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LUTO

Brasileiros se despedem emocionados da cantora Elza Soares

Admiradores, amigos e parentes da artista se revezaram em torno do caixão aberto, exposto ao pé da escadaria de mármore do salão principal do teatro

Enterro de Elza Soares no Theatro Municipal do Rio de JaneiroEnterro de Elza Soares no Theatro Municipal do Rio de Janeiro - Foto: Carl de Souza / AFP

Entre homenagens e lágrimas, centenas de brasileiros se despediram nesta sexta-feira (21) da lendária cantora Elza Soares, durante seu velório no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Admiradores, amigos e parentes da artista se revezaram em torno do caixão aberto, exposto ao pé da escadaria de mármore do salão principal do teatro, no centro do Rio, em meio a imponentes coroas de flores.

"Era uma pessoa alegre, que botava as pessoas pra cima, era uma das melhores cantoras para mim", disse Jons Ademir, um dos fãs que foi se despedir.

Elza Soares faleceu nesta quinta-feira (21) aos 91 anos de causas naturais, após mais de seis décadas de carreira e uma vida repleta de adversidades.

"Vai deixar um legado extenso, porque essa mulher lutou muito para chegar onde chegou, foi incrível", afirmou Maria Eduarda Soares, bisneta da cantora, entre lágrimas.

As homenagens incluíram aplausos de pé dos integrantes da escola de samba Mocidade, da qual ela era integrante, e trechos de um musical sobre sua vida, culminando com um poderoso "Viva Elza Soares!" gritado em coro.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, esteve presente no velório e decretou três dias de luto oficial.

Nascida em 23 de junho de 1930 em uma família pobre, Elza Soares passou pelos mais diversos ambientes, desde seu início precário em uma favela do Rio de Janeiro até palcos e casas de shows ao redor do mundo.

Na vida pessoal alternava alegrias e dramas. Ela enfrentou fome, violência doméstica e a morte de quatro de seus oito filhos, três deles na infância.

Durante 17 anos, manteve uma relação apaixonada e tempestuosa com Garrincha, uma lenda do futebol que morreu em 1983 de cirrose em decorrência de seu alcoolismo.

Com mais de trinta álbuns em sua extensa e eclética carreira, que começou no samba e cobriu gêneros como jazz, bossa nova, funk e hip hop, essa diva da voz rouca característica e personalidade avassaladora foi consagrada como "cantora brasileira do milênio" pela BBC, em 1999.

Entre suas várias reviravoltas musicais está o álbum "A Mulher do Fim do Mundo", lançado em 2015, com o qual conquistou as novas gerações.

O disco, que aborda temas como racismo, machismo e violência contra a mulher, foi um sucesso estrondoso e ganhou o Grammy Latino de melhor álbum de músicas brasileiras.

"Temos discos dela, a gente vai estar sempre matando a saudades dela. Ela nunca vai morrer para a gente", assegurou Jons Ademir.

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