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Celebridades

Carolina Ferraz diz viver amadurecimento na TV e veta novelas para sempre

'Não quero fazer alguém ficar dez meses vendo a mesma história'

A atriz e apresentadora Carolina FerrazA atriz e apresentadora Carolina Ferraz - Foto: Nicole Gomes/Divulgação

À frente do Domingo Espetacular (Record) há um ano, a atriz e apresentadora Carolina Ferraz, 53, cita o amadurecimento artístico como sua principal conquista nesse tempo. Cheia de projetos, ela diz viver um momento único na carreira.

"Vejo muitas possibilidades e chances de abertura, de consolidação de vários projetos que vinha semeando ao longo dos anos. Trabalho com pessoas que me instigam artisticamente", conta, em entrevista ao F5.

Carolina Ferraz saiu em 2017 da Globo, onde esteve por 27 anos. E decidiu mudar os rumos de sua trajetória quando assumiu a revista eletrônica da emissora concorrente, em 12 de julho de 2020. Ela não descarta voltar a atuar, mas afirma que novela não fará "nunca mais na vida".

"Eu sou uma atriz, nasci atriz. Não penso em fazer novela nunca mais na vida. Já fiz tudo o que podia, 30 anos em novelas, trabalhei com todos os autores, elencos, fiz todos os tipos de protagonistas, novela é caso encerrado. Mas faria longa-metragem, peça de teatro, minissérie", diz.

Além de uma nova temporada do programa de entrevistas sobre mulheres empreendedoras em seu canal no YouTube, Carolina conta que em breve pretende dar dicas de receitas contra o desperdício de alimentos em seu Instagram. Confira trechos da entrevista.

PERGUNTA - Que balanço faz de seu primeiro ano no comando do Domingo Espetacular?
CAROLINA FERRAZ - É um ano de adaptação, pois a gente entra numa nova rede, uma emissora diferente após 27 anos no mesmo lugar [TV Globo]. Eu fui muito bem recebida desde o início, temos boa relação, fui para lá com muita vontade de fazer e de me reposicionar como artista no mercado. Cheguei cheia de gás. Quem me vê hoje percebe isso. Estou achando ótimo.

P. - Como define o seu atual momento?
CF - Acho que este momento é de um grande amadurecimento pessoal, artístico. Vejo muitas possibilidades e chances de abertura, de consolidação de vários projetos que vinha semeando ao longo dos anos. Trabalho com pessoas que me instigam artisticamente. E, aos 53 anos, me sinto uma mulher bonita na minha idade.

P. - Na sua chegada à Record, foi dito que você teria privilégios e que teria rolado inveja nos bastidores. Como lidou?
CF - Esse tipo de coisa divulgada pela imprensa faz parte da minha vida. Não li sobre isso. Passei por situações em que tive de me posicionar. Mas a gente vai trabalhando, estou velha para criar problema, estou lá para somar, não quero criar contratempo ou prejuízo a ninguém. Eu escolhi estar ali. Estou numa onda muito construtiva. Esse tipo de comentário é insignificante, o que fica é o legado. As coisas se estabelecem com tempo.
Fale um pouco sobre a segunda temporada do talk show She is the Boss, no seu canal no YouTube.
Abro espaço para falar sobre empreendedorismo feminino com várias mulheres de formações diferentes. Como elas se enxergam, o que pensam sobre a posição que ocupam hoje diante do machismo, sexismo. Falamos do que é importante, dos segredos do sucesso e de como elas conseguiram se perpetuar como empreendedoras.

P. - Sua experiência te deixou mais preparada para ser uma entrevistadora?
CF - Passei anos dando entrevistas e isso me tornou uma pessoa madura para entrevistar. Tenho prática humana com quem converso, gosto do que há de humano no outro. Fui abrindo outras musculaturas e exercitando outras facetas. Estou bastante feliz com a direção do meu rumo.

P. - Entrevistar está no seu DNA?
CF - Isso acontece desde que comecei a conversar com brasileiros fora do país sobre como lidavam com a pandemia. Depois entrevistei pessoas sobre espiritualidade neste momento tão opressor. Também produzi uma série de entrevistas sobre as principais pandemias desde a Idade Média e os impactos na sociedade de cada época. Ainda fiz uma série com médicos, perguntando a eles mais sobre a Covid e seus efeitos.

P. - E os conteúdos de comida, vão voltar com força no YouTube?
CF - Voltei agora a produzir conteúdos de comida. Toda segunda-feira é dia de vídeo de culinária e toda sexta-feira o tema é livre. Daqui duas semanas as pessoas verão alguns programas sobre molhos básicos da técnica francesa. Peguei receitas bem simples que eu gosto de fazer. Queria aproximar as pessoas da cozinha. Quem cozinha pelo menos uma vez ao dia tem aumento de qualidade de vida.

CF - Quais outros projetos você tem em mente para o futuro?
Tenho mais de 100 receitas que pesquisei e não consegui produzir vídeos. A partir de setembro, agora só para o Instagram, vou produzir material sobre o desperdício. São 140 milhões de toneladas por dia de desperdício no Brasil. Vou apresentar receitas em que vou utilizar o alimento na íntegra, sem jogar nada fora. Vou ensinar receitas rápidas e fáceis para criar uma consciência nas pessoas. Esse projeto eu estou fazendo há três anos. Sou meio lenta.

P. - Onde e como você quer estar daqui cinco anos?
CF - Cada vez mais quero ser dona do meu próprio conteúdo. Estou me desenvolvendo de várias maneiras e em outras plataformas. O limite para criar é infinito. Daqui cinco anos meu compromisso é me manter digna e íntegra e fazer produtos de qualidade.

P. - Você ainda tem vontade de atuar como atriz?
CF - Eu sou uma atriz, nasci atriz, ser apresentadora não exclui a possibilidade de atuar. Agora estou feliz no Domingo Espetacular, estamos com a segunda audiência dos domingos. Não penso em fazer novela nunca mais na vida. Já fiz tudo o que podia, 30 anos em novelas, trabalhei com todos os autores, elencos, fiz todos os tipos de protagonistas, novela é caso encerrado. Mas faria longa-metragem, peça de teatro, minissérie.

P. - Temas bíblicos te atraem?
Não tenho problemas com temas bíblicos, existem obras-primas bíblicas. Depende do roteirista, dos artistas envolvidos. Mas novela, realmente, não penso em fazer. Estou em outra, hoje penso diferente. Acho novela meio obsoleta, acho legal divertido, mas não quero fazer uma pessoa ficar dez meses vendo a mesma história.

P. - Como tem sido sua quarentena?
CF - No início da pandemia, levamos o isolamento a sério. Fiquei quatro meses sem ver minha mãe [Giscelda Ferras] de 82 anos. Minha mãe ficou muito deprimida e com dificuldade de administrar tantas inseguranças. Ela tinha sensação de desolamento, desamparo. Minha irmã falou que ela não estava bem. Então alugamos um sítio no interior de São Paulo e todas as mulheres da família foram morar lá por 40 dias. Ficávamos cozinhando, fofocando. Nós reencontramos o norte para sair do estado em que ela estava. Agora ela melhorou muito, está ótima, serelepe.

P. - Desse momento surgiu um livro de receitas, o "Na Cozinha com Carolina 3"...
CF - Sim. Uma das versões [sem comercialização] é uma edição limitada que darei a editores, amigos, fãs, bem específico e escrito à mão com caligrafia da minha mãe. Minha filha Valentina, de 26 anos, que fez a direção de arte.

P. - Agora uma curiosidade: você ainda se diverte com a perpetuação do famoso meme "Eu sou ryca"?
CF - Acho que essas coisas me mantêm jovem. Tem crianças de 5, 6 anos que gritam isso e nem tiveram acesso às novelas que fiz. Isso me perpetua, é sinal de que estou atravessando o tempo e participando das transformações que as mídias causaram no mercado de maneira ativa e consolidada. Quem diria, por uma brincadeira e meme, há pessoas até no Japão que gritam 'Eu sou ryca'. Acho bacana.

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