"Bicho geográfico" resgata memórias familiares de Bernardo Brayner
O lançamento é hoje (2), às 19h, em uma live no Canal da Cepe Editora no YouTube
Além de eternizar momentos, a fotografia ajuda a chacoalhar as lembranças, apesar de que nem tudo o que se passa em nossa vida é registrado pela câmera ou pela memória. Foi justamente ao contemplar fotos de um álbum de família que Bernardo Brayner teve a ideia de escrever o romance "Bicho Geográfico" - editado pela Cepe Editora com apoio do Funcultura -, amparando uma narrativa memorial pelas imagens do passado.
O autor revela que mesmo com os registros fotográficos, havia muita coisa que não se recordava dos tempos de criança. “Então eu poderia preencher alguns pontos do livro com ficção”, disse. E a própria fotografia também é utilizada como um elemento narrativo de ficção, pois é colocada não somente como imagem documental. “O medo de ser deixado para trás pelas próprias memórias move o bicho geográfico, riscando na pele que escava um mapa das metamorfoses de seu hospedeiro. 'Bicho geográfico' é um livro que nos oferece uma vasta condensação de materiais evocados, com seus lindos lugares de retorno, tão dolorosos quanto libertadores”, descreveu o crítico e romancista José Luiz Passos no prefácio do livro, que será lançado hoje (02), às 19h, em live no canal da Cepe Editora no Youtube, com participação do autor, do professor de Letras da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Antonio Marcos Pereira, e mediação do editor do jornal literário Pernambuco (Cepe), Schneider Carpeggiani.
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Durante quatro meses escrevendo à noite e selecionando fotos, Bernardo concebeu o que ele define como um memorial. “Precisava escrever algo depois da morte dos meus pais. É um livro sobre a ausência, sobre o que a memória e a ficção podem alcançar como reconstrução de uma vida, como preenchimento de vazios, de esquecimento”, explica.
Segundo Bernardo, falar de memória no período atual foi um dos fatores que o motivou a criar a história do livro. “Esse momento de apagamento do passado foi um dos motores de escrita do livro. À medida que envelheço, há uma curiosidade maior pela lembrança e, claro, uma preocupação com o futuro.”, reflete Bernardo. Nas páginas do livro, o autor utiliza da objetividade fotográfica em prol de sua narrativa, que apesar de à primeira vista parecer autobiográfica, é o que ele chama de autoficcional.
“É um recurso no qual eu me coloco como observador e, assim, posso descrever e narrar o que há e o que não há nas fotos. Procurei, com estratégias documentais e autoficcionais, avaliar o impacto dessa memória pessoal, familiar, se contrapondo à memória do Brasil, examinando suas fronteiras e, também, as fronteiras entre texto, legenda, comentário”, explicou. Para Diogo Guedes, editor da Cepe, o romance costura memórias com ficção. “Bicho Geográfico é uma espécie de álbum de fotografias antigas transformado pela lente da memória e da ficção. Bernardo Brayner mergulha no próprio passado familiar em uma narrativa que se alimenta das lacunas e perturbações que ela mesma cria”, resumiu.
Serviço
Lançamento do livro Bicho Geográfico, de Bernardo Brayner
Quando: hoje, às 19h
Onde: Live no canal da Cepe Editora no Youtube (www.youtube.com/CepeOficial)
Participantes: Bernardo Brayner, Antonio Marcos Pereira e Schneider Carpeggiani
Preço: R$20 (livro impresso); R$8 (e-book).