Letrista Carlos Rennó lança álbum "Muita Lindeza": canções de amor em parceria com nomes da MPB
O disco saiu em dezembro e tem produção de Apollo Nove. Entre os parceiros, estão Samuel Rosa, Moreno Veloso, João Bosco, Bem Gil, entre outros
No último dia 15, foi ao ar nas plataformas de streaming o álbum “Muita Lindeza - Letras de amor de Carlos Rennó e músicas de parceiros”, projeto que reúne dez canções do letrista paulista com gente do quilate de Moreno Veloso, Paulinho Moska, Marcelo Jeneci, Felipe Cordeiro, o uruguaio Jorge Drexler, e também uma parceria inédita com Moraes Moreira. Alguns desses autores cantam nas faixas, assim como outros intérpretes, a exemplo de Os Gilsons, Samuel Rosa e Juliano Rosa, Preta Ferreira, entre outros.
O compositor, letrista e jornalista Carlos Rennó, apesar de não cantar em nenhuma das faixas, é o protagonista do disco. Suas letras marcam presença na música brasileira desde os anos 1970, nas vozes de nomes como Arrigo Barnabé, Lenine, Ana Carolina, Chico César, Tetê Espíndola – inclusive, recentemente, uma de suas composições foi parar no segundo lugar do Spotify Viral, quase 40 anos depois de ter estourado como sucesso nacional: “Escrito nas Estrelas” ganhou o público brasileiro quando foi cantada por Márcia Fu, no reality show “A Fazenda”.
O amor é pop
“Muita Lindeza” foi uma ideia do produtor Apollo Nove, que conheceu Rennó por intermédio de Rita Lee. Para Apollo, Rennó é um “grande autor pop, um hitmaker sofisticado”, e este foi o mote: um disco com canções pop de Rennó, canções de amor. Grande parte da obra do letrista é marcada por músicas de cunho social, com letras que falam de meio ambiente e de direitos humanos – a exemplo de “Demarcação Já” e “Canção pra Amazônia”.
“Ele [Apollo Nove], que é um produtor pop, me propôs fazer o disco sabendo das canções pop, na perspectiva dele, que eu tinha. Ele me sugeriu esse álbum e eu achei ótimo, porque eu tinha canções de amor que eu vinha acumulando e que permaneciam inéditas, algumas das quais porque não tinham sido lançadas pelos meus parceiros”, conta Rennó.
Três dessas músicas foram feitas especialmente para o disco: a faixa-título, “Muita Lindeza” (com João Gil), interpretada pelos Gilsons e Cortejo Afro; “Deus proteja meu filho” (com Bem Gil), interpretada por Preta Ferreira; e “Declaração” (com Samuel Rosa e o filho Juliano Rosa), interpretada por pai e filho.
Poesia cantada
Apesar de habitualmente lidar com canções política e socialmente mais engajadas, não foi difícil para Rennó lançar mão de sua veia pop, ou, até, unir as duas coisas. “A sua vida, preta, importa pra mim”, em parceria com Moreno Veloso, é uma canção romântica, mas também é política e antirracista.
No álbum, a poesia de Rennó também se torna canção em parcerias com João Bosco, em “Mundo em expansão”, na voz de José Gil e Mariá Pinkusfeld; em “Baião pra uma baiana em São Caetano”, parceria inédita com Moraes Moreira, de 2012; ou em “Sá”, também inédita, com o uruguaio Jorge Drexler.
O que representa o elo entre as músicas engajadas e as músicas de amor é a poesia de Rennó, que começou a escrever letras para canções nos anos 1970. Sua primeira parceira foi Alzira E. (com quem tem a filha Iara Rennó); depois, Tetê Espíndola (irmã de Alzira); nos anos 1980, começou a compor também com Arrigo Barnabé.
"Escrito nas Estrelas"
E falando em música pop e de amor, recentemente, a canção “Escrito nas Estrelas”, de Carlos Rennó e Arnaldo Black, voltou a fazer sucesso quase 40 anos depois de lançada por Tetê Espíndola, no “Festival dos Festivais”, de 1985. A ex-jogadora de vôlei Márcia Fu fez a música viralizar quando a cantou no reality show “A Fazenda”. A música também ganhou uma releitura da sertaneja Lauana Prado.
“É uma canção histórica, né? Então, a volta de ‘Escrito nas Estrelas’ é muito importante para mim, para o Arnaldo Black, meu parceiro, e para a Tetê, que teve a função de torná-la conhecida nacionalmente. E o sucesso que ela faz agora é tributário da ação da Márcia Fu, primeiro, e depois da Lauana Prado, o que é muito interessante para divulgar essa canção para as gerações mais recentes.”