Ator francês Gérard Depardieu é liberado após interrogatório por supostas agressões sexuais
Intérprete de 75 anos foi detido pela polícia judiciária de Paris
A polícia interrogou o ator francês Gérard Depardieu e o manteve sob custódia policial temporária nesta segunda-feira (29) por causa das supostas agressões sexuais a duas mulheres na França, em uma nova etapa da saga judicial contra essa astro do cinema.
O intérprete de 75 anos foi detido pela polícia judiciária de Paris, onde foi intimado a comparecer para um interrogatório sobre supostas agressões sexuais a duas mulheres, informou à AFP uma fonte próxima do caso.
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O ator foi liberado horas depois, declarou um de seus advogados, Christian Saint-Palais, aos jornalistas.
A primeira mulher, que o denunciou em fevereiro, é uma cenógrafa que trabalhou na produção do filme "Les Volets verts", de Jean Becker, e que acusa o ator de agredi-la sexualmente em 2021.
A denunciante declarou em março ao site Mediapart que o ator fez comentários indecentes e depois a "agarrou brutalmente" e "esfregou sua cintura, a barriga, até os seios".
A segunda mulher, uma ex-assistente de direção, denunciou atos semelhantes ocorridos em 2014. Segundo a emissora BFMTV, a suposta agressão aconteceu durante as filmagens do curta-metragem "Le Magicien et les Siamois", de Jean-Pierre Mocky,
A denunciante, que tinha 24 anos no momento da agressão, apresentou queixa no dia 9 de janeiro. Ela acusa Depardieu de utilizar "palavras indecentes" em sua mansão em Paris.
Em uma entrevista ao jornal regional 'Le Courrier de l'Ouest' em fevereiro, a mulher, que deseja permanecer no anonimato, também citou as mãos do ator "por todo o corpo" durante as filmagens.
É a primeira vez que Depardieu que se encontra em custódia policial por supostas agressões sexuais, embora no passado tenha sido preso por um acidente de moto em estado de embriaguez.
Saga judicial
"Nunca abusei de uma mulher", garantiu o ator em uma carta aberta publicada em outubro de 2023 pelo jornal Le Figaro, em referência às acusações de Charlotte Arnould.
Em dezembro de 2020, a Justiça acusou Depardieu de agredir sexualmente esta atriz, que denunciou dois estupros na casa do ator em Paris em agosto de 2018.
No final de dezembro, a Justiça arquivou a queixa da atriz Hélène Darras, que o acusou de tê-la agredido sexualmente durante uma filmagem em 2007, por prescrição dos fatos.
Nesse mês, a jornalista e escritora espanhola Ruth Baza anunciou que denunciou o ator na Espanha por estupro que supostamente ocorreu em Paris em 1995.
Quase 20 mulheres o denunciaram à imprensa ou à Justiça por supostas agressões sexuais. Segundo o Mediapart, Depardieu tocou os "seios e nádegas" de outra mulher durante as filmagens do filme de Becker.
Jean Becker "sabia perfeitamente que duas mulheres haviam sido seriamente assediadas", disse à AFP a atriz Anouk Grinberg, que participou do filme.
Depardieu nega as repetidas acusações contra ele, que se tornaram uma frente de guerra cultural na França, dividindo o mundo do cinema e colocando grupos feministas contra os defensores do ator.
Além do premiado intérprete de Cyrano de Bergerac, a Justiça investiga os cineastas franceses Benoît Jacquot e Jacques Doillon por estupro de uma menor, após a denúncia da atriz Judith Godrèche.
Além das queixas, uma reportagem do programa "Complément d'enquête" gerou polêmica em dezembro devido aos comentários obscenos de Depardieu sobre uma menina de 10 anos na Coreia do Norte que andava a cavalo.
Após a exibição do programa, o presidente francês, Emmanuel Macron, denunciou que o ator foi objeto de uma "caçada humana" e ofereceu o seu apoio a um "ator imenso" que deixou a França "orgulhosa".