TEATRO

"Azira'i": Zahy Tentehar celebra memória da mãe em solo musical encenado no Recife

Espetáculo integra programação do 22º Festival Recife do Teatro Nacional

Espetáculo "Azira'i"Espetáculo "Azira'i" - Foto: Daniel Barboza/Divulgação

Como Maria Canina, na segunda temporada da série “Cidade Invisível”, a atriz Zahy Tentehar cativava as vítimas da personagem através de um olhar profundo e sedutor. Em “Azira’i”, solo que ela traz ao 22º Festival Recife do Teatro Nacional, com apresentações gratuitas amanhã e domingo, às 18h, no Teatro Apolo, é através da voz que a artista maranhense promete encantar o público.

Autobiográfico, o musical é centrado na relação de Zahy com a mãe Azira'i Tentehar, primeira mulher pajé da reserva indígena de Cana Brava, no Maranhão, e faleceu em 2021. A atriz herdou da matriarca o dom da música, já que era o canto, além das ervas e as mãos, a ferramenta utilizada pela líder espiritual para curar.  

“Minha mãe vive em mim. Entendo que eu também tenho um pouco desse lado ritual, que uso muito nos meus trabalhos como artista. Estou seguindo o mesmo caminho que ela, só que por outra linguagem”, afirma Zahy, em entrevista à Folha de Pernambuco

“Mamãe tinha um perfil muito particular. Ela era uma mulher tão espiritualizada e, ao mesmo tempo, tão comum. Lembro das muitas vezes que ela fazia piada quando as coisas estavam ruins. Era muito respeitada dentro da nossa reserva e encorajou outras mulheres a tomarem o posto de pajés”, relembra. 

A ideia de levar para a cena as memórias de Zahy junto à mãe nasceu do encontro da artista com o ator e diretor pernambucano Eduardo Rios. Os dois se conheceram durante a montagem de “Macunaíma”, espetáculo da Barca dos Corações Partidos, em 2019, e resolveram assinar a dramaturgia em conjunto, após uma conversa na mesa de um bar.

“A Zahy tem uma história de vida muito intensa. Ao longo desses quatro anos até o projeto se concretizar, ela foi contando várias lembranças e fui me envolvendo emocionalmente com cada uma delas. O maior desafio foi escolher qual recorte a gente daria para essa dramaturgia”, diz Eduardo, que encontrou na codireção de Denise Stutz o “olhar de fora” que ajudou a dar o contorno ideal à peça. 

No palco, a atriz intercala cenas em português e em Ze’eng eté, sua língua de origem. As histórias são contadas não só sob o ponto de vista de Zahy, mas também de sua mãe e de uma narradora, com a atriz assumindo um tom diferente para cada uma dessas vozes. 

Poucos elementos cenográficos são utilizados para contar essa história. Além do próprio corpo da atriz, apenas iluminação, projeções, figurino, alguns acessórios, maquiagem e um banco. Em cena, Zahy revive suas memórias em um ato de celebração da sua ancestralidade. 

Serviço:
Espetáculo "Azira'i"
Sábado (18) e domingo (19), às 18h
No Teatro Apolo (Rua do Apolo, 121, Bairro do Recife)
Entrada gratuita, com ingressos retirados na bilheteria do teatro uma hora antes de cada sessão 

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