CULTURA

Audiência pública na Alepe discute reabertura do Cinema São Luiz

Representantes do Governo de Pernambuco dizem que o equipamento deve ser reaberto no primeiro semestre de 2024

Kleber Mendonça Filho participa de audiência pública sobre o São Luiz Kleber Mendonça Filho participa de audiência pública sobre o São Luiz  - Foto: Melissa Fernandes/Folha de Pernambuco

A reabertura do Cinema São Luiz, um dos principais equipamentos culturais do Recife, foi tema de uma audiência pública promovida pela Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), nesta segunda-feira (12).

Fechado há mais de um ano, o cinema é gerido pelo Governo do Estado, que conduz obras de reparação no equipamento.

Na audiência, presidida pela deputada estadual Dani Portela (PSOL), representantes da gestão estadual foram questionados sobre o calendário de obras e reabertura do São Luiz, a destinação de recursos da Lei Paulo Gustavo e de outras fontes para iniciativas envolvendo o equipamento, além de adaptações na estrutura e no funcionamento do cinema. 

Ao abrir as discussões, Dani Portela destacou pontos críticos para nortear os debates sobre a gestão do equipamento.

“Além da questão da demissão dos funcionários, que aconteceu no começo da gestão Raquel Lyra, há as reformas que já foram iniciadas, dos sistemas elétricos e de refrigeração. Ainda, há a ausência de uma ação orçamentária específica para o São Luiz; hoje ele é gerido pela Fundarpe, mas há várias intervenções para fazer com que haja um orçamento próprio para esse equipamento”, pontuou a parlamentar.

Participaram da audiência o secretário executivo de Cultura de Pernambuco, Léo Salazar, o cineasta Kleber Mendonça Filho, além de parlamentares, vereadores do Recife e representantes do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da Fundação Joaquim Nabuco. 

Segundo a gestão estadual, responsável pela administração do São Luiz, uma empresa foi contratada em regime emergencial para a execução de reparos no cinema, incluindo ajustes no sistema de esgotamento de águas pluviais.

As obras no sistema hídrico, de acordo com a Secretaria da Cultura, têm início nesta segunda semana de junho, com um prazo de execução de 60 dias. Tais reparos, no entanto, não serão suficientes para garantir a reabertura.

“O São Luiz estava com obras bem adiantadas em andamento quando a nova gestão assumiu. Com as chuvas no início do ano, foram evidenciados problemas na coberta. Não adianta fazer qualquer intervenção no cinema sem fazer os reparos na cobertura", disse Renata Borba, presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).

A previsão, segundo a Fundarpe, é que o São Luiz seja reaberto no primeiro semestre de 2024

“O primeiro passo para a reabertura será, de fato, a obra da coberta. Em um segundo momento, faremos a consolidação e a revitalização do forro ornamentado, que foi danificado com as chuvas, o que levaria mais seis meses para ser feito”, completou a gestora da Fundarpe.

A gestão diz, ainda, que há outra obra em andamento para reparar instalações elétricas e instalar um novo sistema de refrigeração. 

Para o cineasta Kleber Mendonça Filho, que coloca o São Luiz como “personagem” do seu novo filme, Retratos Fantasmas, o equipamento deve ser tratado como um local “de referência”.

“É importante pensar o cinema São Luiz como uma sala de referência. Referência no ponto de vista de formação de plateia, cidadania, espaço histórico e de exibição técnica. O mercado diz que para ver um filme em ótimas condições técnicas é preciso pagar 70, 80 reais em um shopping, o que não é verdade. No São Luiz, ou no Cinema da Fundação, você pode, inclusive, ter uma projeção e um som melhor que num multiplex, isso é construir cidadania”, disse.

Kleber Mendonça Filho falou, ainda, sobre a importância de, em um momento de reabertura, “escolher a pessoa certa para tocar o cinema”. Em referência à exoneração de 16 pessoas da equipe responsável pela gestão do São Luiz, o cineasta defendeu que a “equipe seja completamente repensada”. 

Sobre Retratos Fantasmas, longa que estreou em Cannes, em março, e deve ser exibido no Brasil a partir de agosto, o cineasta destacou que o São Luiz desempenha um papel fundamental na construção da narrativa:

“Eu tratei o São Luiz como um personagem. Estou há muito tempo filmando e fotografando essa sala, desde os anos 1990, quando eu era estudante. Então é uma constante, porque sempre tive uma clareza de como é inusitado ter uma sala daquele porte no centro da cidade e sobre como esse equipamento é desvalorizado. Para mim, é um lugar muito forte, que, naturalmente, faz parte do filme”. 
 

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