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CINEMA

''A Verdadeira Dor'', indicado ao Oscar 2025, concilia sofrimento e humor; leia a crítica do filme

Filme, que estreia nesta quinta-feira (30) nos cinemas brasileiros, concorre em Melhor Roteiro Original e Melhor Ator Coadjuvante na premiação

Em ''A Verdadeira Dor'', Kieran Culkin e Jesse Eisenberg são os protagonistas da comédia dramáticaEm ''A Verdadeira Dor'', Kieran Culkin e Jesse Eisenberg são os protagonistas da comédia dramática - Foto: Divulgação

Quando se perde um ente querido, é natural a dor do luto vir manifestada de diferentes formas por cada indivíduo, seguida pela escolha de quais lembranças vão permanecer da pessoa se foi. Em ''A Verdadeira Dor'', que estreia nesta quinta-feira (30) nos cinemas brasileiros, partimos em uma viagem à Polônia, sobretudo, para dois primos se reconectarem, inclusive, com a sua recém-falecida avó Dory.

Na trama da comédia dramática, acompanhamos o surpreendente e boêmio Benji (Kieran Culkin), e seu primo pragmático e inibido David (Jesse Eisenberg). Em memória da avó Dory, uma sobrevivente do Holocausto, os dois decidem usar o dinheiro deixado por ela para participar de uma excursão na Polônia, que revisita memórias do genocídio de judeus cometido pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial.

Conflitos
Os primos costumavam ter uma relação bem próxima, mas com o tempo foram se afastando. Casado e com um filho pequeno, David tem uma vida cômoda no Brooklyn, em Nova Iorque, vendendo publicidade online. Enquanto, Benji se encontra desempregado, com uma vida errante, incapaz de fincar raízes por onde passa.    

Após o breve encontro no aeroporto, percebemos que as diferenças entre os protagonistas devem ser colocadas à prova durante a viagem. O jeito displicente e charmoso de Benji lidar com as pessoas é a receita de desastre para o ansioso e introvertido David.

Na Polônia, os primos encontram os outros turistas da excursão e seguem a viagem, com o intuito de se conectarem às raízes familiares. Durante o passeio, eles transitam por locais em Varsóvia e Lublin, explorando o passado da família, aliás, é a primeira vez que um filme narrativo foi gravado em um campo de concentração real. Inevitavelmente, os dois também relembram das suas próprias escolhas e dos motivos que provocaram o afastamento entre eles.   
 
Em ''A Verdadeira Dor'', constantemente, Benji faz o grupo da excursão refletir sobre o privilégio de vivenciar a tragédia do Holocausto através de um passeio, inclusive, exigindo do guia turistico tempo para eles sofreram pela perda das pessoas e não apenas observar os fatos históricos. A melancolia do personagem dissipa o seu charme e desperta a sua depressão em meio ao luto.   
  
Por outro lado, David parece anestesiado por toda essa intensidade de emoções. A culpa e preocupação o consomem, na medida que assume a sua ausência como um abandono do seu primo.   
    

Destaques
Em ''A Verdadeira Dor'', além de ser o intérprete de David, Jesse Eisenberg assume pela segunda vez a direção e roteiro de um longa-metragem (''Quando Você Terminar De Salvar O Mundo'', a obra anterior). Conhecido pelos seus papéis em ''A Rede Social'' e ''Zumbilândia'', Jesse realizou um trabalho mais sensível, construindo a relação entre os primos.

O diretor reserva para si mesmo apenas uma cena para reverberar a sua performance, pois o destaque de ''A Verdadeira Dor'' é mesmo o Kieran Culkin. Para os fãs saudosistas da série ''Succession'', não é surpresa alguma a atuação de Culkin, que entrega humor e melancolia, conforme pede o seu personagem.

Por conta desses méritos, o longa de Eisenberg está indicado ao Oscar 2025 em Melhor Roteiro Original e Melhor Ator Coadjuvante pela atuação de Kieran Culkin, que venceu o Globo de Ouro deste ano.

''A Verdadeira Dor'' é um passeio sobre sofrimento, através da memória, mas também propõe respeito à vida daqueles que foram atravessados pelo Holocausto. O legado deixado por essas pessoas, isso sim, deve ser celebrado.

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