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Lançamento

Biografia resgata a trajetória de Elpídio Câmara, importante nome do teatro pernambucano

Elpídio é um dos fundadores do Gente Nossa e tem carreira contada por escritor pernambucano

Elpídio Câmara e Bibi FerreiraElpídio Câmara e Bibi Ferreira - Foto: Arquivo Pessoal/Cortesia

Pernambuco já ostentou, em meados do século 20, o título de terceiro maior polo teatral do Brasil. Essa ideia de uma produção cênica local pujante só era possível graças a existência de grandes nomes que levavam o teatro feito aqui para o restante do País. Um deles era o do ator e diretor Elpídio Câmara (1895-1965), que acaba de ganhar um livro sobre a sua trajetória.

A biografia “O Teatro do Mendigo Milionário”, escrita por Sam Castro, será apresentada ao público hoje, às 19h, no Teatro de Santa Isabel. O evento contará com apresentação teatral do ator Adriano Cabral, venda de exemplares do livro (10% do valor arrecadado será doado às vítimas das chuvas em Pernambuco) e sessão de autógrafos.

Para o escritor da obra, o lançamento na mais tradicional casa de espetáculos de Pernambuco é uma forma de reparar um erro do passado. Antes de morrer, Elpídio expressou o desejo de ter seu corpo velado no palco onde por tantas vezes brilhou. O pedido, no entanto, foi negado pela gestão do equipamento na época aos familiares do ator.


“Essa negativa causou comoção e uma grande repercussão midiática, porque Elpídio não era só só querido pelo público e pelos artistas, mas também era muito respeitado pela imprensa. Mesmo assim, não teve jeito e o velório acabou tendo que ser feito na sala da Maçonaria Conciliação. É simbólico, depois de 57 anos, poder prestar a homenagem que ele queria e merecia”, aponta.

A relação de Elpídio com o Teatro de Santa Isabel teve início antes mesmo dele virar artista. Sam relata em seu livro que, ainda criança, quando morava na região central do Recife, o futuro ator costumava olhar encantado para a construção histórica. Mais tarde, passou a matar aulas para assistir às peças teatrais no local.

Ao longo de quase cinco décadas, o artista pernambucano desenvolveu trabalhos em diferentes grupos e companhias teatrais de Pernambuco. Seu investimento mais ousado e famoso, no entanto, foi com o icônico Gente Nossa, considerado um marco do teatro pernambucano. “Embora o nome de Samuel Campelo seja hoje mais evidenciado, também partiu de Elpídio a ideia de criar uma companhia teatral genuinamente pernambucana, numa época em que o público só valorizava o que vinha de fora”, explica.

Apaixonado pelo teatro

Embora pagasse suas contas como funcionário público, Elpídio concentrava seus maiores esforços ao fazer teatral. Com a experiência acumulada ao longo dos anos, ajudou a impulsionar artistas mais jovens que ele, como Geninha da Rosa Borges, Arlete Salles e Lúcio Mauro. Também cultivou uma estreita amizade com Procópio Ferreira e sua filha, Bibi Ferreira.

Entre os espetáculos que Elpídio estrelou, o de maior sucesso é o que inspira o título de sua biografia. Em “Deus lhe pague”, texto de Joracy Camargo, ele deu vida a Juca, um mendigo que ficava milionário com as doações que recebia nas ruas. Outro papel marcante nos palcos foi o de Judas Iscariotes em “Judas no tribunal”. No cinema, atuou no curta-metragem “O coelho sai”, de 1942, considerado o primeiro filme falado produzido no Nordeste brasileiro.  

Escritor e jornalista, Sam Castro começou a se interessar em escrever sobre o biografado no início dos anos 2000, após receber da filha do ator um vasto material de arquivo sobre sua vida e obra. Entre idas e vindas na pesquisa, passou a se dedicar à escrita do livro durante a pandemia de Covid-19, recorrendo também a materiais da Hemeroteca Digital Brasileira. Já inscrita para concorrer a uma indicação na próxima edição do Prêmio Jabuti, a obra foi publicada de forma independente.

Serviço

Livro “O Teatro do Mendigo Milionário”, de Sam Castro
316 páginas
Preço: R$ 82
Informações: (81) 98107-5066

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