Agnaldo Rayol: legado inestimável e carreira que atravessou décadas
Cantor carioca morreu nesta segunda-feira (4), em São Paulo, após uma queda em casa
Foi com “Minha Gioconda” (Vicente Celestino) e “Tormento d’Amore” (Luiz Schiavon / Ando / Marcelo Barbosa / Pedro Barezzi) nas duas primeiras posições do ranking das mais ouvidas de Agnaldo Rayol, que o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) homenageou o barítono carioca de 86 anos, que se foi ontem após ter sofrido, em sua casa em São Paulo, uma queda.
Os clássicos elencados não são necessariamente italianos, já que foram compostos também por brasileiros, mas foi neste idioma que o cantor, ator e apresentador, preencheu boa parte de seu fazer artístico no decorrer de uma carreira que atravessou pelo menos sete décadas de história na Música Popular Brasileira.
Na base de dados do Ecad, são mais de 300 gravações cadastradas em estilo “Agnaldo Rayol” de (en) cantar, sob requinte estilístico e técnica vocal irretocável que pairou, também entre roteiros noveleiros em “O Rei do Gado” (1996) e “Terra Nostra” (1999).
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Foram as canções "novelescas" citadas acima que o credenciaram a ganhar o País e ficar conhecido também no universo popular, além de levá-lo à gravação de um disco com interpretações de músicas em italiano - vocação herdada pelo fato de sua mãe ser daquele país.
"Minha mãe é italiana e cresci ouvindo essas canções", disse ele ao Globo em 1999. "Na primeira vez em que me apresentei ao vivo, na rádio Nacional, foi cantando 'Matinatta'", completou.
Aos cinco anos de vida, na Rádio Nacional, Rio de Janeiro, Rayol começou a esbanjar em voz - e sua primeira apresentação ao vivo na emissora, foi, claro, cantando a italiana “Matinatta”, de Ruggero Leoncavallo, compositor de ópera.
Mas sua projeção como cantor se deu no final da década de 1950 para, nos anos seguintes, atingir seu auge a partir do primeiro disco “Agnaldo Rayol” (Copacabana, 1958). O start para outros 30 álbuns entre LPs e CDs, que integram o seu acervo como artista da música.
Mas também no cinema, o jovem galã Rayol - como era nominado - ganhou destaque em longas como “Também Somos Irmãos” (1949), com Grande Otelo no elenco, e “Jeca Tatu” (1959). Assim como na televisão, em programas humorísticos e em novelas, a exemplo de “As Pupilas do Senhor Reitor” e “Sol Amarelo”.
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Amor na televisão
Há pelo menos cinco décadas, Agnaldo Rayol foi casada com Maria Gomes, quem conheceu em um programa de televisão. Em estágio avançado de Alzheimer, ele dedicava a ela cuidados e não hesitava em expor em redes sociais, o seu amor.
Sem filhos, e por opção, após um trauma sofrido aos 18 anos, quando perdeu um menino aos poucos meses de vida, Rayol viveu ao longo dos seus 86 anos para dois amores (e paixões): a arte e a vida ao lado da companheira a quem ele se dirigia como “minha Maria”.
Foi em 2017 sua derradeira aparição na televisão como ator, na série global “Mister Brau”, com Lázaro Ramos e Taís Araújo, em papel que ele dominava tanto quanto o fez em outros feitos artísticos.
Ele foi o apresentador Tom Bob, relembrado por ele como um momento em que vai “guardar para sempre no meu coração”.
E este mesmo sentimento de guardar, permanecerá nos ouvidos atentos a uma das vozes maiorais do País, como bem foi dito em nota oficial no Instagram do artista: “Agnaldo Rayol deixa um legado inestimável para a música brasileira, com uma carreira que atravessou décadas e tocou os corações de milhões de fãs”.