A volta da brilhante alma do teatro
No domingo (19), foi comemorado o Dia Nacional do Teatro; Principais equipamentos pernambucanos já retornam com programações
Por mais de um ano, os três sinais sonoros anunciando o início do espetáculo foram abafados e as poltronas permaneceram vazias. Reerguendo-se, o teatro teve seu dia celebrado ontem (19). A data é destinada a homenagear uma das manifestações artísticas mais antigas da humanidade, originalmente iniciada pelos gregos. No Brasil, o teatro nasceu no século XVI estimulando a crença religiosa e ganhou força após a chegada da Família Real Portuguesa, em 1808. A partir disto, a cena teatral nacional passou por diversas transformações até conquistar sua própria identidade e se tornar uma das mais prestigiadas formas de arte do País e do mundo.
Cenário local
Pernambuco construiu uma história íntima e duradoura com a arte da representação. Seja com a “Casa da Ópera”, erguida em 1722, denominada depois de São Francisco ou tendo o maior teatro a céu aberto do mundo: Nova Jerusalém. O Teatro Santa Isabel, por exemplo, está entre os 14 teatros-monumento do Brasil tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Nele, um amontoado de histórias repletas de drama, comédias, óperas e festas perpassa gerações. Também no Estado, os teatros Guararapes e o da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) estão entre os maiores do Brasil.
Pandemia
Os teatros, por serem ambientes fechados, foram os primeiros espaços fechados no início da pandemia, mas como a maioria do setor artístico, o espetáculo teatral abriu mão do encanto presencial e recorreu ao on-line para sobreviver e promover entretenimento em um período tão difícil para todos. Apesar das dificuldades oriundas da pandemia, migrar para as telas dos computadores e celulares fez o palco não ter dimensões.
O Teatro de Fronteira foi uma das companhias do Recife que estabeleceu novas estratégias para permanecer atuando durante a pandemia. “Fizemos quatro projetos durante esse tempo. Adaptamos muitas coisas para caber no on-line e funcionou. Mesmo com o retorno, acredito que este formato ainda deve permanecer”, explicou o ator Rodrigo Dourado, que teve trabalhos premiados neste período.
Retorno e vantagens
Muitos espaços já voltaram a funcionar pela Região Metopolitana do Recife. Alguns ainda não abriram agenda para espetáculos e shows, apenas com eventos corporativos, como é o caso de Teatro RioMar, localizado no Pina, na Zona Sul do Recife. O Guararapes, em Olinda, também segue com programações mais restritas, porém já com datas confirmadas para apresentações no fim de outubro.
Os teatros Apolo, Hermilo Borba Filho, do Parque, de Santa Isabel, Luiz Mendonça e Barreto Júnior retomaram expedientes de atendimento presencial ao público a partir do último mês de junho. Nestes, quem tiver com a vacinação completa ganha 20% de desconto na compra de ingressos para espetáculos em cartaz, no período da campanha, que pode ser prorrogado.
“Nossos espaços culturais são um símbolo, uma tradução deste momento em que se inicia uma volta gradual. Teatros são locais de encontro. E já estamos vivendo reencontros que nos apontam dias melhores. Mesmo ainda sob necessários protocolos, restrições, capacidade limitada, nada tem abalado essa vontade, represada por tanto tempo, de artistas, produtores e técnicos: voltar aos palcos. O espetáculo tinha sido obrigado a parar, mas a criatividade, a garra, a resistência, o talento, essa conjunção de virtudes da cultura recifense, isso não se imobiliza. E começa a voltar, da forma possível, com uma força que não se esgota. E sabe se renovar”, afirma Ricardo Mello, secretário de Cultura do Recife.