Beijo no pescoço, cena gratuita de sexo: documento mostra queixas de Blake Lively contra Justin Bald
Atriz denunciou o ator e diretor do filme "É assim que acaba" por assédio
O jornal "The New York Times" divulgou nesta segunda-feira a íntegra da queixa judicial de Blake Lively contra o Justin Baldoni e Wayfarer Studios, os três envolvidos no filme "É assim que acaba". A atriz alega ter sofrido assédio sexual por parte de Baldoni e Jamey Heath, CEO da Wayfarer, durante as filmagens do longa-metragem, e ter sido alvo de uma campanha de retaliação e difamação por parte de ambos durante a divulgação do filme.
Confira abaixo as principais queixas de Blake Lively apresentada ao Departamento de Direitos Civis da Califórnia.
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Violação de protocolos em cenas íntimas
Segundo a queixa, o estúdio produtor do filme não aderiu às regras do sindicato que protegem os atores em cenas íntimas e de nudez. "Sem essas proteções em vigor, o Sr. Baldoni improvisou uma intimidade física que não havia sido ensaiada, coreografada ou discutida com a Sra. Lively, sem a participação de um coordenador de intimidade", diz o documento, que continua. "Por exemplo, o Sr. Baldoni mordeu e sugou discretamente o lábio inferior da Sra. Lively durante uma cena em que improvisou inúmeros beijos em cada tomada. O Sr. Baldoni insistiu em gravar a cena completa repetidamente, muito além do que seria necessário em um set comum, sem aviso prévio ou consentimento."
Comentários impróprios
Numa cena de dança, o ator (que também dirige o filme) fez comentários impróprios fora do personagem. Relata o documento:
"O Sr. Baldoni optou por deixar a câmera rodando e realizar a cena, mas não interpretou seu personagem, Ryle; em vez disso, falou com a Sra. Lively fora do personagem, como ele mesmo. Em determinado momento, ele se inclinou para a frente e deslizou lentamente os lábios de sua orelha até o pescoço, dizendo: “cheira tão bem.” Nada disso fazia remotamente parte do personagem, nem era baseado em qualquer diálogo do roteiro, e nada precisava ser dito, pois, novamente, não havia som. O Sr. Baldoni estava acariciando a Sra. Lively com a boca de uma maneira que não tinha qualquer relação com seus papéis. Quando a Sra. Lively posteriormente se opôs a esse comportamento, a resposta do Sr. Baldoni foi: “Eu nem sou atraído por você.”
Nudez desnecessária
O filme tem uma cena de parto em que Blake foi obrigada "a simular nudez total", sem isso estar descrito no roteiro ou ter sido previamente combinado, e teve o corpo exposto à equipe sem necessidade.
"O Sr. Baldoni insistiu com a Sra. Lively que mulheres dão à luz nuas e afirmou que sua esposa havia 'arrancado as roupas' durante o parto", diz a queixa. "Ele alegou que não era 'normal' que mulheres permanecessem com suas roupas hospitalares durante o parto. A Sra. Lively discordou, mas se sentiu forçada ao compromisso de ficar nua da cintura para baixo."
Blake relata que, quando a cena foi filmada, "o set estava caótico, lotado e completamente desprovido das proteções padrão da indústria para gravação de cenas de nudez— como coreografar a cena com um coordenador de intimidade, ter um contrato de nudez assinado ou simplesmente desligar os monitores para que a cena não fosse transmitida para toda a equipe no set (e em seus telefones pessoais e iPads)."
Tanto Heath quanto Baldoni, como principal produtor e diretor, respectivamente, não fecharam o set para impedir entra e sai de pessoas não-essenciais "enquanto a Sra. Lively estava quase nua, com as pernas abertas em estribos e apenas um pequeno pedaço de tecido cobrindo sua genitália. Entre as pessoas não essenciais presentes naquele dia estava o co-presidente da Wayfarer, Sr. Sarowitz, que fez uma de suas poucas visitas ao set."
Vídeo de nudez
Jamey Heath, CEO da Wayfarer, mostrou vídeos de sua esposa dando à luz e também de outras mulheres nuas a Blake e a outras mulheres da equipe do filme sem o consentimento delas.
"A Sra. Lively ficou alarmada e perguntou ao Sr. Heath se a esposa dele sabia que ele estava compartilhando o vídeo, ao que ele respondeu: 'Ela não é esquisita com essas coisas', como se a Sra. Lively fosse estranha por não aceitar isso", relata. "A Sra. Lively e sua assistente se retiraram, chocadas pelo fato de o Sr. Heath ter mostrado a elas um vídeo de nudez."
Cenas de sexo gratuitas
Baldoni, como diretor do filme, quis colocar cenas de sexo que não estavam no livro que inspirou o longa, nem no roteiro original. Uma delas foi uma cena que tinha um close no rosto de Lily (personagem de Blake) e um gemido alto.
"A Sra. Lively foi informada de que, quando essa cena foi gravada, após o Sr. Baldoni dizer 'corta', ele se aproximou dos atores e disse: 'Eu sei que não deveria dizer isso, mas foi 'quente' e 'vocês dois praticaram isso antes?'", diz o relatório.
Comentários sobre o corpo de Blake
Baldoni ligou para o personal trainer da atriz, sem ela saber, para conversar com ele sobre o peso dela. Ela estava preocupado com uma cena em que teria que carregá-la no colo — algo que não havia no roteiro. Isso aconteceu menos de quatro meses depois de ela dar à luz o quarto filho.
"Quando a Sra. Lively contraiu faringite estreptocócica, o Sr. Baldoni ofereceu, como um 'presente', conectá-la a uma especialista que ele mantinha contratada para ajudá-la com probióticos e no combate à doença", diz a denúncia. "Quando a Sra. Lively foi preencher os formulários de privacidade, descobriu que a especialista não era quem o Sr. Baldoni havia descrito, mas sim uma especialista em perda de peso. A Sra. Lively sentiu, mais uma vez, que o Sr. Baldoni estava envergonhando-a por seu corpo e peso."
Mais da denúncia
Em janeiro deste ano, foi realizada uma reunião para tratar das alegações de Lively e das exigências dela para retornar ao trabalho no filme após o fim das greves de atores e roteiristas. O marido de Lively, Ryan Reynolds, teria participado da reunião. No encontro, ela falou sobre todas as situações listadas e exigiu a presença de um coordenador de intimidade 100% do tempo nos estúdios e também um produtor independente. A Sony Pictures, distribuidora do filme, e o Wayfarer Studios teriam aprovado os pedidos de Lively, mas a denúncia alega que ator posteriormente recorreu a “manipulação social” e lançou uma campanha para “destruir” a reputação da atriz ao contratar uma empresa de relações-pública para este fim. Em reportagem publicada no último sábado, o "The New York Times" detalha como funcionou o que chamou de " máquina de difamação de Hollywood".
A divulgação do filme
Adaptação cinematográfica do best-seller de Colleen Hoover, o filme foi um sucesso de bilheteria, mas um caos de divulgação. Para entender o que aconteceu nos bastidores, é preciso ter em mente a história do filme: Lily Bloom (Blake) é uma mulher que começa uma nova vida em Boston, abrindo uma floricultura. Lá, conhece o charmoso neurocirurgião Ryle (Baldoni), com quem começa um relacionamento. Mas o namoro começa a trazer à tona traumas do relacionamento dos pais dela.
Um dos principais temas do filme é violência doméstica e essa abordagem entrou em disputa nos planos de divulgação. Segundo a denúncia de Blake, foi acordado contratualmente que o elenco do filme o promoveria com foco “mais na força e resiliência de Lily, em vez de descrever o filme como uma história sobre violência doméstica.” Eles também deveriam “evitar falar sobre o filme de maneira que o fizesse parecer triste ou pesado —é uma história de esperança.”
No entanto, Baldoni não cumpriu essa obrigação e passou a destacar os aspectos mais sérios da história a partir da violência doméstica. De acordo com os documentos obtidos pela "Hollywood Reporter", o ator e sua equipe fizeram isso para justificar o fato de muitos membros do elenco e da equipe do filme terem deixado de segui-lo nas redes sociais e se recusarem a aparecer com ele em público. “Nesse sentido, ele e sua equipe usaram ‘conteúdo de sobreviventes de violência doméstica’ para proteger sua imagem pública,” afirma a denúncia.