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EUA

Sindicato dos atores de Hollywood se junta a roteiristas e anuncia greve; Emmy pode ser adiado

Paralisação é a primeira conjunta com roteiristas em 60 anos

A presidente do sindicato dos atores dos EUA, Fran Drescher (de casaco branco), junto a colegasA presidente do sindicato dos atores dos EUA, Fran Drescher (de casaco branco), junto a colegas - Foto: Chris Delmas/AFP

O sindicato dos atores de Hollywood (SAG-AFTRA), que representa 160 mil artistas do cinema e da televisão, anunciou, nesta quinta-feira (13), que entrará em greve após o fracasso das negociações contratuais com os estúdios.

"A greve começará à meia-noite de hoje [4h de sexta-feira em Brasília], e todos nós, membros do sindicato, líderes e pessoal de trabalho, estaremos nos piquetes amanhã pela manhã", anunciou o negociador da associação, Duncan Crabtree-Ireland, em entrevista coletiva nesta quinta em Los Angeles.

Eles se unem aos roteiristas, em uma ação conjunta jamais vista há 60 anos que ameaça paralisar quase por completo a indústria do cinema e da televisão americana.

Os roteiristas já estão há 11 semanas de greve, com piquetes nas portas de estúdios e plataformas de streaming como Disney e Netflix.

Uma greve dupla não ocorre desde 1960.

"O SAG-AFTRA negociou de boa fé e estava disposto a chegar a um acordo que abordou de maneira suficiente as necessidades dos artistas", disse a presidente do sindicato, Fran Drecher, em um comunicado.

"Mas as respostas da AMPTP (que representa os estúdios) às propostas mais importantes do sindicato foram insultantes e houve uma enorme falta de respeito com as nossas contribuições para essa indústria".

Atores e roteiristas buscam aumentos salariais para enfrentar a inflação e proteção no futuro pelo uso de Inteligência Artificial (IA) nas produções de cinema e televisão.

"Na última década, sua remuneração foi gravemente diminuída pelo auge do streaming. Além disso, a IA se torna uma ameaça real para os criadores", disse um comunicado do SAG-AFTRA depois de que as negociações colapsaram.

A Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP) disse estar "decepcionada" pelo encerramento das negociações. "É uma decisão do sindicato (de atores), não nossa", disse o grupo em um comunicado durante a madrugada.

O CEO da Disney, Bob Iger, disse à CNBC nesta quinta-feira que as expectativas dos roteiristas e atores "não são realistas" e chamou a greve de "muito preocupante".

Do outro lado, vozes expressam sua indignação.

"A AMPTP jogou duro em vez de ajudar a resolver problemas totalmente solucionáveis que põem em risco os roteiristas e atores nos degraus mais baixos da escala salarial", tuitou Phil Lord, o escritor, diretor e produtor do sucesso "Homem-Aranha: Através do Aranhaverso" " e "Uma Aventura LEGO".

Tapetes vermelhos e eventos
Os atores de cinema e televisão não entram em greve desde 1980, quando ficaram de braços cruzados por mais de três meses.

Hollywood se prepara para o impacto dessa nova ação que pode colocá-la de joelhos.

A paralisação dos roteiristas já havia reduzido a quantidade de filmes e programas em produção, mas sem atores a indústria se verá obrigada a parar.

Alguns reality shows, programas de auditório e entrevistas poderiam continuar.

Mas as séries dramáticas e outros programas enfrentarão atrasos. E se os protestos se estenderem, as produções de grande sucesso no calendário se verão impactadas.

As estrelas também não participarão dos eventos promocionais de seus filmes e os tapetes vermelhos serão suspensos.

Em Londres, a grande estreia da noite de quarta, "Oppenheimer", de Christopher Nolan, foi adiantada em uma hora para que figuras como Robert Downey Jr., Matt Damon e Emily Blunt, que fazem parte do elenco, pudessem participar sem infringir as regras do sindicato.

Durante o evento, Blunt disse ter esperanças de que fosse alcançado "um acordo justo". "E, se pedem a greve, participaremos juntos como um elenco, unidos com todos. Temos que fazer isso, e o faremos. Veremos o que acontece".

Até a cerimônia do Emmy de 18 de setembro poderia ser adiada para novembro, ou até mesmo, ficar para o próximo ano.

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