Música

Bem acompanhado de si mesmo, PC Silva esboça o pulsar de compositor em 1º álbum

"Amor, Saudade e Tempo" ganha lançamento nas plataformas digitais e a chegada também em formato de LP, integra os planos do artista pernambucano

PC Silva estreia em disco solo regado a rimas e musicalidadesPC Silva estreia em disco solo regado a rimas e musicalidades - Foto: André Sidarta

“Te respira, retém”, e não debreia. Faz os ouvidos seguirem adiante, acelerados e ávidos em acompanhar cada uma das faixas que expõem a veia pulsante de compositor de PC Silva.

Eis o que inicialmente pode (deve) ser dito acerca do álbum de estreia "Amor, Saudade e Tempo", recentemente lançado nas plataformas digitais e que consolida um artista maturado em meio a rimas e versos (des)pretensiosamente trazidos à tona, desde sua passagem pela Bandavoou até o seu escapulir solitário microfones afora.

“Eu ainda não tinha ideia do que seria, mas comecei a gerar o disco a partir de 2016, quando passei a me colocar para fora neste mundo artístico. Lembro de um aniversário meu no Terra Café, e o show foi o primeiro sem a Bandavoou, foi minha estreia solo, tocando minhas músicas. Senti que poderia ir por ali”, conta o moço do Sertão do Pajeú, mais precisamente de Serra Talhada, de onde saiu para explorar outros caminhos na vida e na música. 

Com produção assinada pelo multifacetado Juliano Holanda – que também se faz presente guitarra, violão e baixo no disco - “Amor, Saudade e Tempo” ganha participações que incrementam um trabalho por si só, já primoroso.

Com Diego Drão (piano), Lui Coimbra (violoncelo) e Gilú Amaral (percussão), além da cantora paulista Mônica Salmaso em “Adeus, Obrigado e Disponha” e da mineira Ceumar em “Boomerang”, há um coro conterrâneo e de “responsa” formado por Luiza Fittipaldi, Joana Terra, Marcello Rangel e Jr. Black. “Eu fico agradecido por ter conseguido juntar todos esses nomes”, ressalta PC.

Das faixas escolhidas para o disco - tomado por arranjos que alternam entre o erudito do piano e a base de baixo, guitarra e violão -  a tríade do amor, da saudade e do tempo que predomina na trajetória de PC foi rebuscada em orações musicadas, versos declamados, amores finalizados e “eus” melodiados sob a ótica feminina postas em faixas como “Todas as Vidas do Mundo”, “Ciclone”, “Moderna” e “Imã” e ao bel prazer de sotaque e  vocabulário “pernambuquês”.
 

PC Silva estreia em disco solo, lançado nas plataformas digitaisCrédito: André Sidarta

“Tento palavras que possam iluminar a música e ser referências para as pessoas lembrarem. Fico com esse meu bloquinho de notas, sigo pela sonoridade. É a liberdade de colocá-las sem convenções, ascendendo aos estalos que chegam”, justifica PC, antenado que sempre foi por oralidades recitadas em seu interior – o geográfico, de Serra Talhada, e o poético, de sua essência de estrofes bem encaixadas.

O “escapulir” que não se consegue do amor e o formato "arengueiro" de uma saudade, são exemplos. “Passo mais tempo lapidando as letras e escolhendo a melhor expressão, tendo como referência esses artistas anônimos ali do Pajeú”. 

De residuais de 2010 a letras mais recentes, “Amor, Saudade e Tempo” expõe um artista que se debruça em si mesmo, como ato de reconhecimento do seu poderio em cantarolar pensamentos dentro de um repertório atemporal.

“É um bom apanhado, por isso quis trazer coisas de um passado antes de 2016 (final da Bandavoou). Acho que esse primeiro disco, que é quando a gente dá a cara pro mundo enquanto artista solo, foi sucinto e interessante para esse momento”. 

Inicialmente previsto para ser lançado em abril, o álbum veio em meio a tempos dos mais difíceis e, por isso também, passa a engrossar o rol de amenidades necessárias.

Virtualmente à disposição dos (bons) ouvidos, a ideia é de que também ganhe outros formatos, o LP é um deles, cuja viabilidade para uma tiragem mínima é mote de uma campanha lançada por ele nas redes sociais. 

“Há significado dentro de uma peça maior, com encarte e o charme de um vinil”, ressalta o artista, que aparece alçando uma gaiola aberta para a capa do álbum, com registro no Casarão Magiluth por André Sidarta. Um resultado que provoca interpretações com a mesma subjetividade intrínseca a suas composições.

 

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