do mundo que deixaremos aos nossos filhos e a importância da memória. O filme “Una Relazione” (Uma Relação) de Stefano Sardo mostra os sentimentos envolvidos numa longa relação sem compromissos entre um casal. “Morrison” (Morrison Café) de Federico Zampaglione é ambientado no lendário pub de Roma e conta a história do encontro duas gerações diferentes unidas pela paixão pela música: um jovem artista sonhador e um ex-rock star em crise.
“Governance” é uma coprodução Itália-França de Michael Zampino sobre o preço do poder e a crueldade empresarial, com intérpretes de alta qualidade. “Lovely Boy” de Francesco Lettiere, apresentado na seleção oficial do Festival de Veneza, mostra a ascensão e declínio de uma estrela da música da periferia romana. “Welcome Venice” de Andrea Segre, também estreante no Festival de Veneza, é um drama ambientado em Veneza sobre três irmãos venezianos que entram em conflito sobre o uso da casa de sua família – um quer transformá-la num bed-and-breakfast para explorar o turismo.
Na sessão comédia o público vai se divertir com a continuação de “Come Un Gatto in Tangenziale”, (Como um Gato na Marginal – Retorno a Coccia di Morto) apresentado na 14ª edição do nosso festival e dirigido por Riccardo Milani. Desta vez, Luca Argentero, integra o elenco ao lado dos protagonistas Paola Cortellesi e Antonio Albanese. Em “Con Tutto il Coure” (Com Todo o Meu Coração), que ficou entre os TOP 5 da bilheteria na Itália, traz Vincenzo Salemme na direção e interpretando um singelo professor que herda o coração de um criminoso. O jovem diretor Alessandro Capitani de “I Nostri Fantasmi” (Os Nossos Fantasmas) apresenta um jogo de “fantasmas” na busca de um lar, com destaque para atuação de Orlando Forte interpretando o personagem Carlo aos seis anos de idade.
Fechando a maratona de filmes inéditos, apresentamos uma justa homenagem à nossa retrospectiva “As Mais Belas Trilhas Sonoras do Cinema Italiano”, com o documentário sobre o compositor, pianista, contrabaixista e maestro Ezio Bosso, de Giorgio Verdelli. “Ezio Bosso – Le Cose Che Restano” (Ezio Bosso – As Coisas Que Restam) conta a incrível história profissional de um artista original e apaixonado, que é motivada pelo desejo de encontrar a sua presença, não apenas uma memória, nas palavras dos entrevistados. O filme é construído num contínuo dueto voz-música, entre pensamentos e composições de Bosso, capaz de passar da Carmina Burana ao rap. O filme também relata levemente momentos fortes, através da luta autodepreciativa e exaustiva de Bosso com a doença e com as ferramentas que se propôs a dominar, graças à sua técnica extraordinária.
"Esta fase de relançamento do cinema italiano, ainda não traz de volta as grandes glórias do final dos anos 1950 e início dos anos 1960, mas com certeza traz a paixão única do sentimento italiano de se fazer cinema", conclui a curadora.