"1989 (Taylor's Version)": álbum revive cinco descartes inéditos assinados por Taylor Swift
Regravação do álbum faz parte de campanha da artista pelo resgate legal e monetário das suas composições
Disponível desde a madrugada desta sexta-feira (27), "1989 (Taylor´s Version)" é, possivelmente, a regravação mais antecipada por quem tem acompanhado o embate legal de Taylor Swift pela recuperação dos direitos autorais de sua discografia, no decorrer dos últimos dois anos. Motor assertivo das produções audiovisuais da última década, o lançamento inicial do álbum (2014) consolidou integralmente a movimentação da artista para a música pop.
Parte de um projeto que teve início em abril de 2021, com "Fearless (Taylor's Version), a regravação de "1989" obedece ao mesmo padrão das demais e inclui cinco faixas inéditas escritas pela compositora durante o processo criativo do disco, há aproximadamente uma década: "Slut!", "Say Don't Go", "Now That We Don't Talk", "Suburban Legends" e "Is It Over Now?". Todas os descartes foram produzidos em colaboração com Jack Antonoff, vocalista da banda Bleachers, com quem Swift divide uma dinâmica musical semelhante à de John e Paul.
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É interessante observar a postura de instropecção da loirinha ao tecer retrospectivas por suas escolhas artísticas na inteiridade do projeto de regravações. Apesar do sucesso comercial e crítico do seu primeiro álbum pop, Swift parece finalmente confortável o suficiente para abordar as polêmicas agravadas pela superexposição midiática que vivenciou paralelamento ao seu sucesso. Através das suas redes sociais, a cantora anunciou a chegada do álbum, assim como o novo prólogo do mesmo - acessando a situação a partir de uma percepção mais madura.
Confira trecho do prólogo de "1989 (Taylor's Version)":
Quando eu tinha 24 anos, eu sentei em um camarim de bastidores em Londres. Animada com a antecipação. Minhas cantoras de apoio e meus colegas de banda se juntaram ao meu redor em um círculo espalhado. Tesouras apareceram e eu olhava para o espelho enquanto minhas mechas de cabelos longos e cacheados caíam em montes no chão. Lá estava eu, vestindo minha camisa xadrez de botão, sorrindo animada enquanto meus colegas de turnê e amigos aplaudiam meu corte de cabelo. Essa coisa simples que todo mundo faz. Mas eu tinha um segredo. Para mim, era mais do que uma mudança de estilo capilar. Quando eu tinha 24 anos, eu decidi me reinventar completamente.
Como uma pessoa se reinventa, vocês perguntam. De toda forma que eu conseguia pensar. Musicalmente, geograficamente, antieticamente, de forma comportamental, motivacionalmente…E eu fiz isso de forma alegre. A curiosidade que eu senti nos primeiros murmúrios enquanto fazia o “Red” tinham se ampliado em um batimento de coração incessante em meus ouvidos. Os riscos que tomei quando brinquei com sonoridades pop e maior sensibilidade no Red? Eu queria ir além. O senso de liberdade que senti quando viajava para grandes cidades? Eu queria morar em uma delas. As vozes que começaram a me envergonhar de formas novas por namorar como uma jovem mulher? Eu queria silenciá-las.
Veja só – nos anos que antecederam isso, eu me tornei o alvo de xingamentos pejorativos – a intensidade e a implacabilidade que seriam criticadas se tivessem acontecido hoje. As piadas sobre minha quantidade de namorados, a trivialização da minha escrita em composição como se fosse um ato predatório de uma psicopata louca e gostosa. A mídia sendo co-autora nessa narrativa. Eu tive que fazer isso parar porque estava realmente começando a me machucar.
Ficou claro para mim que, para mim, não existia algo como ‘namoro casual’, ou nem mesmo ter um amigo casual que fosse do sexo masculino com quem você platonicamente passa tempo. Se eu fosse vista com ele, já era assumido que eu estava dormindo com ele, e então eu desisti de sair com meninos. Namorar, flertar, ou qualquer coisa que pudesse ser usada contra mim por uma cultura que clamava acreditar em libertar as mulheres, mas consistentemente me tratava com os duros códigos morais da era vitoriana.