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ARTE

Artista gaúcho lança projeto para pintar casas e escolas atingidas pelas enchentes no RS

À frente do Paredes com Propósito, Jotape Pax afirma que comunidades de baixa renda serão priorizadas pela iniciativa

O artista urbano gaúcho Jotape Pax criou um projeto para revitalizar a paisagem urbana após a tragédia climáticaO artista urbano gaúcho Jotape Pax criou um projeto para revitalizar a paisagem urbana após a tragédia climática - Foto: Reprodução/Instagram

No último dia 15, o artista urbano gaúcho Jotape Pax estava pintando mãos que fazem arte nas paredes do Teatro CIEE, em Porto Alegre, e precisou sair atrás de mais tinta. Chegando na loja, no bairro Menino Deus, viu que a região começava a ser evacuada devido as enchentes que atingem o Rio Grande do Sul desde o início do mês.

— Fiquei atônito, com aquela sensação de impotência. Além de doar, de que outras maneiras eu podia ajudar, já que eu não tenho barco nem sou treinado para fazer salvamentos? O que eu sei fazer é pintar parede e recrutar pessoas — conta Jotape ao GLOBO.

Dois dias depois, ele foi às redes sociais com uma convocação: “criar o maior mutirão de pintura do Rio Grande do Sul”. Assim nasceu o Paredes com Propósito, protejo que vai casas e escolas castigadas pelas inundações e usar a arte para revitalizar a paisagem urbana após a tragédia climática.

No vídeo, Jopate disse que precisava juntar ao menos 20 pessoas para começar o projeto. Mas tanta gente se voluntariou que, com a ajuda de sua equipe, ele precisou estruturar melhor a iniciativa. Divulgou um formulário on-line no qual é possível se inscrever para participar dos mutirões. Os voluntários devem indicar se têm alguma experiência com pincéis e tintas e em que frente preferem atuar (pintura e reparos, organização e logística, transporte, doação). Até a manhã desta terça-feira (28), já haviam se inscrito 227 pessoas de todo o Rio Grande do Sul e até mesmo de outros estados, como Santa Catarina, Paraná e São Paulo.

O objetivo do Paredes com Propósito é pintar 2000 imóveis em todo o estado nos próximos seis meses. Comunidades de baixa renda serão priorizadas. Jopate já está planejando a primeira fase do projeto, que deve alcançar 250 moradias e escolas.

— Enquanto a água baixa, estamos mapeando regiões menos favorecidas para participar do projeto. É uma tentativa de devolver a autoestima das pessoas, já que muita gente talvez não tenha recursos para repintar a própria casa. Queremos mostrar que elas podem se reerguer depois da enchente — afirma o artista. — Vamos começar com Porto Alegre e região metropolitana e depois queremos chegar até o interior. Por isso, precisamos de muita gente envolvida.

Entre os primeiros locais a receber os mutirões de pintura estão a Vila dos Papeleiros, a Vila Farrados, o Quilombo dos Machado e o Quilombo do Areal, em Porto Alegre, a rodoviária e Centro Histórico da cidade, bem como o Cais Mauá, o Museu do Trabalho e a biblioteca comunitária Conceito de Arte. A Comunidade Mathias Velho, em Canoas, também será contemplada nesta fase inicial.

Jotape está em contato com líderes comunitários e colegas que vivem nessas regiões, como os artistas Mari G, do Quilombo do Areal, e Fernando True Souza, de Canoas. Uma marca de tintas já se propôs a fornecer material e a Bienal do Mercosul, sediada em Porto Alegre, está ajudando na divulgação. Quem quiser doar tintas e afins pode combinar com o artista pelo e-mail [email protected]. Também dá para contribuir via Pix (CNPJ): 14215969/0001-94.

Os mutirões serão encabeçados por artistas voluntários que, em diálogo com os moradores, vão pensar a revitalização estética das fechadas.

— O principal vai ser a cor. Mas se o morador quiser um desenho, uma flor ou uma mensagem de força, é só falar. Queremos que as pessoas se sintam em casa — diz Jotape.

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