#BlackOutTuesday: o dia em que a música parou nos Estados Unidos
Movimento mobilizou artistas contra o racismo, após ascensão dos protestos nas ruas norte-americanas
Desde o início do movimento “Black Lives Matter” - tradução para "Vidas Negras Importam" -, em 2012, negros e negras da música têm usado seu poder na indústria cultural para mobilizar atenção às causas raciais. Com a ascensão dos protestos nas ruas após o assassinato de George Floyd, homem negro de 46 anos, empresas do setor fonográfico decidiram se mobilizar e, ontem, fizeram uma paralisação em solidariedade aos antirracistas. O ato, contudo, também gerou repercussão negativa entre alguns artistas afro-americanos, que acreditam que a ação não contribua efetivamente para a causa.
A paralização ficou marcada pelas hashtags #BlackLivesMatter e #BlackOutTuesday nas redes sociais. Imediatamente, tornou-se o fenômeno do dia e as postagens, a exemplo do Instagram, ficaram todas em quadrados pretos. Rihanna, Elton John e Cardi B, nos Estados Unidos, e Anitta, Camila Pitanga, Iza, Bruna Marquezine e Ludmilla, no Brasil, foram alguns que se posicionaram com as hashtags. Grandes gravadoras também pararam.
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Entenda
A ideia surgiu das executivas da área Jamila Thomas e Brianna Agyemang, propondo a interrupção dos negócios "para enfatizar o racismo e a desigualdade que existem da sala de reuniões à avenida". Logo, outras organizações aceitaram e fizeram ações, como a cantora Rihanna, que parou a sua loja “Fenty”. Além da cantora, o Spotify interrompeu a transmissão durante nove minutos - tempo que durou o sufocamento de Floyd -, e estampou a página principal da plataformas playlists com músicas de empoderamento negro, em capas escuras e com a identificação do Black Lives Matter.
Embora tenha ganho grande repercussão, a movimentação também recebeu críticas.
Por causa do grande número de postagens em preto, fotos com informações e links para doações aos movimentos desapareceram do feed das redes sociais. "Quando você analisa a hashtag #BlackLivesMatter, eles não são mais vídeos, informações úteis, recursos, documentação de injustiça, são filas de telas pretas", alertou o cantora Kehlani no Instagram. Ideia que também foi compartilhada pelo rapper Lil Nas X. "Realmente acho que este é o momento de continuarmos com força. Não acho que o movimento tenha sido tão poderoso como antes. Não precisamos pará-lo sem publicar nada. Precisamos espalhar informações e torná-las mais fortes do que nunca", acrescentou.
Adesão
Desde a última semana, artistas têm se mobilizado para ajudar o movimento antirracista. No geral, demonstram apoio pelas redes sociais, divulgando petições e criticando o presidente do país, Donald Trump, pela forma como vem reagindo aos protestos. Tinashe, Ariana Grande, Lauren Jauregui, Kali Uchis e Swae Lee são alguns dos cantores que romperam as redes e foram às ruas para apoiar as manifestações. Já Harry Styles e Katy Perry estão pagando advogados para as pessoas presas pelas polícias nos focos dos atos.
Já o rapper e empresário Jay-Z decidiu usar seu poder de influência e ligou diretamente para o governador do estado do Minessotta, Tim Walz, para cobrar justiça sobre o caso de George Floyd. Na ocasião, ele chamou o procurador Keith Ellison, primeiro congressista negro e muçulmano dos Estados Unidos, para assumir o caso. "Hoje cedo, Walz disse que eu era um pai e um homem preto em sofrimento. Sim, sou humano, pai e um homem preto em sofrimento. E não sou o único", disse o rapper. Jay é um dos artistas mais influentes da indústria e tem mobilizado ações junto à cantora Beyoncé, sua esposa, para defender os direitos dos afro-americanos nos últimos anos.