"Abracadabra 2" tem apelo nostálgico e roteiro conectado aos novos tempos
Sequência do filme lançado em 1993 chega diretamente ao Disney+ nesta sexta-feira (30)
Parte da experiência de ter sido criança nos anos 1990 envolve ter passado algumas horas em frente à TV assistindo na “Sessão da Tarde” às repetidas exibições de filmes que mais tarde seriam elevados ao status de “cult”. São produções que agora despertam no público já adulto a tão falada nostalgia, essa sensação que tem feito Hollywood resgatar cada vez mais histórias do passado em remakes, reboots ou sequências.
A Disney tem sido campeã em fazer da obsessão dos fãs por filmes antigos uma fonte inesgotável de lucro. A verdade é que, enquanto algumas dessas empreitadas saudosistas são muito bem-sucedidas, outras acabam desagradando profundamente o público e a crítica. Por isso, nada mais natural do que olhar com certa desconfiança para o anúncio de “Abracadabra 2”, que estreia nesta sexta-feira (30), diretamente na plataforma de streaming do estúdio norte-americano.
A ideia de reviver nas telas as irmãs Sanderson já vem sendo cogitada há algum tempo. Depois de anos de informações desencontradas na mídia e alfinetadas proferidas por parte do elenco, o projeto finalmente saiu do papel. E não se trata de uma nova versão com atores diferentes da mesma história, mas sim uma continuação direta do longa lançado em 1993, com Bette Midler, Sarah Jessica Parker e Kathy Najimy de volta aos seus papéis.
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As bruxas e uma nova chance
No primeiro filme, Winnie (Bette Midler), Sarah (Sarah Jessica Parker) e Mary (Kathy Najimy), três bruxas do século 19, ressuscitam determinadas à destruírem a cidade de Salem. Quase 30 anos depois de terem sido derrotadas por um grupo de crianças, as feiticeiras ganham uma nova oportunidade para concretizar o plano de vingança.
Sob a direção de Anne Fletcher, “Abracadabra 2” não traz nenhuma grande ruptura em relação a sua concepção original, mas essa não parece ser sua pretensão. O filme traz de volta o clima excêntrico e engraçado de seu antecessor, cumprindo bem a missão de oferecer uma opção divertida para ver com a família durante o fim de semana, mas sem deixar de demonstrar conexão com a contemporaneidade.
É óbvio que reflexões sobre os papéis de gênero não poderiam faltar no roteiro, afinal seria possível fazer um filme sobre bruxas, em 2022, sem questionar as imposições sofridas pelas mulheres ao longo de tantos séculos? Nesse sentido, o longa dedica seus primeiros minutos a mostrar as irmãs Sanderson antes de se envolverem com a magia, tentando sobreviver à opressão de uma comunidade pautada pelo domínio patriarcal.
Diversidade, mas sem aprofundamento
Além do olhar para o feminino, também é possível notar uma preocupação com a diversidade étnica na escolha do novo trio formado para combater as bruxas. Agora, cabe às amigas adolescentes Izzy (Belissa Escobedo), Becca (Whitney Peak) e Cassie (Lilia Buckingham) impedirem a destruição total de Salem. Enquanto as veteranas conseguem repetir a mesma sinergia de 29 anos atrás, as novatas ainda parecem engatinhar na tentativa de atrair para si as atenções.
Apesar de estar alinhado ao discurso de empoderamento feminino, a obra não se propõe a levantar bandeiras. O foco está mesmo em proporcionar entretenimento para o público que acompanha, por exemplo, as novas interações das atrapalhadas feiticeiras com a tecnologia atual. Os números musicais, sempre lembrados pelos fãs, ganham ainda mais força nesta continuação. Com um desfecho que segue o modelo Disney de sempre apresentar uma “moral da história” no final, “Abracadabra 2” atende bem à sede nostálgica e ainda no público aquele gosto de “quero mais”.