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Atriz Elisa Lucinda tem se dedicado ao streaming; confira entrevista

Na pele da batalhadora Marlene, a artista exalta tom emocional e contemporâneo do texto de "Vai na Fé"

Elisa LucindaElisa Lucinda - Foto: Divulgação

Elisa Lucinda é sempre muito emotiva. Não foram poucos os momentos em que a atriz, diretora, cantora e poetisa se pegou chorando de verdade ao terminar uma cena de “Vai na Fé”, onde interpreta a matriarca Marlene, mãe da protagonista da trama, Sol, de Sheron Menezzes.

“É uma história de representatividade preta e feminina. O fato de a casa ser tocada por mulheres, o entendimento e a fé que regem essa família formada por avó, mãe e netas é algo muito bonito de se ver. Eu não conseguia conter as lágrimas. O texto dessa novela é pura poesia”, derrete-se a atriz.

Natural de Cariacica, município da Grande Vitória, capital do Espírito Santo, Elisa é formada em Comunicação Social e trabalhava como professora até que, em meados dos anos 1980, decidiu se mudar para o Rio de Janeiro e se dedicar às Artes Cênicas. A estreia na tevê foi no final da mesma década, em “Kananga do Japão”, da Manchete. Porém, sempre envolvida com a poesia, música e teatro, acabou investindo mesmo no vídeo ao longo dos anos 2000, onde viveu papéis de destaque em tramas como “Mulheres Apaixonadas” e “Páginas da Vida”. 

Nos últimos anos, tem se interessado bastante por produções feitas para streaming, como as celebradas “Manhãs de Setembro”, do Prime Video, e “Não Foi Minha Culpa”, do Star+.

“Bato os mais variados tambores da arte e tenho diversas carreiras para cuidar. Estava há cinco anos sem fazer novelas, mas nunca me afastei dos estúdios. Gosto de interpretar para a tevê e tenho a liberdade de fazer apenas coisas que realmente fazem sentido para mim”, ressalta.

“Vai na Fé” está em seu último mês de exibição. Qual é o saldo deste trabalho?
É muito positivo. Tenho uma longa trajetória na Globo, onde já fui feliz com diversas personagens. Mas, do ponto de vista da diversidade e equidade, parece que estou vivendo um sonho. Não só em “Vai na Fé”, mas em outras faixas da emissora, tenho a impressão de que tem um mundo contemporâneo acordando. É claro que existem pontos a melhorar, mas muitas das mazelas e delícias que nos definem e que não estavam representadas no audiovisual agora têm seus espaços nas tramas. Confesso que durante a preparação para a novela eu chorava muito.

Por quê?
De emoção. De ver aquele monte de gente preta competente, ocupando lugar e sendo respeitada. Há 30 anos, muitos de nós estaríamos só na possibilidade de estar em personagens extremamente secundários e sem história própria, ou em uma novela de época para fazer o papel de escravo. É muito importante falar sobre isso. É um avanço social imenso na teledramaturgia, mas também do ponto de vista capitalista.

“Vai na Fé” foi vendida como a primeira novela evangélica da Globo. Você teve algum receio do texto cair no estereótipo?
O projeto era lindo desde o começo. A história foge da impressão comum que se tem do evangélico. Por isso, meu processo de composição e atuação teve inspiração no amor ao próximo, algo tão presente no fundamento dessa religião. Meu cuidado foi não contaminar a personagem com as críticas que tenho à prática neopentecostal. O arco dramático da Marlene é muito interessante.

O que mais chamou sua atenção na Marlene?
Confesso que, quando me convidaram para viver a mãe da Sheron (Menezzes), me senti lisonjeada e muito bonita (risos). Marlene é uma mulher de muita fibra, que tem a família como seu verdadeiro tesouro. Achei tão lindo a casa ser totalmente tocada com a cultura do feminino de avó, mãe e netas. Essa gestão feminina acontece demais nas casas e a gente nem sabe. Então, o enredo é muito representativo e tem diálogo direto com a verdadeira família tradicional brasileira.

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