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CINEMA

"Assassinos da Lua das Flores", nova obra de Martin Scorsese, chega ao cinemas; confira crítica

O longa marca a sexta colaboração de Leonardo DiCaprio com o diretor

"Assassinos da Lua das Flores""Assassinos da Lua das Flores" - Foto: Divulgação

O filme “Assassinos da Lua das Flores” chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (19). Do aclamado diretor Martin Scorsese, por trás de grandes clássicos como “Taxi Driver” (1976), “Os Bons Companheiros” (1990), “Os Infiltrados” (2006) e “O Lobo de Wall Street” (2013), o longa fala sobre uma série de assassinatos contra uma população injustiçada em um drama de partir o coração.

Nos livros de história é estudado sobre como a chegada dos europeus na américa foi um verdadeiro massacre contra os indígenas. Além da invasão violenta do território, eles desembarcaram com diversas doenças que chegaram a quase dizimar toda uma população. Infelizmente as injustiças contra os nativos foram muito além. No começo do século XX, 400 anos depois do começo de tudo, um dos casos mais sinistros aconteceu em Oklahoma, no sul dos Estados Unidos. 

Na virada do século, a descoberta de uma reserva de petróleo tornou a nação Osage (tribo ameríndia) a mais rica do mundo do dia para a noite. Tanta riqueza chamou atenção de pessoas brancas interessadas em roubar aquele povo. “Misteriosos” assassinatos na tribo foram investigados pelo FBI, que tinha acabado de ser criado na época, com ajuda do J. Edgar Hoover, o primeiro diretor do departamento. O serviço doméstico de inteligência americano demorou para chegar e o episódio terminou em um massacre com centenas de indígenas mortos.

Ao longo dos anos a literatura fez seu melhor para não deixar essas mortes caírem no esquecimento. O premiado escritor Fred Grove, descendente de Osage pelo lado da mãe, tinha 10 anos quando foi uma "testemunha" de um desses crimes e baseou diversos de seus romances no ocorrido. Anos depois, o jornalista David Grann investigou o caso em seu livro reportagem publicado no Brasil pela Editora Companhia das Letras como “Assassinos da Lua das Flores”, a obra homônima que inspirou o longa.

Para dar vida a esse período de história americana, Scorsese põe no centro do canvas o romance improvável entre a nativa Mollie Kylie, papel de Lily Gladstone, e Ernest Burkhart, vivido por Leonardo DiCaprio. Além da dupla de protagonistas, o elenco ainda conta com Robert de Niro (em sua décima primeira parceria com o diretor), Jesse Plemons e Brendan Fraser.

O cineasta provou mais uma vez o porquê de ser considerado um dos maiores nomes de Hollywood. O vencedor do Oscar de melhor diretor em 2007 usa da sua especialidade dramática para expor uma organização criminosa por trás dos homicídios dos herdeiros da fortuna de Osage, desde investigações mal feitas até assassinatos encobertos pela extensa corrupção das autoridades locais, ou seja, um enredo de máfia típico de Scorsese com uma roupagem diferente. Ele mistura tudo isso com sua experiência em documentários para retratar uma narrativa complicada que precisava ser contada com seriedade, ou não funcionaria.

Com respeito ao factual, em nenhum momento durante as 3h26 de filme ele cai no clichê do “salvador branco” e, mais do que isso, a película não romantiza os personagens e nem exalta o passado americano, como muitas obras costumam fazer. Ao dissecar os acontecimentos dessa tragédia, ele foi atrás de membros da comunidade para ajudar na produção. Ao lado de Geoffrey Standing Bear, chefe principal de Osage, o cineasta trabalhou com o departamento de idiomas para o treinamento dos atores com a língua e contou com figurinos autênticos da tribo. Tudo isso culmina em uma obra poderosa que não tem medo de denunciar um racismo estrutural presente até hoje e coloca em pauta a história esquecida de um povo.

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