''Ainda Estou Aqui'': favorito ao Oscar 2025 estreia nesta quinta (7); confira
Longa-metragem brasileiro é protagonizado por Fernanda Torres e Selton Mello
Em "Ainda Estou Aqui" Eunice Paiva passa 40 anos em busca da verdade sobre o desaparecimento do seu marido, Rubens Paiva, na década de 1970, durante a ditadura militar brasileira. A história real de luta e perseverança da família, que resultou em um livro escrito pelo filho do casal, estreia nesta quinta-feira (7) nos cinemas brasileiros, com destaque para a atuação de Fernanda Torres como a matriarca.
Ambientado no Rio de Janeiro, a trama do longa-metragem atravessa a família Paiva - Rubens, Eunice e seus cinco filhos - durante quatro décadas. "Ainda Estou Aqui" retrata um dos períodos mais violentos do País, realizando uma revisitação histórica importante, que aponta contradições da justiça brasileira no pós-ditadura.
Reinventar
Eunice Paiva esteve ao lado do marido, o deputado Rubens Paiva, durante a sua cassação e exílio, em 1964. No entanto, quando é obrigada a lidar com o desaparecimento dele, em 1971, a protagonista é colocada à prova. Mãe de cinco filhos, ela teve que criá-los sozinha, ao mesmo tempo que precisou se reinventar.
Depois de Rubens, interpretado por Selton Mello, ter sido preso, torturado e morto por agentes da ditadura, Eunice mantém a serenidade em meio ao luto, decide voltar a estudar, tornando-se advogada e defensora dos direitos indígenas. Além disso, virou símbolo da luta contra a ditadura do regime militar.
Para representar a resiliência e o vigor de uma mulher que optou por nunca chorar na frente das câmeras, a escolha de Fernanda Torres para interpretar Eunice foi excepcional.
"Essa mulher se reinventa. Ela faz o País reconhecer, 26 anos depois, que a família dela sofreu um atentado de estado", explicou a atriz em entrevista ao "Fantástico", na Globo.
Adaptação
O dramaturgo Marcelo Rubens Paiva, 65, filho de Eunice e Rubens, escreveu "Ainda Estou Aqui" em 2015. Assim como o livro, o longa reúne memórias descritas pelo autor desde a sua infância até momentos cruciais do caso do seu pai.
Dentre as diversas lutas enfrentadas pela sua mãe, o filme segue Eunice até a sua última luta, que foi contra o Alzheimer. Na ocasião, somos presenteados com a participação de Fernanda Montenegro, mãe de Fernanda Torres, como a versão mais velha da advogada.
"Ainda Estou Aqui" apresenta a angústia da família Paiva em relação a falta de resolução do sumiço de Rubens. Em 2014, após quatro décadas, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) apresentou informações sobre o caso do desaparecimento do ex-deputado, confirmando que ele foi torturado e morto em instalações militares.
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Oscar 2025
"Ainda Estou Aqui" fez sua estreia internacional no Festival de Cinema de Veneza, em 1° de setembro, levando o prêmio de Melhor Roteiro, que foi escrito por Murilo Hauser, Heitor Lorega e Marcelo Rubens Paiva. Desde então, o filme vem fazendo um enorme sucesso com a crítica especializada, sendo apontado como um dos favoritos ao Oscar 2025.
O filme foi indicado pela Academia Brasileira de Cinema para ser o representante nacional como Melhor Filme Internacional. A última vez que um longa-metragem brasileito foi indicado a disputar essa categoria foi em 1999 com "Central do Brasil", de Walter Salles, também diretor de "Ainda Estou Aqui".
A produção brasileira pode vir a conquistar outras indicações, como Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Ator Coadjuvante para Selton Mello ou Melhor Atriz para Fernanda Torres.
A repercussão levou o público brasileiro a criar expectativa para a premiação hollywoodiana, por conta da possibilidade de Torres ganhar na mesma categoria que a sua mãe, Fernanda Montenegro, foi derrotada em 1999 por ''Central do Brasil''.