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Artes Plásticas

Bajado e Samico em cartaz: Galeria Marco Zero inaugura duas exposições simultâneas

Mostras "Janelas de Bajado" e "Festa para o Caçador" reúnem mais de 100 obras dos dois artistas, abertas ao público a partir desta quinta-feira (30)

Gilvan Samico e Bajado ganham exposições simultâneas na Galeria Marco Zero; visitação começa nesta quinta (30)Gilvan Samico e Bajado ganham exposições simultâneas na Galeria Marco Zero; visitação começa nesta quinta (30) - Foto: Divulgação/Galeria Marco Zero

Ícones das artes plásticas de Pernambuco, Bajado e Samico serão reverenciados em exposições simultâneas inauguradas na Galeria Marco Zero, nesta quarta-feira (29), às 19h, em evento que também celebra os dois anos de fundação do espaço comandado por Marcelle Farias e Eduardo Suassuna. 
Com curadoria da pernambucana Ariana Nuala, as mostras “Janelas de Bajado” e “Festa para o Caçador” reúnem mais de 100 obras dos dois artistas.

“Pensamos em algo que presenteasse os amantes de Arte. São nomes importantes no Brasil e no mundo. E que têm suas histórias intimamente ligadas à cidade de Olinda e ao Nordeste. Para a exposição de Bajado, trouxemos um conjunto de painéis que foi adquirido pela Pinacoteca de São Paulo e gentilmente cedido pela instituição para a mostra na Marco Zero. E Samico é um nome basilar também na nossa história, uma vez que foi com uma mostra desse artista, com curadoria de Moacir dos Anjos, que inauguramos há dois anos”, lembra Marcelle Farias.

Artistas sui generis
Apesar das semelhanças - ambos nasceram na Zona da Mata (Bajado em Maraial, na Mata Sul, e Samico em São Lourenço da Mata, na Mata Norte de Pernambuco), se descobriram artistas muito novos e escolheram Olinda como sede de seus ateliês - as singularidades de estilos e linguagem de Euclides Francisco Amâncio (Bajado) e Gilvan Samico fizeram a curadoria optar por apresentar suas mostras individuais e simultâneas. 

“Na exposição de Samico vamos conseguir ver os estudos e desenhos que ele fazia no preparo das pinturas e gravuras de períodos distintos e anos variados. É uma exposição de gravuras, pinturas e estudos. E a de Bajado tem majoritariamente pinturas da década de 1970. E são pinturas em portas, telas e em madeira. Um estandarte feito pelo artista para uma troça carnavalesca. Além de tudo, ainda inserimos duas fotografias do olindense Liêdo Maranhão, da época que ele fez o mural da ciranda de Dona Duda no Janga”, detalha Ariana Nuala. 

Estudos e universo de Samico
Na exposição de Samico, a palavra tem grande destaque, explica Ariana. “Samico tinha um pouco desse lugar de curioso, leitor de cordéis e apaixonado por Eduardo Galeano. Eu trago para junto da exposição de Samico a companheira dele, Célida Samico, que era poeta, taróloga, e estava sempre presente na escolha dos títulos das obras e nos estudos dele”. 

“Festa para o caçador” faz referência à história dos esquimós inuit, pautada por Galeano, sobre um famoso caçador de renas. Ao ser confrontado por uma ave de rapina, ele recebe a condição de dar uma grande festa para preservar sua vida. 

O conto "A Festa", escrito por Galeano e interpretado por Gilvan Samico, materializa essa narrativa na gravura “A Caça”, destaque na Pinacoteca de São Paulo há 20 anos, em uma retrospectiva do artista - peça que é compartilhada nesta exposição juntamente com seus variados estudos, rascunhos de desenhos, incluindo suas matrizes de madeira. “Para Samico a madeira era um elemento sobre o qual ele também aprendia e que estava ali junto a ele compondo as próprias ferramentas com as quais ele trabalhava”, pontua a curadora.

Bajado das multidões
Na mostra sobre Bajado, a curadoria apresenta um recorte da produção de um dos artistas que mais captou a cultura popular em sua essência, nas ruas, nas manifestações das multidões. “Ele era ligado a um saber que tinha a ver com histórias em quadrinho e com o cinema. ‘As janelas de Bajado’ fazem referência tanto às janelas da casa dele, no Amparo, quanto às janelas do cinema e de seus sonhos que fazem parte das possibilidades de visualização do mundo que ele criava”.

“Bajado participou do Ribeira, esse importante movimento artístico de Olinda, e estava ligado às cirandeiras e aos músicos que faziam os festejos nas ruas. Era um artista das multidões e estava interessado na aglomeração de pessoas e o que sairia desse conjunto. Era um artista brincante. Ele não era somente um observador, ele precisava estar ativo e participar dessas aglomerações. Bajado estava muito focado nos saberes de culturas negras e indígenas. É um reconhecimento desse artista por esses saberes. Apesar de parte da crítica considerar a produção de Bajado como arte naif (ingênua ou inocente), a curadora questiona a quem serve esse conceito. “Certamente não serve ao artista Bajado”, pontua.

SERVIÇO
Abertura das exposições “Festa para o Caçador” e “Janelas de Bajado”
Onde: Galeria Marco Zero - Av. Domingos Ferreira, 3393, Boa Viagem - Recife
Quando: 29 de novembro (quarta-feira), às 19h
Visitação de 30 de novembro a 21 de janeiro - segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 10h às 17h
Acesso gratuito
Instagram: @galeriamarcozero

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