"Antologia da Pandemia" reúne filmes de terror produzidos na quarentena
Produção conta com curtas-metragens de diretores do Brasil, Argentina, Uruguai, Estados Unidos, Reino Unido e Chipre
Mesmo diante dos empecilhos provocados pela disseminação do coronavírus ao redor do mundo, o setor audiovisual tem encontrado formas criativas de vencer a paralisia produtiva. Uma mostra disso é o filme “Antologia da Pandemia”, coletânea de 13 curtas-metragens de terror produzidos durante a quarentena, que chega hoje às plataformas digitais.
Com distribuição da O2 Play, a obra está disponível para venda e locação nas plataformas iTunes, Google Play, Youtube Filmes, Vivo Play, Now e Looke. O longa reúne trabalhos de diretores do Brasil, Argentina, Uruguai, Estados Unidos, Reino Unido e Chipre. A produção é assinada por João Pedro Fleck, Fernando Sanches, João Pedro Teixeira e Nicolas Tonsho.
A ideia do projeto partiu da Fantaspoa Produções, responsável pelo Fantaspoa - Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre. O evento tradicional é realizado anualmente, no Rio Grande do Sul, desde 2005. Em função da pandemia, a edição deste ano chegou a ser adiada e acabou ocorrendo em formato virtual, entre o final de julho e o começo de agosto.
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“Em março, criamos uma campanha de financiamento coletivo para arrecadar fundos para o festival. Começamos a criar atividades que dessem visibilidade ao crowdfunding, sendo uma delas um festival online com filmes realizados durante a quarentena, dentro de casa, respeitando o isolamento social. Recebemos ao redor de 100 inscrições, e selecionamos 35 para participarem da mostra competitiva”, explica João Fleck.
A qualidade do material que tinham em mãos fez os produtores enxergarem a possibilidade de uma antologia. Ao disponibilizarem os curtas no YouTube por 10 dias para votação do público, eles conseguiram observar quais títulos geraram mais interesse e engajamento, o que norteou a seleção final.
Para os produtores da antologia, um dos grandes trunfos da obra é a pluralidade de visões e experiências que ela apresenta. “A questão geográfica é algo que inegavelmente impacta na forma como cada um vivencia a pandemia. Nos curtas brasileiros, por exemplo, podemos perceber que o atual contexto político é algo sempre presente. Mas claro, há temáticas em comum que permeiam a seleção, como a ansiedade com as incertezas a respeito do que virá e as paranóias que o isolamento traz”, aponta João.
Um dos curtas brasileiros presentes na coletânea é “Jérôme: Um Conto de Natal”, de Beatriz Saldanha. Classificado pela própria diretora como um filme “fofo, porém satânico”, o curta tem como protagonista um gato que, após a morte de seu tutor, recorre ao satanismo para conseguir sobreviver sozinho. Sem equipamentos profissionais em casa, a cineasta utilizou um celular para filmar as cenas. “Precisei planejar bem os horários de filmagens, para aproveitar a luz do dia e não ter problemas de continuidade, e improvisar com o que tinha em casa. Por exemplo, para a cena do stop motion, meu marido e eu colocamos um varal de roupas em cima da mesa de jantar para poder posicionar a câmera com firmeza e segurança”, comenta.
Para além do entretenimento, “Antologia da Pandemia” serve como registro artístico de um período que ficará marcado na história mundial. “O horror é um gênero de contravenção e crítica social. Por trás dos monstros, fantasmas e zumbis, sempre existiu um retrato de uma época, de um momento, e a pandemia que estamos vivendo hoje é um prato cheio para o horror na sua forma mais bruta”, defende João.