"Anéis de poder" traz destaque para Sauron e protagonismo feminino em 2ª temporada; veja trailer
Seriado inspirado na epopeia de J.R.R. Tolkien terá um episódio liberado por semana a partir desta quinta (29)
Há caos por toda a Terra-Média. Elfos correm risco de extinção, orcs avançam numa sangrenta dominação sobre os humanos e anões vivem uma situação-limite por falta de alimentos, desde que a sintonia que mantinham com a natureza, sem muito motivo, se quebrou.
É nessa profusão de embates que surge a segunda temporada da série “O Senhor dos Anéis: Anéis de Poder”, da Prime Video. Com cerca de uma hora de duração cada, os oito novos episódios serão atualizados semanalmente no serviço a partir desta quinta-feira (29).
A história do seriado, que se passa milhares de anos antes da epopeia contada na trilogia dirigida por Peter Jackson, não faz parte da série de narrativas criadas pelo célebre autor J.R.R. Tolkien (1892-1973), como aconteceu com a trilogia de filmes. Ou seja, a produção é baseada num roteiro criado especialmente para a série, mas com personagens, cenários e tramas amplamente inspiradas no autor britânico.
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Mesmo sem a contribuição da pena de Tolkien, porém, a produção é um sucesso do tipo arrasa-quarteirão. Para se ter uma ideia do impacto de “Anéis de Poder”, foram 25 milhões de pessoas assistindo ao primeiro episódio do seriado, lançado junto à temporada inicial, de 2022. O maior êxito do tipo para uma série no serviço de streaming em que está hospedada.
— Tentamos criar da maneira mais tolkieniana possível. Nossa ideia é permanecer fiel a aos temas centrais (da história original) que miram na devastação ambiental e natureza, na força da amizade e da camaradagem — opinou um dos criadores, Patrick McKay, ao longo da última San Diego Comic-Con, a mais relevante convenção de entretenimento do mundo. — Além de tratar da superação de grandes desafios e da batalha do bem contra o mal.
Finalmente, a ação
A fala do criador deixa clara a tônica da produção: se na primeira temporada há certa morosidade ao apresentar os personagens e os embates, a nova leva de episódios de “Anéis de Poder” o ritmo de "batalha" ganha aceleração.
Os primeiros segundos da produção têm uma sangrenta tentativa de assassinato e, dali em diante, não faltam embates com flechas, bombas de fogo e, claro, espadas.
— Galadriel não conseguirá ficar longe de confusões por muito tempo— diz a atriz Morfydd Clark, responsável por dar vida à elfa-protagonista. — Ela vê o mal emergir e, em certa medida, faz parte disso.
Parte do desafio de Galadriel nessa temporada diz respeito ao uso de um dos três anéis forjados a mando de Sauron (o maior antagonista de toda a saga) como forma de manipular os elfos — e usá-los de trampolim para estender sua influência também sobre os humanos e os anões. E, assim, dominar toda a Terra Média.
O vilão, inclusive, figura como um tipo de protagonista paralelo da série, pois é sua jornada de dor, sofrimento e maldade que faz a conexão entre a primeira e a segunda temporada do seriado.
Ainda nos primeiros minutos do episódio que será disponibilizado amanhã, por exemplo, é exibido o calvário que Sauron passou nas mão de Adar, líder dos Orcs (humanoídes deformados e violentos), até retomar a forma humana e enganar Galadriel.
Nessas cenas, impressiona a caracterização dos atores, feita por meio de maquiagem e próteses, sem tanto apelo à computação gráfica. Uma decisão criativa para deixar as sequências mais factíveis.
No atual ponto da série, vale dizer, Sauron fica ainda mais íntimo de Celebrimbor (Charles Edwards) o elfo capaz de forjar os tais anéis que são o objeto-desejo do vilão. Envolvido na lábia do antagonista, o elfo figurará como peça fundamental no plano de poder do vilão, e ativamente contribuirá para isso.
A essa altura da história, três dos anéis de poder já existem e estão sob posse dos elfos, que decidem usá-los, para salvar sua espécie, que está em declínio de força, sem saber muito bem qual o tamanho da influência da joia em suas ações.
— Sauron quer curar e unificar a Terra Média, e ele pensa que tudo vai funcionar muito melhor sob seu comando, acredita que será ótimo se todos apenas ouvissem ele — graceja o ator australiano Charlie Vickers, que aparece numa longa peruca platinada para as ações de Sauron nessa nova temporada. — Para mim como ator não é muito produtivo vê-lo como alguém apenas ruim, mas claro que sei que ele é malvado.
O destaque a Sauron denuncia que há nesta segunda temporada o interesse em ampliar o conhecimento sobre os vilões da história. Além do vilão como fio condutor da trama, há ainda Adar (Sam Hazeldine), o líder dos assustadores orcs, também ganha papel mais decisivo na história.
Trata-se de uma das figuras mais interessantes da trama. De um lado, figura como pai amoroso de sua horda de monstros. Por outro, é absolutamente tirano com qualquer sombra de oponente que desponte em sua frente.
— Além de enxergar que a primeira temporada tem como tema os heróis e a segunda ser mais focada nos vilões, também acho que um assunto importante é sobre pessoas tentando roubar poderes que pertencem aos deuses e o impacto disso sobre si mesmo e seu povo — diz o produtor Patrick McKay.
Personagens secundários ganham fôlego extra
Poucas figuras sofreram tanto na primeira temporada de “Anéis de Poder” quanto o homem agigantado conhecido como “Estranho”, que foi amparado por uma dupla de garotinhas da tribo dos pés-peludos — criaturas que lembram os Hobbits na forma e no conteúdo, mas são integrantes de uma tribo nômade em "Anéis de Poder".
Vivido pelo britânico Daniel Weyman, a simpática e sofredora criatura ganha um importante upgrade na nova temporada. Além de conseguir articular palavras com mais facilidade (até o fim da temporada passada ele mal era capaz de conversar) ele receberá uma mãozinha de Tom Bombadil (Rory Kinnear), criatura benevolente ligada à natureza, que foi criada por Tolkien, mas nunca esteve em uma produção cinematográfica anteriormente.
— O ‘‘Estranho’, ao longo da primeira temporada, se tornou uma figura confiante. Ele começa a entender melhor o poder que tem e também relaciona-se com os pés-peludos com quem ele tem amizade, sentimentos. Agora, ele entra na segunda temporada em uma aventura, em busca de estrelas (que são um tipo de mapa para sua origem) acho que será fantástico — diz o ator, que não comenta, porém, os rumores de que seu personagem viria a tornar-se o mago Gandalf futuramente.
O futuro mais desafiador em relação à primeira temporada está a frente do elfo guerreiro Arondir, vivido pelo porto-riquenho Ismael Cruz Córdova. Até o final da temporada anterior, a criatura mágica vivia um proibido romance com a humana Bronwyn, vivida pela iraniana Nazanin Boniadi.
A atriz, porém, anunciou que deixaria a série, ainda em 2022, para dedicar-se ao ativismo com foco na liberdade das mulheres em seu país de origem. Sem seu principal arco, Arondir começa a construir novas alianças, o que inclui o rebelde filho de sua amada, Theo (Tyroe Muhafidin).
— Tem sempre um conflito entre os dois personagens, uma tensão entre eles. Houve uma aproximação no fim da temporada anterior, mas a tensão não passou. Ambos querem ser amados e isso os aproxima — diz Tyrone.
A ideia é aprovada por Isamel Cruz Córdova que opina que, apesar da saída da principal companheira de cena, ainda faz sentido a conexão com seu enteado.
— Mesmo que a pessoa que instituiu a união (entre os dois personagens) não esteja, a conexão entre eles ainda existe. Independente do que aconteça, a despeito de qualquer reviravolta do roteiro. É um desafio muito bonito — pontua.
Mulheres em cena
Paralelo às tramas principais, um dos pontos altos da série diz respeito à guerra política que acontece em Númenor, ilha a quilômetros da Terra Média em que vive uma comunidade de humanos.
Lá está instalada a rainha-regente Miriel, que perdeu a visão em um combate (da temporada anterior) capitaneado por Galadriel. Sua ascensão ao trono é constantemente ameaçada pelo primo Ar- Pharazôn (Trystan Gravelle).
Astuta, a monarca consegue até certo ponto desviar-se das armadilhas do parente, mas vive em guerra fria dentro do castelo onde vive. Também tem interessante interlocução política a princesa dos anões Disa (Sophia Nomvete), que é a voz da razão para seu marido, o príncipe Durin IV (Owain Arthur), que vive às turras com o rei.
O protagonismo feminino, tônica dos dois núcleos, defende a produtora Lindsey Weber, não está restrito ao que se vê nas telas, mas faz parte do DNA do seriado desde sua concepção.
— Quando eu entrei no projeto fiquei muito feliz em ver que havia 50% de personagens femininas. E acho que isso fará parte do show para sempre. Também tenho que dizer que há muitas mulheres nos bastidores, me orgulho muito delas. São nossas guerreiras — afirma.
* A repórter viajou a convite da Prime Vídeo.