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"Biônicos": Afonso Poyart constrói distopia futurista brasileira em novo filme da Netflix; conheça

Filme estrelado por Jessica Córes e Bruno Gagliasso mostra futuro em que próteses biônicas dominam os esportes

"Biônicos" já está disponível na Netflix"Biônicos" já está disponível na Netflix - Foto: Alisson Louback/Netflix

“Biônicos”, mais novo longa-metragem brasileiro da Netflix, chegou na última quarta-feira (29) à plataforma de streaming. Dirigido por Afonso Poyart (“Dois Coelhos”, “Presságios de Um Crime”), o filme é um thriller distópico que retrata um futuro com problemáticas acentuadas pelas novas tecnologias.

Na trama, que é ambientada no ano de 2035, as próteses biônicas viraram a grande sensação dos esportes. Por meio delas, pessoas amputadas conquistam um desempenho em competições para além do imaginado, atraindo para si todos os holofotes. Essa mudança de paradigma afeta diretamente os atletas sem deficiência e a família de Maria (Jessica Córes).

A vida toda Maria se dedicou ao salto em distância, treinando incansavelmente em busca de medalhas. Com a chegada das próteses biônicas, no entanto, a tornaram obsoleta. Enquanto isso, sua irmã mais nova, Gabi (Gabz), acabou se tornando a nova estrela nacional do esporte. Tal situação só agrava a rivalidade existente entre as duas desde a infância.  

Segundo Poyart, a ideia para o longa surgiu em uma conversa de mesa de bar com Cris Cera, um dos roteiristas da obra. A inspiração inicial veio do caso real do paratleta sul-africano Oscar Pistorius. Em 2012, ele ganhou o direito de disputar as Olimpíadas de Londres, utilizando duas próteses no lugar das pernas. 

“Ele, realmente, performa muito bem com aquilo, mais até do que atletas que não são amputados. Ele chegou a ameaçar recordes e isso criou uma certa polêmica. Acho que essa foi a sementinha. A gente pegou esse debate e extrapolou para um mundo distópico e futurista, onde existem próteses robóticas que dão às pessoas uma força sobrehumana”, explicou o diretor, em entrevista à Folha de Pernambuco. 

O mesmo assunto já havia sido abordado pelo cineasta no curta-metragem “Protesys” (2020), estrelado por Cauã Reymond e pelo atleta paralímpico Flávio Reitz. De acordo com Poyart, o filme serviu como uma espécie de material de teste do que ele já vinha planejando para a produção da Netflix. 

“A gente fez esse curta para, justamente, desenvolver a tecnologia e testar a nossa capacidade de executar os efeitos visuais, o que depois foi aplicado no longa em uma escala muito maior”, explicou o diretor, admitindo sua dúvida inicial sobre a possibilidade de entregar um longa-metragem que exige tanto de computação gráfica e efeitos especiais, fazendo isso com qualidade. No final, o resultado satisfez o cineasta. 

Efeitos visuais
“Sempre que eu mostrava o trailer, as pessoas tinham como reação: ‘cara, nem parece um filme brasileiro’. Escuto isso desde o meu primeiro longa e acho isso curioso, porque nós temos total capacidade de fazer essas coisas. Quando fiz meu filme nos Estados Unidos [‘Presságios de Um Crime’, com Anthony Hopkins], lógico que havia mais dinheiro, mas não vi nada sendo feito lá que não pode ser feito aqui também. Existem profissionais no Brasil cada vez mais capacitados para fazer ação. O cinema brasileiro já faz grandes coisas”, defende. 

Mesmo defendendo a capacidade do cinema nacional neste sentido, Poyart não nega que criar os efeitos visuais tenha sido o maior desafio de seu trabalho com “Biônicos”. “A Netflix teve uma coragem enorme de fazer esse projeto, que não é nada fácil. Acho que é o filme com mais quantidade de efeitos especiais feito no Brasil. Ficamos um ano trabalhando nisso e a plataforma acreditou na gente”, relembra. 

Distopia brasileira
Para criar um universo futurista e distópico, o diretor buscou inspiração em referências  como os filmes “Blade Runner” (1982) e “Distrito 9” (2009). A proposta, no entanto, nunca foi mimetizar os blockbusters. Poyart e sua equipe se empenharam em construir uma ficção científica com jeito brasileiro. 

“Filmamos em São Paulo e eu quis preservar a cara sulamericana dessa metrópole, imaginando o que seria uma distopia nesse cenário. Entre os cenários, há uma casa do Paulo Mendes da Rocha [arquiteto brasileiro], o prédio da Fiesp e o parque da USP, que são exemplos da arquitetura brutalista dos anos 1960 e 1970, que evoca um pouco de futuro, por incrível que pareça”, detalha. 

O filme conta com nomes de peso, como o do ator Bruno Gagliasso, que interpreta o enigmático Hélio. Ao cruzar o caminho de Maria, ele provoca a atleta a tomar uma decisão extrema em nome de sua ambição, colocando em xeque seus valores morais. Christian Malheiros, Klebber Toledo, Paulo Vilhena, Nill Marcondes e Danton Mello, além de Miguel Falabella, são outros rostos conhecidos em cena. O pernambucano Márcio Fecher também integra o elenco, que tem uma grande importância para o diretor. 

“É muita gente bacana, que ajudou a construir essa história que, para mim, vai além do aspecto da ficção científica. Não é só sobre próteses biônicas. É a história de uma família despedaçada, que está se reencontrando. Então, precisávamos de atores que ajudassem a desenvolver essa linha dramática da trama, para não ficar um filme sem coração. Isso é fundamental para poder construir toda a pirotecnia visual em cima”, destaca.

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