Casa onde morou o percussionista Naná Vasconcelos será desmontada
Objetos da casa estão à venda em bazar, enquanto o acervo musical irá para depósito
Artistas prestaram homenagem à memória do percussionista Naná Vasconcelos, na tarde desta quarta-feira (5), na casa onde o músico morou por cerca de 15 anos, no bairro da Encruzilhada, na Zona Norte do Recife. O encontro, organizado pela viúva Patrícia Vasconcelos, 53 anos, é para marcar o fechamento da estrutura mantida por ela até então.
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Na casa de 400 metros quadrados, localizada na avenida Santos Dumont, a fachada mostra a placa de “bazar” e de “aluga-se”. As peças como sofá, pratos e telas ficam disponíveis para compra do público em geral até a semana que vem, enquanto o imóvel em si, também segue à disposição.
Por lá também estão instrumentos musicais, troféus e roupas usadas por Naná em diversas apresentações. Esse material, no entanto, terá uma parte enviada para Nova York e outra para um depósito localizado na Imbiribeira. “Eu vim para desmontar essa estrutura. Uma pena. Tive o carinho de não vender até então, por saber que tem a história dele, e esperei por muito tempo que iniciativas me procurassem para manter essa memória viva, baseada em casas de artistas que têm a história preservada no mundo inteiro, em que o fã pode conhecer o espaço físico e obra da pessoa. Sozinha, por mais um ano, não consigo”, explica Patrícia.
Cada canto do imóvel mostra quem foi Naná Vasconcelos. Seus instrumentos eram múltiplos e cheios de minúcia. No meio da sala, um piano de corda, adquirido em 2008 para ser dado de presente à filha Luz Morena. Este também será desmontado para o depósito. “Ainda assim, é muito incontável a obra de Naná. É como na música em que as pessoas me perguntam 'quantos álbuns foram?'. Minha gente, é no mínimo, trezentos, pelas parcerias que ele fez... Ninguém chega a um número certo”, completa Patrícia.
Para o músico Jam da Silva, eis um legado que ultrapassa as barreiras geográficas. “Ele foi eleito oito vezes o melhor percussionista do mundo. Alguém que realmente quebrou as barreiras, sendo o pioneiro nessa entrada da percussão brasileira. Tanto que é muito difícil alguém fazer algo que ele já não tenha feito. Além de ver muito show, tive a sorte de abrir a apresentação dele na inauguração do Centro Cultural Kirchner, na Argentina. E lá eu vi o quanto ele é amado”, lembra.
Quem também exalta tamanha musicalidade é o trompetista Márcio Oliveira. “Eu o conheci em Boa Viagem, quando eu ainda estudava no Conservatório Pernambucano de Música, e só o via pela TV, até então. Em um dia, andando em Boa Viagem, encontro ele por lá. Começamos uma amizade. Cheguei a abrir o show dele em Garanhuns. Um gênio”, reforça.