'7 Prisioneiros', da Netflix, aborda com maestria o drama da escravidão moderna
Longa-metragem, que estreia nesta quinta-feira (11), traz Rodrigo Santoro e Christian Malheiros no elenco
Depois de passar pelo Festival de Veneza, em setembro, e ser aplaudido pelo público presente, “7 Prisioneiros” estreia na Netflix nesta sexta-feira (11). Com Rodrigo Santoro no elenco e Fernando Meirelles entre seus produtores, o filme trata de forma “nua e crua” de um dilema social brasileiro que, vira e mexe, retorna aos noticiários: o trabalho análogo à escravidão.
Em seu segundo longa-metragem, Alexandre Moratto repete a parceria com o ator Christian Malheiros, elogiado por sua atuação em “Sócrates” (2019). Ele interpreta Mateus, um jovem que deixa a família no Interior com a promessa de um emprego digno na grande São Paulo, para assim conseguir ajudar a mãe e as irmãs. Ao chegar ao ferro velho comandado por Luca (Santoro), o que ele encontra é uma realidade muito mais cruel.
Na companhia de outros seis rapazes, o protagonista é submetido a um regime de trabalho desumano. Morando no local do emprego e em condições completamente insalubres, o grupo vê supostas dívidas com alimentação e aluguel surrupiaram todo o salário a qual têm direito. Ameaças constantes às vidas deles e de seus familiares dificultam qualquer possibilidade de fuga.
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“7 Prisioneiros” expõe o absurdo da escravidão moderna, mas não se prende a isso. É o processo de transformação vivenciado pelo protagonista que torna o longa tão interessante. Buscando sobreviver e sair dessa situação, Mateus usa da sua esperteza para ganhar a confiança do explorador. Essa aproximação, no entanto, faz com que ele vá, aos poucos, abrindo mão de seus valores.
Sem aderir a uma narrativa maniqueísta, o filme retrata o caminho que leva o oprimido a se tornar também uma peça desse sistema de opressão. O personagem vivido por Santoro é trabalhado em diversas camadas. Quanto mais o roteiro aprofunda o seu passado, mais nítidas ficam as semelhanças com o protagonista. Estariam Mateus e Luca apenas em estágios distintos do mesmo processo de desumanização?
Em atuações impecáveis, Rodrigo Santoro e Christian Malheiros conseguem dar o tom certo aos seus personagens, sem afetações e sempre com bom entrosamento em cena. O roteiro tem ritmo que nos faz ficar atentos a cada novo passo dado por Mateus, tentando prever as consequências de suas ações. Não à toa, o longa vem conquistando elogios da crítica internacional. É, sem dúvidas, o melhor longa brasileiro original da Netflix em 2021.