MPB

"1979 - O Ano que Ressignificou a MPB" traz escritos sobre álbuns incontestes da música nacional

Livro organizado por Célio Albuquerque foi lançado recentemente pela Garota FM Books

Foto: Paullo Almeida/Folha de Pernambuco

O ano de 1979 é um daqueles períodos na Música Popular Brasileira (MPB) que se pode chamar de solar, em se tratando de produções fonográficas livres das agruras de um AI-5 após uma década de imposição de sombras a intérpretes e compositores do País.

Esse é exatamente o contexto trazido em detalhes pelo jornalista e pesquisador Célio Albuquerque, no recém-lançado “1979 - O Ano que Ressignificou a MPB” - com edição da Garota FM Books. 

 

Acervo notável
A publicação sucede o anterior “1973 - O Ano que Reinventou a MPB”, também organizado por Célio. Produzido a partir de um bem-sucedido financiamento coletivo, a obra é composta por escritos de artistas e de jornalistas acerca de discos marcantes da época, a exemplo de “Eu e Meu Pai” (Luiz Gonzaga), sob resenha do crítico de música e jornalista paraibano José Teles, e “Vento Nordeste” (CBS, 1978), de Terezinha de Jesus, em formato de reportagem escrita pela jornalista pernambucana Mariana Mesquita para a Folha de Pernambuco em 2019. 
 

"Eu e Meu Pai", de Luiz Gonzaga

Fábio Cabral de Melo, à frente da loja Passa Disco, espaço da Zona Norte do Recife que resiste ao tempo, abrigando vasto acervo de títulos raros, e os jornalistas Cleodon Coelho e Talles Colatino também integram o time de pernambucanos contadores de histórias de álbuns memoráveis de um ano libertário para a música nacional.

Mulheres da MPB
Ora como resenha, ora como prosa ou reportagem, cada um dos pouco mais de noventa autores e de diversas localidades do Brasil, trouxeram à baila a notoriedade de trabalhos relevantes para o mercado fonográfico. Vale ressaltar discos assinados por mulheres cantoras e compositoras, que a partir de então fincariam espaço cativo no cenário musical.

A maranhense Alcione, já conhecida como Marrom em 1979, com o seu “Gostoso Veneno” - álbum figurou entre os mais executados, até o ano seguinte ao seu lançamento - é um exemplo trazido por Vicente Dattoli, jornalista e escritor carioca. 

Tal qual “Senhora da Terra” (1979), citado pelo jornalista carioca Gilberto Porcidonio. Das raridades de Elza Soares e que marcou sua maturidade vocal - sendo relançado nas plataformas digitais em 2020 para celebrar as suas então nove décadas de vida.

A abertura feminina na música também veio corroborada por narrativas sobre Amelinha, Angela Ro Ro, Baby Consuelo, Clara Nunes, Dona Ivone Lara, Elba Ramalho, Elis Regina, Gal, Gretchen, Maria Bethânia, Zezé Motta, entre outras mulheres que contribuíram para o realce do ano que ressignificaria a MPB

Outras influências
Ainda sobre recortes aventados por Célio Albuquerque no livro, o próprio, no prefácio, destaca também a geração de compositores, o samba e a “leva” de nordestinos. “O profícuo Quinteto Violado coloca no mercado seu “Pilogamia do Baião” (...) O repertório vai de ‘Numa Sala de Reboco’ (Zé Marcolino e Luiz Gonzaga) até ‘Paluchiado da Cachaça’ (Roberto Santana e Toinho Alves)”, pontua ele que cita ainda “Outros Ventos” para aquele ano de 1979, com uma música negra que pulsava nas pistas com Lady Zu, em seu “Fêmea Brasileira”, e com “versões bacanas de ‘A Banda’, de Chico Buarque”. 

 

Disco "Pilogramia do Baião", do Quinteto Violado 

O organizador arremata, justificando porquê o final da década de 1970 merecia uma leitura especial, compilada em um livro, com fala de Fábio Passa Disco ainda para a matéria assinada por Mariana Mesquita à Folha de Pernambuco. “Se 1973 vivenciou o auge da repressão e da censura, 1979 aspirou à expectativa de mudanças. Havia uma perspectiva de novo tempo que mudou o tom da música. Até canções proibidas puderam ser gravadas”. 

Mariana Mesquita, jornalistaMariana Mesquita, jornalista                                                  Crédito: Reprodução/Instagram

Serviço
Livro “1979 - O Ano que Ressignificou a MPB”, organizado por Célio Alburquerque/Editora Garota FM Books
Preço de capa: R$ 99

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