Música

Ana Cañas estreia, com maestria, seu momento intérprete com clássicos de Belchior

Cantor e compositor cearense faria nesta terça-feira (26) 75 anos de idade; em tributo ao artista, Cañas estreia como intérprete com o disco "Ana Cañas Canta Belchior"

Capa do disco "Ana Cañas Canta Belchior", disponível nas plataformas digitaisCapa do disco "Ana Cañas Canta Belchior", disponível nas plataformas digitais - Foto: Marcus Steinmeyer

Presentemente, podemos nos considerar sujeitos de sorte. Apesar dos (taaaaantos) pesares, chegar até aqui “sãos, salvos e fortes”, ou quase isso, para contemplar o eco reiteradamente contemporâneo do cancioneiro de Belchior (1946-2017) no disco “Ana Cañas Canta Belchior” (Guela Records/Believe), é amparo para ouvidos atentos.

Recém-lançado nas plataformas de música, o trabalho marca a estreia da cantora e compositora paulista como intérprete, um debute levado por sutilezas vocais, mas com contundência que cabe à obra do artista cearense - que hoje se vivo estivesse celebraria 75 anos. 

“É meu primeiro disco dedicado integralmente a um compositor, e por que Belchior? Porque ele é atual, com letras que se encaixam dentro do contexto de caos, dor e sofrimento, e do abandono político de não-gestão de uma pandemia”, justifica, sobre o álbum que nasceu em uma live de 2020 e serviu como mote para 14 faixas certeiras e cantadas com excelência, culminando em uma das celebrações mais coerentes feitas a Belchior.
 

 

“Foi difícil escolher o repertório, mas a partir da live chegamos a esse projeto que, quiçá, vai  também se transformar em uma turnê em 2022. Confesso que foi desafiador gravar, por exemplo, ‘Como Nossos Pais’, em uma versão diferente da que Elis fez. Não vou esquecer desse dia, em que senti uma corrente elétrica atravessando meu corpo, com muitos arrepios. Senti que estava mexendo com estruturas potentes da música brasileira”, complementa.

“Como os Nossos Pais” é a faixa derradeira do disco, iniciado por “Coração Selvagem” - um abre-alas que assegura o quanto a consistência da obra de Belchior seguiu destemida no disco – produzido em parceria com o violonista e guitarrista Fabá Jimenez. “Sujeito de Sorte” vem na sequência e consolida a atemporalidade do “rapaz latino-americano”, (re) descoberto por gerações à sua frente, a atual inclusive, que ‘ano passado morreu, mas esse ano não morre’.

Crédito: Marcus Steinmeyer


“Belchior traz essa faca que corta o peito, é ele quem traz o papo reto das coisas. Poderia ter sido com Rita Lee, com Cazuza... Mas meu momento intérprete foi com ele”, ressalta Cañas. 

Aliás, toda a cantoria do disco saúda o Antônio Carlos Belchior do decorrer da década de 1970. “Fotografia 3 x 4”, “A Palo Seco” e “Medo de Avião”, esta última em uma releitura quase lúdica, vêm na sequência, com “Alucinação” e “Apenas um Rapaz Latino-Americano” findando a primeira metade do álbum. 

“Paralelas” abre a parte final e entrega a maestria de Ana Cañas em se apoderar das intensidades de Belchior, inclusive no universo sexual, escancarado na clássica “Divina Comédia Humana” e o desejo em querer ‘gozar no seu céu, pode ser no seu inferno’, que o diga.

“Os seis planetas dele em escorpião e eu com os meus quatro, faz com que a sexualidade seja algo corriqueiro em nossas cabeças. “Velha Roupa Colorida”, “Comentário a Respeito de John”, “Na Hora do Almoço” e “Galos, Noites e Quintais” ultimam, irretocáveis, o disco.

Sobrepostas
Ana Cañas fez sua estreia, também, como apresentadora da atração “Sobrepostas”. O primeiro episódio foi ao ar ontem pelo Canal Brasil, assim como pela Globoplay – a plataforma, aliás, já disponibiliza os três primeiros programas, cujo universo paira por entre histórias sobre sexualidade, prazer e autoconhecimento, em narrativas trazidas por mulheres e pessoas não-binárias.

A cantora e compositora baiana Luedji Luna abrir o rol de convidadas da primeira temporada com o tema “Primeiro Relacionamento”.

Crédito: Divulgação

Apresentado sempre às segundas-feiras, às 23h45, “Sobrepostas” tem criação e direção de Lívia Cheibub e Martina Sönksen. Idealizado para servir como espaço de acolhimento e localizar-se em outro extremo do que se conhece sobre sexualidade feminina, uma vez que desconstrói um universo pornográfico pautado por homens, héteros e cis, o programa é centrando na subjetividade feminina e realidades explicitadas sem moderações, e com respeito por cada mulher e cada corpo.

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