Após três décadas, Marcos Palmeira se emociona ao reencontrar 'Pantanal'
Ator fala como se sente em gravar remake da novela que lhe projetou na carreira na TV
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Marcos Palmeira é um sujeito ligado à terra. Na adolescência, chegou a ser peão de comitivas de gado no Sul da Bahia. Mais adulto, comprou o próprio pedaço de chão, onde passou a produzir alimentos orgânicos. Toda essa vivência o aproxima de verdade do universo rural das tramas de Benedito Ruy Barbosa.
Depois de viver o Tadeu na primeira versão de “Pantanal”, exibida pela extinta Manchete na década de 1990, Palmeira ficou bem entusiasmado por participar do “remake” da trama, onde vive o protagonista José Leôncio.
Atuar sempre foi natural para Palmeira. Filho do diretor Zelito Vianna e sobrinho de Chico Anysio, frequentar sets de filmagem fez parte da infância e da adolescência do ator. Mas a função só foi encarada de forma mais séria a partir de meados dos anos 1980, quando se destacou em novelas como “Mandala” e “Vale Tudo”. A popularidade, no entanto, chegaria a partir dos galãs rurais que viveu em sucessos como “Pantanal” e “Renascer”.
A partir daí, Marcos se encaixou na alcunha de herói, posto que se repetiu em tramas como “Irmãos Coragem”, “Salsa & Merengue”, “Torre de Babel”, “Andando nas Nuvens”, “Porto dos Milagres” e “Celebridade”. “Já estava ficando chato e repetitivo.
P - Você foi um dos grandes destaques da primeira versão de “Pantanal”. Qual a sensação de voltar a este universo?
R - É muito prazeroso. E tudo aconteceu de forma muito surpreendente. “Pantanal” foi uma novela muito importante na minha carreira. Fez meu nome se tornar conhecido. Voltar a esta história, três décadas depois, me dá a sensação de um ciclo.
P - Em que sentido?
R - O mundo mudou muito e seria um grande erro fazer esse “remake” de forma anacrônica, mantendo as mesmas questões e discussões só para não mexer em uma obra tão clássica. A atualização da história e dos personagens feita pelo Bruno (Luperi, autor e neto de Benedito) valorizou ainda mais o texto. Acho lindo o jeito que o Cláudio (Marzo) construiu o José Leôncio da primeira versão. Lembro das nossas cenas e me dá uma saudade enorme. Porém, a minha visão do personagem vai por outro caminho.
P - O protagonista está mais aberto ao novo?
R - O José Leôncio do Cláudio era sombrio e sóbrio. Ele era o típico herói inabalável. Eu fui por um caminho mais amoroso, com muita reflexão sobre as novidades do mundo, e isso acabou deixando o personagem mais leve. A própria relação dele com a Filó (Dira Paes), que era muito mais carnal e sem tanto afeto na primeira versão, hoje é carregada de carinho e compreensão. A luta do feminismo e as questões da diversidade e sustentabilidade estão muito presentes nos diálogos.
P - O Renato Góes interpretou o José Leôncio na primeira fase da novela e a unidade em torno das atuações de vocês impressiona.
R - Renato é um cara muito gentil e agregador. Aos poucos, fomos nos aproximando e surgiu uma amizade de forma muito natural. Fui para o Pantanal um pouco antes de começar a gravar e observei muito seus gestos, olhares, o jeito como ele comia, andava, segurava o chapéu, se emocionava. Isso foi muito importante para a gente conseguir fazer a transição do papel de forma suave.
P - O Loreto interpreta o Tadeu, personagem que você viveu 30 anos atrás. Você chegou a dar algumas dicas para ele?
R - O elenco ficou muito livre para criar. A gente até chegou a comentar uma coisa ou outra, mas o Tadeu também volta diferente. O meu era um pouco mais rebelde por não ser reconhecido como filho legítimo do José Leôncio. A relação entre eles agora é mais próxima e sem tantas mágoas. Adoro ver o Loreto em cena e lembro de como fiz as mesmas cenas no passado.