Bienal de Pernambuco

Bienal destaca pernambucana radicada na Suíça que ajuda mulheres vítimas de violência na Europa

Escritora Ângela Brodbeck será o foco de encontro on-line na próxima quinta (29), às 20h

Escritora e ativista pernambucana Ângela BrodbeckEscritora e ativista pernambucana Ângela Brodbeck - Foto: Divulgação

A escritora pernambucana Ângela Brodbeck, autora da autobiografia "Filha do Nordeste Brasileiro", será o foco de encontro on-line promovido pela Bienal Internacional do Livro de Pernambuco na próxima quinta (29), às 20h, através da plataforma ebienal.com, com mediação do escritor Sidney Nicéas.

Jovem carente assistida pela extinta Casa de Passagem, ONG cuja missão era tirar meninas das ruas do centro do Recife para ressocialização, Ângela entregou carta pedindo mudanças no país ao então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, sofreu abusos sexuais na infância e foi violentada na adolescência.

Hoje, mora na Suíça, onde toca atualmente o projeto voluntário Espaço Internacional da Mulher, que ajuda brasileiras vítimas de violência na Europa. O trabalho é realizado totalmente online, e com foco na mulher brasileira no Exterior, embora atue também com um grande público de brasileiras residentes no Brasil.

São onze pessoas na equipe, dentre psicólogas, advogadas, psicopedagoga e sexóloga, que buscam atenuar os efeitos da violência sofrida pela mulher brasileira na Europa, apoiando-as em vários níveis. O trabalho tem sido reconhecido: Ângela ganhou o Prêmio Luiza Brunet 2022 de Enfrentamento à violência contra à Mulher, em cerimônia organizada pela High Profile, na Torre Eiffel, na França.

O Espaço Internacional da Mulher é amparado por dados preocupantes. Segundo o levantamento mais recente do Itamaraty, em 2020 mais de 4,2 milhões de brasileiros viviam no exterior, sendo mais de 1,3 milhões somente na Europa - e esse número aumentou significativamente de 2021 para cá.

A violência contra brasileiras entre 2019 e 2020 chegou a 213 casos notificados (número considerado inferior devido a subnotificação de casos dessa natureza); mundialmente, 58% das mulheres são mortas por homens próximos, como pais, irmãos ou parceiros.

Na Suíça, país onde funciona o projeto de Ângela, as estimativas do Governo apontam que uma pessoa morre por conta de violência doméstica a cada duas semanas, sendo que 62,6% desse montante é de mulheres - e parte significativa desse número é de estrangeiras, incluindo brasileiras.

Diante desse quadro, o projeto realiza lives rotineiras em suas redes sociais, que têm atraído muita atenção de quem precisa de ajuda, seja ao menos uma palavra de tranquilidade, fé e esperança.

“Falamos sobre depressão, algo muito frequente na Europa. A quantidade de brasileiras internadas em clínicas aqui é muito grande, então trabalhamos em cima dessas informações como forma de prevenir ou fazer a pessoa ter consciência de que precisa de ajuda; violência doméstica, abuso de menores, questões de divórcios onde a mulher brasileira fica numa situação frágil, estando longe do seu país, pois as leis não facilitam para a mulher estrangeira, dentre vários outros temas. Nossas lives têm esse intuito, de informar para que haja prevenção”, explica Ângela.

Dentro do projeto, há um trabalho específico, intitulado Amenize a Dor, mais focado no acolhimento psicológico e afetivo.

“É um projeto dentro do projeto, com atendimento psicológico para mulheres em situações de relacionamento abusivo. Nossas psicólogas fazem esse atendimento quando a mulher entra em contato conosco pedindo ajuda. Já recebemos pessoas tanto residentes no Brasil quanto na Europa, porém, é um trabalho totalmente sigiloso, como a ética pede, por isso não divulgamos o nome das pessoas atendidas”, afirma.

Ângela Brodbeck também tem se destacado como escritora e incentivadora da arte brasileira no exterior. Sua história e a necessidade de apoiar artistas brasileiros na Europa a fez criar também o projeto Mostra tua Arte na Suíça, que recebeu prêmios da Câmara Brasileira de Cultura (PB) e da Academia de Ciências e Arte de São Paulo (SP).

“Criei o projeto pensando nas dificuldades de outros escritores e artistas na difusão dos seus trabalhos na Europa. Os reconhecimentos recebidos atestam que o caminho traçado é mesmo necessário”, afirma Ângela. “Tanto o projeto voltado para as mulheres quanto este para os artistas não possuem nenhum tipo de convênio. Fazemos tudo por puro prazer em ajudar”, conclui. 

SERVIÇO
Da Casa de Passagem para a Europa: a vida de Ângela Brodbeck que deu um livro
Quinta-feira, 29 de dezembro de 2022, às 20h (Acesso gratuito)
Ao vivo pela plataforma da Bienal de Pernambuco, ebienal.com.

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