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Literatura

Cepe lança ‘João Cabral de ponta a ponta’

O lançamento ocorrerá hoje (26) pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) em uma live no canal da Cepe no youtube às 17h30

Antônio SecchinAntônio Secchin - Foto: Fonte: Fernando Rabelo

Outrora bons amigos, dois dos maiores poetas brasileiros João Cabral de Melo Neto e Carlos Drummond de Andrade mantiveram uma desavença profunda durante grande parte de suas vidas.

É o que revela o ensaio inédito do livro "João Cabral de ponta a ponta", uma edição revisada e enriquecida com material inédito celebrando o centenário do autor, onde estão reunidos estudos dedicados a toda a obra publicada pelo poeta pernambucano, realizados pelo escritor, professor de Literatura Brasileira da Faculdade de Letras da UFRJ e membro da Academia Brasileira de Letras,  Antônio Carlos Secchin.

O lançamento ocorrerá hoje (26) pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) em uma live no canal da Cepe no youtube às 17h30, com um bate-papo entre Secchin e o editor do Suplemento Pernambuco (Cepe), Schneider Carpeggiani.

Quase nada se sabe sobre o que motivou as rusgas entre João Cabral e Drummond, como também a indiferença jamais foi admitida publicamente. Mas é, no mínimo suspeito, que ambos tenham trocado 61 correspondências entre 1940 e 1957, e entre esse ano e a morte do poeta mineiro, três décadas depois, só uma. O autor sugere que um dissenso estético acabara afastando Cabral de Drummond.

Além dessa curiosa passagem, o livro conta ainda com todo o material analítico dos 20 títulos de João Cabral, expostos cronologicamente de acordo com as datas das publicações. Sem falar nos cinco ensaios sobre temas transversais da poesia do autor. 

De acordo com Secchin, o livro propõe “uma leitura que não privilegie em particular qualquer corrente teórica que se ocupe do discurso poético. Por causa da multiplicidade de direções que o poeta imprimiu à sua obra”, afirma já na introdução do livro.

Ao longo de sua obra, o poeta foi apontado como concretista, modernista, poeta marginal, integrante da geração de 45, o fato mesmo é que ele percorreu diversos movimentos artísticos se tornando atemporal. "Transitar entre vários movimentos artísticos é não congelar no tempo. Autores que respondem canonicamente à demanda de suas épocas correm o risco de desaparecerem com elas, por não terem injetado em seus textos um suplemento de sentido que os capacitasse a suportar demandas vindouras", ressalta o autor.

Eternizado pela sua obra e popularmente conhecido como autor de "Morte e vida severina" (1955), transformado em peça de teatro, filme e especial para a televisão, o poeta bradava o trabalho como um de seus piores poemas, feito às pressas, no que Secchin acredita que fosse uma cortina de fumaça. “Acho que era jogo de cena para motivar as pessoas a ler os outros. Cabral parecia incomodar-se com a atenção excessiva a Morte e vida, como um criador que quer bem a toda sua produção, e vê um livro ofuscar todos os demais”, esclarece.

Em conjunto com outras obras do autor fica evidenciada uma admiração pela temática sertaneja., como em "O cão sem plumas" (1950), "O Rio" "A educação pela pedra" (1966).

Para Diogo Guedes, editor da Cepe, o lançamento faz jus ao legado do poeta e celebra os 100 anos de sua história “É um orgulho publicar, dentro da programação do centenário de João Cabral de Melo Neto, uma obra que se dedica aos meandros da sua poesia, do primeiro ao último livro. João Cabral de ponta a ponta é a versão ampliada e consolidada das pesquisas de Secchin sobre o poeta; parte do trabalho de uma vida dedicada à literatura. É uma edição para conhecer a poesia cabralina em profundidade, pois o autor traz leituras essenciais da produção tardia de João Cabral, pouco lembrada pela crítica. Na edição da Cepe Editora, temos ainda material inédito, com um novo ensaio, uma entrevista, um depoimento e imagens de exemplares raros colecionados por Secchin. Além de tudo isso, o ensaísta consegue mostrar como ninguém, ao longo do volume, a vitalidade e novidade do poeta pernambucano para os leitores atuais”, afirma.

Já Antônio Secchin, quando instigado a fazer alguma consideração final, escolhe por um clamor. "Uma vez  que Cabral dizia apreciar meu trabalho crítico sobre sua poesia, gostaria de que quem gosta da obra cabralina pudesse conhecer o que sobre ela escrevi, o que agora será possível graças à publicação da Cepe. Mas antes, ou paralelamente a isso, o fundamental é ler a própria obra dele", demanda o autor. 

Serviço:

Lançamento do livro João Cabral de ponta a ponta com bate-papo entre Antônio Carlos Secchin e Schneider Carpeggiani

Quando: 26 de agosto

Horário: 17h30, em live no canal da Cepe no YouTube

 

 

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