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Cinema

"Air: A História por trás do Logo" estreia nesta quinta-feira (6) nos cinemas; confira a crítica

Direção de Ben Affleck aliada a elenco brilhante transforma "romance empresarial" em dramédia leve e estilosa

"Air: A História por Trás do Logo" é dramédia leve e estilosa sobre parceria entre Nike e Michael Jordan"Air: A História por Trás do Logo" é dramédia leve e estilosa sobre parceria entre Nike e Michael Jordan - Foto: Divulgação/Warner Bros

Mesmo para os amantes de esportes e fãs da lenda do basquete Michael Jordan, o longa “Air: A História por trás do Logo”, estreia dos cinemas nesta quinta-feira (6), poderia ser só mais um ‘romance empresarial inspiracional’ sobre funcionários agindo em prol de uma aposta arriscada, se não fosse pela competência da produção e seu elenco em se apropriar da breguice com estilo e leveza.

A premissa atrai curiosidade: a história do “Air Jordan”, uma das linhas de tênis mais populares do planeta, e da parceria entre a Nike e Michael Jordan que mudou a indústria do esporte. Em uma era de tantos filmes biográficos formulaicos feitos à toque de caixa, é raro um longa que prefira focar em um recorte tão específico da história ao invés da vida de Jordan, ou a criação da Nike pelo excêntrico Phil Knight, interpretado pelo diretor Ben Affleck. Ao optar por essa narrativa, o discurso do filme parece mais genuíno.

Aqui, o enredo acompanha a figura de Sonny Vaccaro (Matt Damon), um olheiro de novos talentos do departamento de basquete da Nike - e o responsável por ver no novato Michael Jordan uma aposta que poderia virar o jogo à favor da empresa. Sonny quebra regras e “joga sujo” para convencer seus patrões a correrem riscos e investir todo o seu orçamento em um parceria com Jordan.

O roteiro de Alex Convery entende o tipo de filme que está fazendo e abraça a breguice dos discursos motivacionais - bem executados - ao mesmo tempo que também arrisca um humor ousado e diálogos ácidos. Esse potencial foi bem aproveitado pela criativa direção de Affleck e a boa entrega do elenco. Se os todos ‘astros’ não estivessem alinhados, talvez não desse tão certo.

Se dividindo entre a cadeira do diretor e a interpretação do CEO da Nike, Ben Affleck prova mais uma vez que seu lugar é atrás das câmeras. Não que sua performance como Phil Knight tenha sido ruim, muito pelo contrário. Mas na direção, Affleck torna “Air” diferente, estiloso e rico em referências culturais essenciais para a imergir numa história que pode ser alienígena para alguns, graças a uma também excelente montagem e direção de arte.

Seu maior mérito, no entanto, é saber brincar com o status de “semideus” de Jordan e seu tênis, ambos envoltos de misticismo, ao ponto que nunca nem vemos o rosto de Jordan em cena. A concepção do “Air Jordan” consegue ser excitante, como se estivéssemos de fato presenciando a história ser feita.

Novamente remetendo aos “astros alinhados”, a boa composição do filme não iria para frente se não estivesse apoiada em seu elenco brilhante. Vivendo Sonny Vaccaro, Matt Damon é um armador, uma presença sólida que facilita a dinâmica com os colegas de elenco, que roubam a cena constantemente - da atuação sóbria de Jason Bateman, aos hilários Chris Tucker e Chris Messina, e a sempre poderosa Viola Davis - exigência de Michael Jordan para interpretar sua mãe.

“Air: A História por trás do Logo” foi uma surpresa agradável fora do radar. Sua premissa pode assustar parte do público, e o marketing não ajuda, vendendo o tal drama empresarial motivacional e deixando de lado todo o estilo e charme cômico. Mas o longa é, no mínimo, mais democrático do que aparenta, empolgante e fácil de digerir. Não é um “filme do ano”, mas não me espantaria se marcasse presença nas premiações do ano.

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