Barca dos Corações Partidos estreia espetáculo sobre Jackson do Pandeiro
Musical ganha apresentação online, com transmissão ao vivo, pelo YouTube e no Canal Bis
Quando a pandemia obrigou teatros e outros espaços culturais a fecharem as portas, a Barca dos Corações Partidos já estava com quase tudo pronto para levar aos palcos um novo projeto. Reconhecida por espetáculos que envolvem teatro e música, sempre homenageando ícones brasileiros, a companhia pretendia estrear em abril um musical sobre a vida e a obra do cantor, compositor e multi-instrumentista paraibano Jackson do Pandeiro (1919-1982).
Com direção de Duda Maia, "Jacksons do Pandeiro" teve o seu processo de produção interrompido em função da crise sanitária mundial. Após um pausa de seis semanas, os ensaios foram retomados e a peça chega ao público, em formato virtual, neste sábado (10). A transmissão ao vivo ocorre às 20h, através da página da companhia no YouTube e do Canal Bis, diretamente do palco da Fundação Cidade das Artes, no Rio de Janeiro.
Para a realização do projeto, protocolos de segurança da Organização Mundial da Saúde foram seguidos desde a fase dos ensaios. A apresentação não terá plateia e todos os envolvidos foram testados. “A gente quis manter as características de um encontro teatral. O público vai poder, inclusive, baixar o programa através de um QR Code. Claro que haverá um jogo de câmeras, revelando ângulos que o público não assistiria normalmente. É mais uma camada, mas que respeita a obra teatral como ela é”, explica o pernambucano Eduardo Rios, que além de integrar o elenco é assistente de direção e, ao lado de Bráulio Tavares, assina o texto do espetáculo.
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O elenco traz os integrantes fixos da Barca (Adrén Alves, Alfredo Del-Penho, Beto Lemos, Eduardo Rios, Fábio Enriquez, Renato Luciano e Ricca Barros), além de três artistas convidados: Everton Coroné, Luiza Loroza e o pernambucano Lucas dos Prazeres. “Já que Jackson é considerado o ‘Rei do Ritmo’, a gente resolveu escrever uma biografia sincopada. Isso quer dizer que as histórias dos dez atores em cena triscam na trajetória dele, partindo de depoimentos pessoais”, conta Eduardo.
A concepção musical do espetáculo abraça os gêneros que Jackson trabalhou em sua carreira, como samba, forró, coco, baião e frevo. São 55 canções interpretadas ao longo da encenação, incluindo dez músicas originais criadas para a produção. Vinda de um musical sobre Elza Soares, Duda Maia estabelece uma relação entre corpo e sonoridade em sua direção. A diretora já havia trabalhado com o atores da Barca em “Auê” (2016).
“Tentei descobrir nos corpos dos meninos como trabalhar esses ritmos todos trazidos pelo Jackson. Para provocar um movimento mais entrecortado, pedi para o André Cortez, nosso cenógrafo, construir um cenário que não tivesse um chão reto, mas que provocasse mais instabilidade, com lugares mais altos e inclinados”, aponta.
Para a diretora, a peça chega ao público em um momento muito propício. “Eu intuo que ele virá como um espetáculo alegre, divertido e bem-humorado, numa época em que as pessoas estão tão entristecidas”, diz. “No meio de uma pandemia falar do Jackson, que cantou a alegria, é um privilégio”, complementa Eduardo.