Brasileiro sente mais falta do cinema e 66% vão retomar planos culturais, diz estudo
Ir ao cinema é a atividade mais visada pelos brasileiros - 44% afirmam ter intenção de frequentar as salas de exibição de filmes
Enquanto o processo de reabertura do setor cultural já vai se alastrando pelo país, dois terços, ou 66%, dos brasileiros afirmam pretender realizar pelo menos uma atividade cultural presencial nos próximos meses. É o que indica uma pesquisa do Datafolha em parceiria com o Itaú Cultural publicada nesta quinta (8).
Esse percentual é maior do que aqueles que dizem terem de fato realizado atividades culturais nos últimos 12 meses (52%).
Com a reabertura, ir ao cinema é a atividade mais visada pelos brasileiros - 44% afirmam ter intenção de frequentar as salas de exibição de filmes. Em seguida, vêm shows musicais -40%- e atividades infantis -38%.
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Completam a lista de atividades visadas no pós-reabertura as bibliotecas -36%-, os centros culturais -36%-, o teatro -30%-, os museus –29%–, a dança -29%-, o circo -29%- e os saraus -25%.
Cinema também é a atividade de que os brasileiros mais sentiram falta durante a pandemia -30%-, seguido por shows musicais -24%-, enquanto 16% dizem não terem sentido falta de nenhuma atividade cultural.
Entre os entrevistados que sinalizaram pretender realizar atividades culturais nos próximos meses, mais da metade, ou 54%, diz sentir segurança para isso após a reabertura. Homens -63%- se mostram mais seguros para frequentar as atividades do que mulheres -47%.
As pessoas de menor poder aquisitivo apresentam os níveis mais baixos de confiança -43%- em meio à reabertura do setor cultural, enquanto a classe C se mostra mais segura com o retorno -61%. Nas classes A e B, 54% se dizem seguros para realiar atividades culturais nos próximos meses.
A partir desses dados, é possível dizer que a pandemia pode causar uma elitização ainda maior da cultura? Para Paulo Alves, gerente de pesquisa de mercado do Datafolha, esse cenário não deve ocorrer, uma vez que já há um bom tempo que estudos e diagnóstico tem chamado atenção para o acesso à cultura pelos mais pobres. "A pesquisa mostra que há grande um interesse desse público. A questão é juntar a fome com a vontade de comer", diz.
A classe D/E, embora tenha participado relativamente pouco em atividades culturais, tem nível de interesse cultural próximo ao das outras classes.
"Isso ignifica que há a oportunidade de acolher pessoas que não têm oportunidade de frequentar espaços culturais, mas querem", diz Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural. Nesse sentido, entram no debate a gratuidade, preços mais baixos e proximidade dos equipamentos a bairros de classes de menor renda.
O local onde acontecem as atividades é importante para a intenção de frequentar. Enquanto 84% dizem que realizariam atividades culturais em locais abertos, apenas 39% as frequentariam em locais fechados.
Entre os entrevistados, 92% dos dizem ter realizado pelo menos uma das atividades cultural pelo menos uma vez na vida, enquanto 52% as realizou nos últimos 12 meses.
Entre as medidas de segurança que esperam encontrar nos espaços culturais que pretendem visitar, 64% destacam a importância do distanciamento social, evitando aglomerações. A obrigatoriedade do uso de máscara é lembrado espontaneamente por 61%.
A faixa etária mais interessada no retorno das atividades culturais é a das pessoas de 25 a 34 anos - 74% deles planejam voltar à programação. Os jovens de 16 a 24 vêm em seguida, com 71% planejaodn voltar frequentar os espaços.
Pessoas sem filhos demonstram mais interesse na retomada cultural -73%. Enquanto a porcentagem dos que declaram ser pais é de 62%. O interesse em participar de atividades culturais também é
maior entre os solteiros - 70%- do que entre os indivíduos casados -61%.
No Rio de Janeiro, cinemas, teatros e anfiteatros tiveram autorização para voltar a funcionar partir de 14 de setembro. Na semana passada, o prefeito carioca Marcelo Crivella liberou casamentos, formaturas, casas de show, apresentações de música ao vivo, circos e outros eventos. Já museus, bibliotecas, galerias de arte e centros culturais puderam reabrir na capital fluminense a partir do dia 1º de setembro.
Em São Paulo, o prefeito Bruno Covas assinou os protocolos de reabertura de cinemas, museus e casas de shows há duas semanas.
Na capital paulista, espaços culturais só poderão reabrir com o anúncio da fase verde pela prefeitura. A expectativa é que a mudança de estágio seja anunciada nesta sexta (9), quando vai ocorrer a nova reclassificação estadual, determinada pela gestão do governador João Doria.