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Artes Visuais

Arte e acessibilidade: artistas e galerias mostram que arte pode ser barata

O artista Luca Delmas e os galeristas Claudia Aires e Guga MarquesO artista Luca Delmas e os galeristas Claudia Aires e Guga Marques - Fotos: Acervo Pessoal e Sâmia Emerenciano

Seja em um leilão de obras raras ou em novas peças de artistas clássicos, frequentemente o alto valor de obras de arte é colocado como uma seara de consumo para quem quer se inserir nesse mercado. Nos últimos anos, o interesse dos mais jovens em se conectar com os artistas locais, aliado ao baixo custo de produção, tem aumentado as vendas e compras de peças com preços mais acessíveis. Em uma vasta gama de novos trabalhos artísticos, os novos consumidores podem fazer aquisições de painéis à fine art.

Mercado em crescimento

Sócia da galeria Nuvem, Claudia Aires explica que essa demanda cresceu em meio ao digital. “São obras criadas diretamente no computador e que podem ser comercializadas impressas - fine art, a laser e etc - em diversos tamanhos e tipos de papel”, conta. “Além dos suportes citados, impressões também podem ser feitas em canvas (telas), tendo o mesmo aspecto visual, depois de emolduradas, de um quadro comum. Esse tipo de produto é comercializado por um valor mais acessível - por ser uma reprodução -, comparado a um trabalho original e único”, complementa citando o graffiti.

Ser digital não significa que o colecionador ou consumidor possa adquirir a arte com qualquer pessoa ou empresa. “O futuro colecionador deve sempre adquirir trabalhos de empresas já conhecidas e com credibilidade no mercado de arte. Com a febre das vendas online, que cresceram muito com o advento da pandemia, muitas galerias virtuais apareceram abruptamente no cenário local e nacional”, enfatiza.

Também sócio da galeria, Guga Marques, recomenda passos para saber se a arte digital é original do artista comprado. “Um jeito fácil de garantir que o produto que você está adquirindo (obra, print, gravura e afins) é mesmo original, ou licenciado pelo artista, é perguntar ao próprio. Todos têm presença online e são muito ativos nas redes sociais, principalmente no Instagram. Certamente, o próprio ou a sua assessoria responderá rapidamente, dissipando qualquer dúvida”, conta ele.

Direto do artista

Essa relação da arte com o digital está presente até nos novos processos artísticos. O pernambucano Luca Delmas, de 26 anos, começou a vender arte a partir de camisetas, em 2015, para ingressar em outros processos. “Minha avó me deu a ideia de pintar e vender camisas. Na verdade, eu sequer tinha pintado. E aí tentei, comprei tinta e pincel, comecei fazendo testes… Rolou por um tempo, mas eu parei porque eu não estava curtindo tanto pintar camisa, já que era por encomenda e pessoas pediam para fazer as artes que já tinham. E se fosse de outro artista, eu não fazia”, explicou o artista.

Dividido entre o curso de Publicidade e o trabalho manual de artista, Luca chegou a dar uma pausa nas artes. A partir de um viral nas redes sociais, no fim de 2019, ele retomou mais fortemente com as peças. O trabalho, encomendado por uma agência local, envolvia uma cédula falsa com um tubarão representando a “República Federativa de Pernambuco”. A peça originou uma série com várias cédulas, com animais representando o Estado, a exemplo do cão caramelo e o caranguejo.

Embora tenha perfil nas redes, Luca tinha um contato frequente fisicamente com seus admiradores e consumidores de sua arte, o que foi impedido pela pandemia. Por causa disso, a ponte continuou sendo digital, inclusive na forma como faz seu trabalho. “Eu faço muita arte digital, como encomenda e ilustrações. Estou com um projeto futuramente de ter uma lojinha, para vender prints, os adesivos e outras artes”, conta ele, que vem experimentando outras formas desde que entrou no curso de Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

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