TEATRO

Após estreia em novelas, Antonio Tabet debuta no teatro e prepara filme

Em espetáculo de comédia no Rio e em São Paulo, ator encarna Peçanha, personagem de sucesso nos vídeos de humor do grupo Porta dos Fundos

Antonio Tabet interpreta um policial de jeitão bronco com 20 anos de carreira Antonio Tabet interpreta um policial de jeitão bronco com 20 anos de carreira  - Foto: Reprodução/Instagram

Uma paixão de adolescência levou Antonio Tabet aos tablados. Há mais ou menos três décadas, o então jovem estudante, à época com 18 anos, se matriculou num curso livre de artes cênicas, na Companhia de Teatro Contemporâneo, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, porque queria se aproximar de uma aluna por quem era enamorado.

O amor não vingou. Mas um flerte longevo com aquele ambiente artístico se manteve no ar — e demorou a se consumar. Depois de se notabilizar (''razoavelmente tarde, aos 37 anos'', como ele avalia) na pele de figuras cômicas em esquetes do Porta dos Fundos, grupo do qual é sócio-fundador, o ex-redator publicitário e roteirista de programas televisivos e humorísticos pisa profissionalmente nos palcos, pela primeira vez, nesta quinta-feira (12). É a confirmação de uma nova fase no relacionamento sério com o ofício.

— Tinha muito medo dessa história de fazer teatro. Minha vida na atuação é recente — frisa. — As pessoas não estão acostumadas a me ver ali. Mas estou confiante.

A estreia, aos 50 anos, acontece em terreno confortável. Em “Protocolo de segurança” — monólogo que ganha sessões desta quinta (12) a sábado (14) no Teatro Casa Grande, no Leblon, e aporta em São Paulo, no Teatro Gazeta, nos dias 21, 22 e 28 —, o artista dá vida a Peçanha, um dos tipos mais populares nos vídeos do Porta dos Fundos.

No espetáculo com dramaturgia assinada a seis mãos (em parceria de Tabet com Gabriel Esteves e Matheus MAD) e sob direção de Daniel Nascimento, o policial de jeitão bronco, com 20 anos de carreira nas costas, é contratado para expor as instruções de segurança num teatro, antes de uma montagem de “Hamlet” protagonizada pelo ator Mateus Solano. Até que... O artista se atrasa para a sessão, e o agente desata a falar da própria vida diante da plateia, da rotina no quartel a intimidades e preferências sexuais.

— Peçanha é um homem machista, racista, sexista, homofóbico, preconceituoso, corrupto e que, ao mesmo tempo, odeia tudo isso, porque sabe que se trata de crime. Ele acaba sendo um espelho de muita gente por aí — afirma o ator, constantemente abordado nas ruas pelo nome do personagem.

— Se passo por um carro de polícia, os caras batem continência. É uma doideira! Tenho uma amiga que fala que o Peçanha é a verdadeira frente única: ele é adorado pela esquerda, que o enxerga como uma crítica generalizada à hipocrisia dos brasileiros, e pela direita, que vê nele um exagero e uma caricatura.

''Ando inquieto, feliz''
O perfil controverso do “sargento-tenente-major”, como a figura ficcional é chamada, está colado à imagem do ator há mais de uma década. Pouco antes da criação do Porta dos Fundos, Tabet deu um jeito de tirar do papel o projeto “CSI Nova Iguaçu”, paródia bem-humorada da famosa série americana policial “CSI Nova York”. A ideia do carioca era só escrever os roteiros dos episódios, disponibilizados nos sites Kibeloco, criado por ele, e Anões em Chamas.

Mas o diretor Ian SBF insistiu tanto para o colega interpretar um dos policiais da trama (“Você é a cara desses agentes”, justificou, naquele período), que ele acabou cedendo. Deu no que deu — além da peça, vem aí um segundo filme inspirado no personagem, e que ainda será rodado, em coprodução do Porta com a Fábrica.

Tabet, porém, não quer se restringir a um só tipo. Após estrear em novelas — ele integrou o elenco de “ Elas por elas” (2023) —, o ator busca papéis fora da comédia:

— Estou na melhor forma da minha vida. Fiz 50 anos, mas, na minha cabeça, ainda tenho 27. Fisicamente, também. Ando inquieto, feliz, querendo fazer coisas novas. Óbvio que há ideias que não faço mais questão de realizar, né? Não quero nem tentar cantar música sertaneja! Mas, qualquer outra coisa, estou a fim de fazer. Acho que só vou parar no dia em que ganhar um Oscar — graceja o ator. — Não que eu ache que mereça um Oscar, tá? Mas é porque já tenho um Emmy Internacional na prateleira de casa (pelo “Especial de Natal Porta dos Fundos”, Melhor Comédia de 2019). E vai que um dia o Tarantino resolve chamar um brasileiro perdido para fazer um filme? Eu topo! É provável? Nem um pouco. Impossível? Jamais.

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